2. guerra de fraldas e mamadeiras

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Hoje, para o meu desespero, serei babá de Sunhye. Pela primeira vez.

É de conhecimento geral que eu não sou o melhor exemplo de paternidade. Aceitei meu destino de ser um pai de vinte coelhos correndo soltos pelo meu futuro quintal, roendo meus móveis e carregadores. Estou bem com isso. De verdade.

Sunhye tem um ano e alguns meses que não me importei em contar, mas sei que é nessa idade que eles começam a ser um verdadeiro terror. Eles já têm noção da existência e funcionalidade de suas mãos e, com alguma coordenação motora, querem pegar em tudo; puxar; colocar na boca... Sem falar que babam; mordem; gritam. E eu me canso em apenas imaginar ter que lidar com um pequeno ser humano engatinhando pela minha casa e precisar protegê-lo de si mesmo.

Não me entenda mal, não sinto qualquer tipo de repúdio por eles. Acho adoráveis, quando estão longe de mim e não preciso segurá-los. Eu apenas... não sou o tipo paternal e não tenho experiências com crianças.

Mas agora eu estava prestes a cuidar de uma por umas boas horas, o que me deixa terrivelmente apavorado e certo de que seria um completo desastre.

Eu só preciso mantê-la viva, certo? Quão difícil isso pode ser?

Ouço o barulho da campainha e respiro fundo, temendo pelo futuro que me aguarda enquanto vou ao seu encontro. Solto o ar pela boca, criando coragem, e então coloco um sorriso enorme de puro desespero na cara quando abro a porta.

Quando os olhos de Jimin encontram os meus, sua primeira reação é erguer uma sobrancelha, confuso com o que vê. Assim que eu abro a boca para cumprimentá-lo apropriadamente, ele me corta sem mesmo dizer uma palavra, apenas erguendo sua palma em direção ao meu rosto e desviando de meu corpo ao adentrar minha casa com sua filha no colo.

— Bom dia pra você também... — Digo num tom de indireta, magoado pela falta de uma saudação educada.

— Vai no carro e pega o resto das coisas dela, por favor? — Pede, tirando a bolsa rosa enorme dos seus ombros e a colocando sobre o sofá, às pressas. — Estou atrasado, Jungkook! Não tenho tempo nem para perguntar o que diabos você está vestindo.

— Um terno, ué! — Exclamo em obviedade, obedecendo-o seguida, agradecendo aos céus que meu apartamento fica no térreo, assim eu não precisaria subir escadas com aquele tanto de tralha que estavam no porta malas, as quais eu nem sabia para quê serviam.

Pego tudo e fecho a porta do bagageiro, voltando para casa e colocando as coisas em algum cantinho.

— Por que está usando um terno? — Jimin me assusta ao aparecer sem aviso, sacudindo uma mamadeira, e eu não entendo o que ele quer dizer.

Por que não usar um terno?

Eu fico lindo de terno.

— Por que não usar um terno? — Respondo sua pergunta com uma outra pergunta, sentando confortavelmente no sofá. — Eu queria causar uma boa impressão nela. Fico lindo com esse blazer azul. Pareço um homem de negócios.

— Ela tem pouco mais de um ano, não vai se lembrar desse dia, Jungkook. E ela já te conhece. — Jimin diz, me fazendo revirar os olhos. — Tenho que ir agora, você vai dar a mamadeira pra ela, tá bom? O leite já está pronto e em boa temperatura.

— Esse leite vem da onde? Tem gosto bom?

— Geralmente é fórmula. Sunhye começou a tomar recentemente, já que Eunji e eu ainda não estamos bem e não nos vemos muito, então é mais fácil de fazer. Mas esse aqui é leite materno mesmo. Dura bastante tempo na geladeira. — Explica. — O gosto é normal. De leite de peito. Por quê? Quer provar? Eu arranjo.

Flor Selvagem • jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora