anéis de plástico

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— Da onde você tirou essa ideia?! Você não tem namorado nenhum, Jungkook. — Meu pai repetiu, com a voz que denunciava o quanto ele estava se divertindo com aquela situação. Apenas ele e minha mãe, Yori, achavam graça em tudo aquilo, porque eu estava absolutamente indignado. — Você só tem oito anos, menino.

Com um enorme bico aborrecido no rosto, eu insisti:

— Eu tenho um namorado sim, papai! Eu tenho! — Bati meus pés no chão, não gostando nada de estar sendo contrariado.

Mamãe se balançava na rede da varanda, completamente despreocupada com a chuva fraca, enquanto papai e eu estávamos sentados na escada de entrada. Eu segurava uma pequena flor vermelha em minhas mãos, esperando poder presentear Jimin com ela.

— E quem é esse teu namorado, Jungkook? — Minha mãe perguntou, ainda com aquele tom de falsa crença que tanto me aborrecia.

— Jimin! — Revelei, orgulhoso, mas voltando a ter um bico enorme em meu rosto quando a ouvi gargalhar. — Jimin é meu namorado! Ele é!

Então, antes que meu pai pudesse me contrariar outra vez, ele chegou. Seu corpinho era coberto por uma capa de chuva amarela com um capuz de mesma cor e um pequeno guarda-chuva vermelho o protegendo da garoa. Suas botas eram cor-de-rosa, o mesmo tom de suas bochechas adoráveis e de seu pequeno nariz de botão, afetados pelo frio.

— Olá, Senhor e Senhora Jeon! — Ele cumprimentou com a voz macia de sempre, se curvando para os dois educadamente. Jimin sorria, o que fez minha carranca sumir no mesmo momento que o notei. — Vim buscar o Tchuco pra gente brincar na minha casa...

— Hyung! — Exclamei, feliz por sua presença, indo correndo abraçá-lo, não me importando em me molhar pelo guarda-chuva não caber nós dois direito, o que minha mãe percebeu e logo sugeriu:

— Espera que eu vou pegar um guarda-chuva pra você, Jungkook.

— Não precisa, Senhora Jeon! — Jimin se apressou para negar, me apertando em seus braços e fazendo o espaço antes limitado ser perfeito para nós dois. — Eu moro logo ali. Se a gente se apertar bem, cabe os dois e a gente chega rapidinho!

Por sermos vizinhos, de fato, Jimin morava bem perto de mim... Tipo, só três casas longe. E por isso mamãe concordou, mandando a gente se apressar pois a chuva parecia querer ficar pior, então nós concordamos, ainda abraçadinhos.

— Senhora Jeon, se ficar muito tarde e ainda estiver chovendo, o Tchuco pode dormir lá em casa? — Ouvindo Jimin perguntar, me apertei um pouco mais em seu corpo, gostando da proposta e do calor que quebrava aquela brisa fria. — Por favorzinho?

— Não sei não, Senhor Park... — Dessa vez, meu pai é quem responde.

Eu ri baixinho pelo jeito que ele chamou Jimin, sabendo que era uma provocaçãozinha ao jeito desnecessariamente educado que Jimin insistia em se referir aos meus pais. Sempre pelo sobrenome da família, nunca por tio ou tia, como eles pediam para serem chamados.

— Com essa chuva toda provavelmente vai trovoar mais tarde e ele tem medo, não quero que dê trabalho aos seus pais quando começar a chorar no meio da noite. — Papai lembrou, me fazendo repensar um pouco mais aquela decisão, sentindo medo dos trovões antecipadamente.

— Não tem problema, Senhor Jeon. Eu protejo ele!

Ele me protege! Pensei com entusiasmo, certo de que os trovões não seriam mais um problema naquela noite.

— Tem certeza que quer ir, Jungkook? — Mamãe me perguntou com a voz carinhosa, e sem hesitar eu assenti, seguro. — Então pode. Se ficar com muito medo, liga pra gente que vamos te buscar, tá bom?

Flor Selvagem • jjk+pjmOnde histórias criam vida. Descubra agora