Capítulo 5 - O aviso

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O sol começava a tingir o céu de tons alaranjados quando Pedro Bala despertou no Trapiche dos Capitães da Areia. Seus olhos se abriram, e, ao lado de seu lugar de seu quarto improvisado, encontrou a concha dourada que as Damas de Salvador haviam deixado como desafio. Um silêncio tenso se espalhou pelo Trapiche quando Pedro Bala apareceu onde os outros garotos acordavam, com a concha na mão os demais Capitães também percebiam a presença intrusiva daquela concha que vários já sabiam o significado.

"O que diabos é isso?" Gato exclamou, pegando a concha com um olhar perplexo.

Pedro Bala, com a testa franzida, analisava o objeto em suas mãos. "É um aviso. As Damas de Salvador estiveram aqui enquanto dormíamos. Elas entraram sem que ninguém percebesse."- Ele olhara irritado para Volta Seca que parecia ter visto um fantasma enquanto Bala se aproximava.

Professor, sempre ponderado, observou a concha com um olhar analítico. "Isso mostra que subestimamos essas garotas. Precisamos ser mais cautelosos e antecipar movimentos."- Professor apareceu ficando ao lado de Bala para que o mesmo não fizesse  nada que poderia se arrepender depois com Volta Seca

" Como é que elas entraram aqui Volta Seca?!"- Ele sacudira a concha em sua mão na frente do rosto do garoto que estava de vigia- " Tu tem ideia que isso foi parar no meu lado, enquanto eu dormia!"

O garoto assustado negara com a cabeça, Volta Seca então começara a falar. "Bala, ninguém entrou aqui não, não vi ninguém! Tô dizendo"- O garoto diz firmemente mas Professor ri ao notar a boca do mesmo borrada com batom, outro aviso

" Aé? tem certeza? e essa tua boca ai com batom, elas te distraíram enquanto outra entrava, é isso!"- Pedro bala jogara a concha no chão e andará até a praia irritado, o mesmo passava as mãos pela cabeça onde o cabelo que recém crescia ainda desde a última vez que no reformatório passaram a maquina

" Sabe o que tudo isso quer dizer? Primeiro é que elas não tem medo, elas entraram aqui sabendo onde se metiam, segundo é que chamaram a gente de idiotas por ter uma segurança tão ruim e o terceiro é que elas deixaram bem claro que são tolos por se deixarem levar por um rabo de saia!"- O garoto gritara pela primeira vez no ano com os garotos, que de cabeça baixa escutavam, mas é claro que ele também gritara para si mesmo, porque ele mesmo estava irritado por não ter escutado ninguém se aproximar.

Com uma mistura de ressentimento e desafio, os Capitães da Areia planejavam sua resposta aos ousados movimentos das Damas de Salvador. Enquanto a cidade dormia, as duas gangues travavam uma batalha nas sombras, onde a astúcia e a ousadia se entrelaçavam em uma dança perigosa nas ruas de Salvador.

A atmosfera no Trapiche dos Capitães da Areia estava impregnada de tensão e determinação. Pedro Bala e seus companheiros estavam decididos a descobrir mais sobre as Damas de Salvador, entender suas motivações e, mais importante, neutralizar a ameaça que representavam para a reputação dos Capitães.

Professor mergulhou em uma investigação meticulosa, usando sua habilidade peculiar para coletar informações. Após dias de pesquisa e observação discreta, ele finalmente encontrou uma pista que poderia levar os Capitães da Areia ao esconderijo das Damas de Salvador. Um lugar abandonado não muito distante do Trapiche onde verá sempre uma garotinha de uns 10 anos loira entrar voltando da igreja.

Se tratara de Alice, que com a ajuda do Padre estudara algumas coisas que se aprende na escola por grande insistência de Serena e do próprio Padre. Reunidos em uma roda improvisada, os Capitães da Areia ouviam atentamente enquanto Professor compartilhava suas descobertas. "Aparentemente, elas se escondem em uma casa abandonada não muito longe daqui. Precisamos ser astutos e aproveitar essa informação ao nosso favor."

"Como é que tu soube?"- Perguntou Sem Pernas desconfiado e então Professor disse que ele junto com Gato e Bala ficaram olhando as casas a redor e notaram uma movimentação de garotas na casa abandonada.

Gato, sempre prático, sugeriu: "Vamos mostrar para essas garotas que conhecemos o jogo delas. Pegamos um Lírio, como elas chamam a líder delas durante os furtos, e deixamos na porta da casa abandonada junto com um monte de areia. Uma mensagem bem clara."- os garotos pareciam gostar da ideia, quando Sem Pernas ia questionar o mesmo ele já cortara o garoto na hora "Calma Sem Pernas, eu sei que é Lírio porque minha Dalva disse que antes um dos homens que passavam lá deixou escapar o nome na qual a líder delas dizia se chamar, para não falar o nome de verdade"- ele explica ao garoto que assente

Pedro Bala, com um sorriso sutil, concordou com a ideia. "Isso vai confundi elas e mostra que a gente ta um passo na frente."

A operação foi planejada com cuidado. Na calada da noite, os Capitães da Areia se aproximaram da casa abandonada, cada passo tomado com discrição e precisão. Gato segurava um lírio recém-colhido, enquanto Zé Fuinha carregava um monte de areia nas mãos calejadas.

Com a casa silenciosa diante deles, Gato colocou o lírio na porta, e Zé Fuinha espalhou a areia ao redor. Uma mensagem visual que ecoava o conhecimento dos Capitães sobre as atividades das Damas de Salvador, porém como todo gato, nem sempre se é discreto, e Serena escutara da sala onde estava a ler um livro para contar na noite seguinte para as meninas o barulho de sapatos, que eram os que Gato ganhara novos de Dalva, quando ambos pularam o muro e então ela expiará pela fresta da janela os dois garotos se afastando da casa.

No mesmo instante logo após eles desaparecerem Pedro bala passará vindo do outro lado para averiguar se seus amigos não estariam encrencados, mas ele não vera nada mais na porta da casa, e então se questionará se eles haviam já feito a missão. Mas se tratara de Serena que pegara o Lírio minutos antes de Bala passar pela rua e a mesma tambem assoprara toda areia para fora.

A inquietação cresceu dentro de Pedro, e ele acelerou o passo em direção ao Trapiche dos Capitães da Areia. Ao entrar, deparou-se com Gato e Zé Fuinha, que compartilhavam olhares ainda nervosos.

"O que aconteceu? Cadê o lírio e a areia que vocês deveriam ter deixado na casa das Damas de Salvador?" Pedro Bala perguntou, a voz carregada de impaciência.

Gato trocou um olhar rápido com Zé Fuinha antes de responder: "Pedro, a gente fez tudo certo. Colocamos o lírio e espalhamos a areia. Não tô entendendo tu."

A perplexidade tomou conta do grupo, mas Pedro Bala não estava convencido. "Vocês têm certeza de que fizeram o trabalho direito?"

Gato assentiu com firmeza. "Tenho certeza, Pedro. Fizemos tudo como mandou."

A expressão de Pedro Bala tornou-se pensativa. "Então, alguém dentro da casa deve ter notado vocês lá, alguém devia estar acordado, alguma coisa deu errado."- ele dizia irritado e tenso

O silêncio se estabeleceu no Trapiche, e a tensão era palpável. Pedro Bala, ao analisar a situação, voltou-se para Gato com uma acusação sutil: "E por que você foi com sapatos? Devia ter feito isso descalços para não fazer barulho."

Gato, surpreso com a sugestão, defendeu-se: "Não achei que fosse fazer tanta diferença, Pedro."

A voz do líder dos Capitães da Areia tornou-se mais dura. "Na próxima missão você tá fora."- e sairá para ver o mar irritado, antes de voltar para dentro do Trapiche logo após todos irem dormir. O mesmo mandara desta vez, quatro dos capitães da Areia ficarem de vigia, um em cada canto das paredes do Trapiche velho e abandonado.

Entre Mares e Amar - Pedro BalaOnde histórias criam vida. Descubra agora