— Você tem certeza que é assim que se retira os espinhos? — Taehyung pergunta, sentado de frente para mim na cadeira do outro lado da mesa, observando com um semblante preocupado a maneira pouco cuidadosa que corto as rebarbas espinhentas das rosas vermelhas que usarei para montar um buquê, usando um alicate próprio para isso. — Meu oitavo sentido me diz que você está sendo um pouco bruto demais...
— Se concentre em terminar de escrever o cartão e deixe que das rosas cuido eu, tudo bem?
— Você que manda, Chefe. — Ele ergue as mãos em rendição, tentando obedecer o comando em seguida, mas perde o foco em poucos segundos. — Caramba, você tinha razão sobre o amante da Dona Ângela. Ele escreve tão bem que eu nem consigo julgar ela por ter se rendido aos encantos desse cara e pulado a cerca... Ele é um poeta do caralho. E estranhamente bom detalhando genitálias.
— Pois é.
— Você não acha fofo que ele mande flores toda semana e se dedique tanto para escrever poemas de amor? Deve realmente ser louco por ela. — Dou de ombros. — Meus sentimentos ao Sr. Corno, claro! Competir com um mestre da sedução não deve ser fácil...
— É. Com toda certeza. Estamos lidando com o último romântico do mundo na pele de um amante fervoroso.
Minha resposta, assim como todas as outras dadas ao longo do expediente, soa sarcasticamente grosseira, mas prometo que não é intencional. Eu não estou agindo como um pau no cu de propósito. É apenas um mau-humor insistente que vem me acompanhando há uns dias, o que eu sei que me deixa insuportável de se conviver. Por isso, tento focar em meu trabalho, cortando qualquer uma das tentativas de Taehyung de manter uma conversa decente.
Mas em meio a cortes um tanto agressivos aos caules espinhosos, ele parece ter alcançado seu limite.
— Sério, Jungkook, o que há com você, hein? Está mutilando a pobre coitada da flor há minutos, e eu duvido muito que ela tenha feito algum mal para te deixar com essa cara de quem comeu e não gostou. O que aconteceu para você estar agindo desse jeito hoje?
— Nada! Eu estou perfeitamente bem! — Minto, na defensiva. — Só estou pensando numa série que eu assisto e não gostei do final da temporada nova. Só isso.
— Meu décimo primeiro sentido me diz que você está mentindo.
— Quantos caralhos de sentidos você tem?!
Nesse momento, meu celular vibra sobre a mesa cheia de itens de papelaria e folhas soltas, exibindo pela tela de bloqueio as várias mensagens não lidas vindas de Jimin. E é claro que Taehyung nota, apontando com o queixo antes de certeiramente perguntar:
— Tem alguma coisa a ver com ele?
Desde a quase-confissão interrompida pela ligação indesejada, eu estou dando o meu máximo para evitar Jimin. Ele não me deve nada, somos apenas amigos, eu sei. Ele não tem culpa dos meus sentimentos e não merece ser afetado por algo que sequer tem ciência de estar acontecendo. Mas ainda assim, me sinto frustrado pela quebra das minhas próprias expectativas e não consigo controlar o que meu coração sente. Nunca pude.
Pensar neles se aproximando faz minha mente paranóica e extremista pensar que é apenas questão de tempo para estarem juntos como um casal novamente, e sei que contra isso não tenho chances. Não posso competir com um amor de anos. E, mesmo que egoísta, eu preciso de espaço para colocar meus pensamentos no lugar e finalmente entender que reciprocidade não é algo que posso ter.
Eu preciso superá-lo de uma vez. Dar um fim a tudo isso. Mas não consigo fazer isso com ele tão perto, me dizendo todas aquelas coisas carinhosas que só me fazem apaixonar mais e mais por ele, e me dão esperanças de um amor mútuo.
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Flor Selvagem • jjk+pjm
Humor[CONCLUÍDA] LIVRO FÍSICO PELA EDITORA VIOLETA 🌼 Entre castelos de areia e fantasias de pirata, sentimentos foram desabrochando no coraçãozinho do pequeno Jeon, amando seu melhor amigo, Park Jimin, durante toda a infância e juventude. Sem coragem p...