Capítulo 8

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TRAVIS KELCE POINT OF VIEW

- Vai embora. A Annie pode voltar, e quando ela fizer, eu espero que você já tenha dado o fora daqui.

- Você não pode ficar ignorando isso...

Me aproximei dela, segurei um de seus braços e repeti o que havia falado.

- Vai. Embora. Se quiser conversar, pode voltar outro dia, em outra hora, mas agora eu quero que você dê meia volta, entre no seu carro caro e pegue o avião para voltar para de onde quer que tenha saído.

- Da última vez que estive aqui, resolvi algumas coisas, Travvy. - Ela ergue os dedos da outra mão cujo braço estava livre do meu aperto e os arrastou pelo meu antebraço, como uma carícia lenta. - Estou morando de novo aqui nos EUA. Surpresa! - exclamou antes de rir e começar a caminhar para longe. - Volto essa semana. Está avisado dessa vez.

Fechei a porta com um estrondo alto, e quando me virei para trás, Taylor não estava mais lá. Por um segundo uma espécie de pânico me atravessou, mas fui até o quarto de Annie e a encontrei penteando seus cabelos.

- O que a Kate queria, papai? - perguntou, e Taylor levantou o olhar até mim junto com ela.

- Ela queria falar sobre umas coisas chatas de adulto, nada com que você deva se preocupar. - caminhei até a sua cama e me sentei, enquanto Taylor ainda passava a escova em seus cabelos lavados e livres da farinha. - Não vai mais comer?

- Não, vou dormir. Taylor, você pode ficar e me esperar dormir junto com o meu pai?

Olhei para Taylor, e a forma como ela encarava Annie fez meu coração bater mais rápido.

- É claro que posso, meu amor.

Minha filha se acomodou no colchão, eu sentado próximo ao travesseiro e Taylor logo depois, e Annie começou a tagarelar sobre tudo o que havia acontecido hoje, e então chegou nos a acontecimentos finais.

- Annelise. - Imitou o jeito que Kate pronunciou seu nome, e a mulher ao meu lado não conseguiu segurar a risada.

- Ah, Annie, mas é um nome lindo... E eu nem sabia que seu nome não era só Annie. Você não gosta?

- Gosto de Annie, e também gosto de Annelise, mas eu não gosto do jeito que ela fala o meu nome.

Depois de mais alguns minutos, não demorou muito para que ela finalmente pegasse no sono, então Taylor e eu saímos do quarto em silêncio.

- Então... Você vai explicar o que foi aquilo? Eu... Eu pensava que sua esposa tinha morrido, a mãe da Annie...

Nós nos sentamos na sala, e me deixei jogar na poltrona.

- Eu era casado, minha esposa faleceu há quase três anos, e ela era, sim, a mãe da Annelise. Uma mãe incrível. Mas... Não foi ela quem deu à luz a minha filha.

"Miranda e eu começamos a nos aproximar ainda na adolescência, mas eramos apenas amigos. Os anos foram passando, e nunca saímos disso. Quando me mudei para Kansas City com a família, já com vinte e tantos anos, conheci Katherine Clarenth. No início, éramos amigos que tinham alguns benefícios, e ela viajava bastante para a Europa, então não nos víamos com tanta frequência. Até que, um ano, ela teve uma estadia maior em Kansas City.

"Não sei muito bem se posso chamar de namoro o relacionamento que tivemos, mas ela engravidou. Eu tinha 28 anos, já era um adulto, independente, e fiquei feliz. Muito feliz. Mas Kate era um pouco mais nova, estava prestes a completar 22 anos, e não se empolgou muito com a notícia. Ela não queria nada sério, sua família tem dinheiro e ela queria aproveitar, provavelmente casar depois dos 30 com algum europeu e então pensar em ter filhos.

"Ela escondeu a gravidez de sua família, porque não queria envergonhá-los, então nós viemos para cá. A Miranda continuava sendo minha melhor amiga, e vinha algumas vezes nos visitar. Kate e ela até que se davam bem, mas quando Annie nasceu e Katherine foi embora para a Europa com menos de um mês após o nascimento da própria filha, eu tenho quase certeza de que Miranda passou a odiá-la. A Katherine disse que não iria considerar Annie como filha, e que eu não deveria procurá-la.

"Miranda foi quem me ajudou nos primeiros meses de vida da minha filha. Sem ela, eu não teria conseguido. Minha família também me ajudou muito, e sou eternamente grato por isso, mas eles ainda viviam em Kansas City, e com a paz que encontrei aqui, não quis voltar para lá. Nas vésperas de Annie completar seu primeiro ano de vida, Miranda e eu já tínhamos percebido que nossa amizade havia se transformado em algo mais há semanas, e então, nos casamos. Annelise nunca conheceu mãe alguma que não fosse ela."

Assim que terminei de falar, olhei para Taylor, e fiquei surpreso quando a vi chorando.

- Você é um pai incrível para a Annie. Ela tem uma sorte imensa de ter você como pai, e eu tenho certeza que a mãe dela cuidou dela com mais amor e carinho do que a mulher que a abandonou sequer poderia ser capaz. - Taylor falou, se levantando e colando seus lábios nos meus.

O beijo não passou de um selinho, já que nenhum de nós o aprofundou. No entanto, quando ela afastou sua boca e me olhou nos olhos, a puxei para se sentar no braço da poltrona, ao meu lado, e a abracei com força.

- Como foi que ela... - Taylor começou, hesitante, e a respondi, entendendo sua pergunta.

- Ela estava grávida. Teve algumas complicações, e... os dois se foram.

Taylor não conseguia ver meu rosto da posição que estávamos agora, mas ela se aconchegou em mim, nossos dedos entrelaçados.

- Não quero ter que ir embora sozinha.

- Não quero que vá. - falei, e beijei o topo de seus cabelos.

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😭😭😭😭😭

Just Like, Magic | TayvisOnde histórias criam vida. Descubra agora