Capítulo 9 - A União

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Narradora

O luar iluminava fracamente a praia, pintando reflexos prateados nas ondas suaves. Pietra e Alice caminhavam pela areia, absorvidas pela tranquilidade da noite. No entanto, o silêncio logo foi quebrado quando Ezequiel e sua gangue emergiram das sombras, interrompendo a paz que envolvia as duas amigas.

"Onde as bonitinhas estão indo em?" - Exclamou o garoto as seguindo. Ezequiel, com sua expressão sombria e um grupo de seguidores igualmente sinistros, fechou o caminho de Pietra e Alice. O desconforto no ar era palpável quando a gangue ameaçadora cercou as duas garotas, Alice sendo o foco de sua atenção.

Ezequiel e sua gangue descobriram a identidade das garotas através de muita observação, e de algumas bocas soltas de pessoas que já haviam feito negócios com as damas, e que por destino, agora estavam no foco dos garotos.

As palavras afiadas de Ezequiel ecoaram na noite enquanto ele expressava suas intenções sombrias. Em um instante, Alice se viu separada de Pietra, arrastada para a escuridão pelos membros da gangue de Ezequiel.

Desesperada, Pietra não hesitou e correu freneticamente para longe da ameaça iminente. Seus passos apressados ecoavam pelas ruas desertas enquanto ela buscava as outras garotas, a urgência em seu peito impulsionando-a adiante.

Pietra chegou até o esconderijo das Damas de Salvador, ofegante e aflita, para dar o alarme sobre o sequestro de Alice por Ezequiel e sua gangue. As garotas, mesmo surpresas pela notícia, imediatamente se uniram em uma mistura de preocupação e determinação.

A notícia do sequestro espalhou-se entre as Damas de Salvador como fogo em capim seco. Serena, Vitória e as demais, movidas pela lealdade e pela solidariedade, começaram a traçar planos rápidos para enfrentar a ameaça e resgatar Alice. 

A noite, antes calma, transformou-se em um campo de batalha invisível, onde a coragem das Damas de Salvador seria testada diante do desafio imposto pela gangue de Ezequiel. A noite caía silenciosa sobre o Trapiche dos Capitães da Areia, enquanto Pirulito, encarregado de vigiar a entrada, permanecia atento às sombras que se moviam ao redor. Entretanto, a calma foi abruptamente interrompida quando uma presença furtiva emergiu das sombras.

As sombras conspiravam contra a paz noturna, e as ruas de Salvador se tornariam o palco onde destinos se entrelaçariam e batalhas seriam travadas por aquelas que se recusavam a aceitar o destino imposto pela escuridão.

Sem aviso, Ezequiel e sua gangue surgiram do escuro, movendo-se como fantasmas silenciosos. Antes que Pirulito pudesse reagir, mãos ágeis e implacáveis o envolveram, cobrindo-lhe a boca para abafar qualquer grito. A luta foi curta e silenciosa, e Pirulito logo se viu dominado pela força esmagadora dos sequestradores.

O Trapiche dos Capitães da Areia, um símbolo de resistência e lar para muitos marginalizados, tornou-se palco de uma traição cruel. Pirulito, o leal membro da gangue, foi arrastado para longe pela gangue de Ezequiel, desaparecendo na escuridão que engolia Salvador.

Pela madrugada na troca de turno quando era a vez de Sem-pernas tomar o lugar de vigia para pirulito, ele não encontrou ninguém lá, apenas um bilhete mau escrito fora encontrado no chão, enquanto a notícia do sequestro de Pirulito se espalhava entre os Capitães da Areia, uma nova tensão se instalava no Trapiche. Pedro Bala, sentiu o peso da responsabilidade e da urgência.

Serena

A brisa marinha acariciava suavemente minha pele enquanto caminhávamos pela praia, rumo ao Trapiche dos Capitães da Areia. A luz da lua cheia tingia a areia de um tom prateado, criando uma atmosfera de serenidade contrastante com a agitação que permeava as ruas de Salvador.

Eu estava com raiva, muita raiva, não culpava Pietra, afinal, ela não poderia se defender de tantos garotos assim, mas a raiva subia sobre minha pele e nem a brisa do mar poderia me acalmar neste momento, a única coisa que eu desejava era socar quantas vezes fosse possível  a cara daquele moleque até ele desmaiar.

"Pedro Bala!" Gritei, minha voz rompendo o silêncio noturno. Logo, as sombras do trapiche ganharam vida, e Pedro Bala apareceu, seus olhos encontrando os meus. Uma compreensão silenciosa passou entre nós, ele possuía o mesmo olhar que o meu.

"O que está acontecendo, Serena?" Pedro Bala perguntou, a preocupação marcando sua expressão, juntamente com a raiva que antes parecia o consumir.

"Alice foi sequestrada por Ezequiel", respondi, a gravidade da situação refletida em meus olhos. "Ezequiel planeja um confronto em uma estação de trem abandonada. Precisamos agir antes que seja tarde demais, ele passou esse recado por um bilhete que entregou para Pietra antes de sair."- fiz um sinal para a mesma entregar para pedro bala que me entregou o mesmo bilhete que eles haviam ganhado também.

Pedro Bala absorveu a informação, sua expressão mostrando a mesma preocupação que eu sentia. "Nós também perdemos o Pirulito. Parece que Ezequiel está tentando nos provocar."

Diante da urgência do momento, Pedro Bala e eu compreendemos que era hora de deixar as rivalidades temporárias de lado. Ambos os grupos se reuniram na praia, as conversas tensas e urgentes entrelaçando-se em um plano colaborativo para resgatar Alice e Pirulito, enfrentando a gangue de Ezequiel na estação de trem abandonada.

A praia silenciosa era nosso ponto de encontro improvável. Eu, Serena, líder das Damas de Salvador, encarava Pedro Bala, líder dos Capitães da Areia. A tensão no ar era palpável, mas a urgência da situação forçava uma colaboração que parecia estranha para ambos os lados.

"Então, qual é o plano? Precisamos agir rápido", disse Pedro Bala, seus olhos penetrantes buscando respostas em mim.

Assenti, consciente da gravidade da situação. "Ezequiel marcou um encontro em uma estação de trem abandonada. Se quisermos resgatar Alice e Pirulito, temos que nos antecipar a ele."

Zé Fuinha, dos Capitães da Areia, interveio, oferecendo suas habilidades nas ruas de Salvador. "Conhecemos bem os becos e atalhos. Podemos nos aproximar sem sermos detectados."

Vitória, da minha gangue, acrescentou: "Ezequiel certamente terá reforços. Precisamos distraí-los enquanto entramos."

Gato, representando os Capitães da Areia, sugeriu: "Podemos criar uma confusão entre um membro dos nossos e uma delas, em um ponto distante da estação. Isso vai chamar a atenção deles."

Professor então propôs- Eu posso criar uma briga falsa junto com vitória, isso vai distrair eles e vocês vão ter tempo de se organizarem na estação até eles chegarem lá

A discussão prosseguia, ideias surgiam e se entrelaçavam. A lua testemunhava o nascimento de uma aliança improvável entre Capitães da Areia e Damas de Salvador.Ao final, um plano se delineava. Olhei nos olhos de Pedro Bala, e ele reconheceu a determinação em meu olhar. 

"Vamos fazer isso. Juntos. Mas lembrem-se, assim que resgatarmos Alice e Pirulito, voltaremos a ser Capitães da Areia e vocês Damas de Salvador"- Evidenciou Pedro Bala

Concordei, ciente de que essa colaboração era temporária, mas necessária. "Entendido. Por enquanto, somos um só grupo."

À medida que as últimas palavras eram trocadas, Capitães da Areia e Damas de Salvador se preparavam para o embate iminente. Unidos pela urgência e pela causa comum, estávamos prontos para enfrentar Ezequiel e sua gangue, trazendo consigo a promessa de uma noite que poderia redefinir o equilíbrio de poder nas ruas de Salvador.

Entre Mares e Amar - Pedro BalaOnde histórias criam vida. Descubra agora