Capítulo 2

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TAYLOR SWIFT POINT OF VIEW

O homem continuava sorrindo para mim, e depois de um tempo percebi que era porque eu não parava de encará-lo. Parecia que quanto mais eu o olhava, mais bonito ele ficava. Ou era só minha mente me pregando peças depois de meses sem sair com homem nenhum.

- Então, sinto muito pela aparição repentina... - ele falou, descendo o olhar pelo meu corpo, o que me fez lembrar de novo que eu só usava uma toalha em volta dele.

Merda!

- Você provavelmente já deve ter ouvido falar de mim, eu costumo cuidar do chalé enquanto...

- Ah, sim! Você é o caseiro, então? - e eu pensava que ele seria um velho - Quer dizer, a pessoa responsável por cuidar daqui? Eu sei que você trabalha com outra coisa. - quanto mais eu falava, mais apertava a maldita toalha, como se ela magicamente pudesse me cobrir mais.

Ele obviamente já tinha percebido meu incômodo, mesmo não tendo culpa nenhuma, porque é claro que você não espera que alguém te receba na porta de casa não usando roupas.

- Ahn... Olha, nós podemos voltar outra hora, você parecia estar um pouco ocupa-

- Não! - a menininha protesta, chamando minha atenção. Eu havia esquecido completamente que ela estava ali - Eu nem entreguei os biscoitos a ela, papai. - ela faz um biquinho irresistível na direção do pai, e sinto meu coração derreter.

Meu Deus, esse homem absurdamente lindo tem uma filha, a esposa deve estar o esperando em casa e ele está na minha porta enquanto não estou vestindo nada além de uma toalha.

Por que eu não paro de pensar nessa toalha?

- Não precisam ir agora. - digo, dando um passo pra trás - Podem esperar aqui enquanto vou me vestir.

A menina se empulsiona para a frente, mas ele coloca uma mão em seu ombro.

- Eu... - ele começa.

- Eu insisto. - falo, sorrindo para ele, que então entra na sala junto da garotinha.

Vou para o quarto tão rápido quanto meus pés podem me levar, torcendo para não escorregar no molhadeiro que deixei pela casa.

Eu nem sei o nome do cara e deixei ele sozinho na sala.

Me apresso para vestir uma roupa, tento dar um jeito nos cabelos, e me olho no espelho. Não está nada mal, mas tenho a impressão de que essa franja já está um pouco grande demais. Eu provavelmente deveria tê-la cortado antes de vir para cá.

Decido deixar de pensar sobre minha aparência e ir de encontro aos meus visitantes. Essas com certeza vão ser as férias mais inusitadas da minha vida.

Quando chego na sala, encontro o homem-sem-nome ainda em pé, encostado ao lado da lareira, olhando o lado de fora pela janela, enquanto sua filha está sentada na poltrona, suas perninhas de criança balançando, os pés indo para frente e para trás calçados com galochas amarelas.

- Acho que agora finalmente podemos ter uma apresentação digna. - falo, me aproximando da lareira. Chego perto dele, estendendo minha mão na sua direção - Sou Taylor.

Ele me observa com aqueles olhos verdes, e tento não engolir em seco diante de seu olhar intenso.

- É um prazer conhecê-la, Taylor. Sou Travis. - ele diz, apertando minha mão estendida. E, por Deus, seus calos arranham minha pele de uma maneira que desejei que arranhasem outras partes do meu corpo.

A abstinência já está começando a afetar meus pensamentos.

- E aquela ali. - ele continua, olhando na direção da menina. Ela me encara com um sorriso no rosto, sendo facilmente uma das crianças mais fofas e simpáticas que já vi - É a minha filha, Annie.

A adorável garotinha se levanta após ser apresentada, e me estende pela segunda vez a caixinha que trouxe. Quando se aproxima mais de mim, consigo ver melhor seu rosto, emoldurado por fios de cabelo castanho claros. Ela tem pequenas sardas espalhadas nas bochechas, e seus olhos de um verde quase idêntico ao de Travis. Não parece ter mais do que sete anos, e mesmo sem conhecê-la já sei que é esperta demais para a idade, além de falar extraordinariamente bem. E o mais impressionante de tudo, ela é uma criança alta pra caramba.

- Fiz pra você. - ela diz, e finalmente pego a caixa de suas mãos - São biscoitos de natal!

- Ah, muito obrigada. Você gosta de cozinhar? - ela dá de ombros.

- Só coisas gostosas.

Não consigo evitar a risada que sai de meus lábios, e quando olho para cima, me deparo com Travis me encarando atentamente.

- Não sei por quê, mas tenho a impressão de que já a vi em algum lugar.

- É mesmo? - não sei se tiro proveito da situação, porque ultimamente é muito difícil me encontrar com alguém que não me reconheça logo de cara. Geralmente, todos sabem quem sou. O que nem sempre é bom.

- É... Enfim, temos que ir, acho que já está ficando um pouco tarde...

- Mas nem está escuro lá fora, papai. - Annie fala, e rio baixinho. Ela com certeza tem cara de que dá trabalho ao pobre homem.

- Vamos embora mesmo assim, querida. Tenho certeza que a Taylor iria descansar antes de batermos na porta dela. - Travis fala lá arrastando a garota para a porta, e a única coisa que me resta fazer é segui-los até lá.

Giro a maçaneta, e antes que saiam, Travis se vira para mim.

- Não sei por quanto tempo vai ficar, mas qualquer coisa, pode contar comigo. - ele diz, depois procura algo no bolso de sua calça, me dando um pequeno pedaço de papel em seguida - Esse é o meu número, para o caso de alguma emergência, mas minha casa não fica longe daqui. É só andar reto nessa direção - aponta com o dedo - e vai encontrá-la.

Será que ele faz a mesma coisa para todas as pessoas que se hospedam aqui?

- Entendi. Muito obrigada, Travis.

- Tchauzinho, Taylor! - antes que eu perceba, Annie pula em cima de mim, me abraçando forte, e quando me abaixo para abraçá-la melhor, ela começa a falar baixo perto do meu ouvido - Você vai morar aqui pra sempre? Meu pai é um chato às vezes, e eu queria muito que ele tivesse uma amiga legal, e não a Kate.

- Annie, por Deus, solte a moça e vamos embora. - ouço a voz de Travis, mas tanto eu quanto a menina o ignoramos.

- Então, Kate é a amiga do seu pai? - tenho a impressão de que estou quase sussurrando. A menina assente - Por que não gosta dela, lindinha? - com minha mão direita, tiro alguns fios de cabelo de seu rosto, e os coloco atrás da sua orelha.

- Porque ela é uma chata, e desde que a mamãe foi embora, não quer mais desgrudar do meu pai. - quase rio pela forma como ela chega mais perto e sussurra as palavras no meu ouvido, como se estivesse contando um segredo muito importante.

Eu até queria que a conversa durasse um pouco mais, até porque agora estou morrendo de curiosidade, mas Travis se aproxima e coloca a mão no ombro da filha.

- Annie, nós já vamos.

- Tá bom. - ela fala antes de se levantar - Tchau de novo, Taylor.

- Tchauzinho, Annie. - digo, e ela sorri.

Quando os dois vão embora, tento me lembrar do que com certeza havia planejado fazer, mas que já esqueci. Por algum motivo, não consigo me impedir de sentir um vazio ao sentar no sofá e olhar ao redor.

Assim como não consigo me impedir de pensar no que a garotinha havia me falado.



Just Like, Magic | TayvisOnde histórias criam vida. Descubra agora