Capítulo 10 - A Confusão

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Serena

A noite caía sobre Salvador quando Pedro Bala e eu começamos a caminhar em direção à estação de trem abandonada. Nossos passos ressoavam nas ruas vazias, enquanto os membros de nossas gangues nos seguiam, mantendo uma distância respeitosa.

Enquanto as luzes da cidade cintilavam ao nosso redor, Pedro Bala lançou-me um olhar, seus olhos profundos capturando a luz fraca. "É engraçado, não é?" ele começou, um toque de ironia em sua voz. "Capitães da Areia e Damas de Salvador lado a lado."

Sorri, respondendo com um toque de desafio. "A noite nos reserva surpresas, não é? Quem sabe o que mais pode acontecer..."

Pedro Bala riu, um som suave que se misturava à brisa noturna. "Talvez os Santos estejam conspirando a nosso favor esta noite. Quem sabe o que pode acontecer quando as gangues mais temidas de Salvador se unem?"

Continuamos a caminhar, as sombras nos envolvendo. Pedro Bala se aproximou, nossos passos sincronizados.

"Serena," ele murmurou, a voz mais suave agora, "não posso negar que esta noite, mesmo em meio à confusão, tem algo de diferente."

Arqueei a sobrancelha, provocando-o de volta. "Diferente? Ou perigoso?"

"Um pouco dos dois, talvez," ele admitiu, os olhos fixos nos meus. "Mas às vezes, é na beira do perigo que encontramos nosso futuro."

A tensão no ar era notável, carregada com a eletricidade da noite e a incerteza que se desenrolava diante de nós. O som dos passos dos membros de nossas gangues ecoava como um lembrete constante do desafio iminente.

"Eu já te disse o quanto você é bonita?"- Pedro Bala quebrou nosso silêncio e os múrmuros de conversas atrás de nós parou, eles haviam escutado, Bala disse alto de propósito

"Já, naquela noite no bar você me fez questão de me lembrar várias vezes, mas obrigada Pedro Bala"- Disse o provocando e dando leves tapinhas em seu peito nu

Continuamos a caminhar pela noite, as estrelas acima de nós testemunhando o encontro improvável de dois líderes de gangues rivais, unidos temporariamente por uma causa comum. O destino, como as estrelas acima, traçava seu curso imprevisível naquela noite em Salvador.

A noite envolvia Salvador, e as sombras escondiam nossos movimentos quando os Capitães da Areia e eu nos posicionamos furtivamente nas imediações da estação de trem abandonada. O silêncio pesado da noite era interrompido apenas pelos sussurros abafados dos membros de nossas gangues, seguindo as instruções do plano cuidadosamente elaborado.

Pedro Bala e eu, como líderes, ficamos mais à frente, prontos para enfrentar Ezequiel e sua gangue. Os membros das gangues se espalharam, agachando-se nas sombras, esperando pacientemente o momento certo para agir.

A espera prolongada começou a pesar sobre nós, e eu sentia a tensão se acumulando. Cada segundo de silêncio era um eco da incerteza iminente. Olhei para Pedro Bala, e ele percebeu a inquietação em meus olhos. Antes que eu pudesse dizer algo, Pedro levantou uma mão, pedindo silêncio. A tensão no ar aumentava, enquanto esperávamos pacientemente por qualquer sinal da gangue de Ezequiel.

Os minutos pareciam se estender infinitamente, e a ansiedade começou a me consumir. Minhas mãos, sem que eu percebesse, começaram a tremer de nervosismo. Tentando controlar a agitação, eu as agitava ansiosamente.

Pedro Bala notou minha agonia e, suavemente, segurou uma de minhas mãos, entrelaçando nossos dedos. Seu toque transmitiu uma sensação de calma, e eu o encarei, grata por sua presença reconfortante. Ele lançou-me um olhar tranquilizador, silenciosamente reafirmando que estávamos juntos nessa empreitada arriscada.

Ainda esperávamos, mas agora, com Pedro Bala ao meu lado, enfrentar o desconhecido parecia menos assustador. A espera, antes carregada de ansiedade, tornou-se um momento compartilhado entre líderes cujas mãos entrelaçadas representavam uma aliança temporária em meio ao caos das ruas de Salvador.

[...]

Narradora

Enquanto isso Vitória e Professor se dirigiam para um pouco perto de onde avistaram a gangue de Ezequiel indo em direção a estação de trem abandonada, então eles largaram as mãos dadas e Vitória arrumou o cabelo antes bagunçado por professor após eles ficarem por muito tempo nos becos fazendo coisas de adultos.

Professor e Vitória, afastados da estação de trem abandonada, começaram a encenar uma briga falsa entre dois membros das gangues. Escolheram uma rua deserta, suficientemente longe para não chamar a atenção desnecessária, mas próxima o bastante para atrair a curiosidade da gangue de Ezequiel, que se aproximava pela esquina.

"Esta pronta?" - professor sussurrou para Vitória que assentiu e então ambos deram inicio ao plano de distração

Um membro dos Capitães da Areia e uma das Damas de Salvador, previamente orientados, iniciaram uma discussão acalorada. Os gritos e xingamentos ecoavam pela rua vazia, criando a ilusão convincente de uma briga autêntica.

"Você é uma traidora! Não posso acreditar que você meteria ria a gente nisso!" - Exclamou o Professor

Vitória logo rebateu - "Traidora? Olha quem fala! Você deveria cuidar melhor dos seus!"

Professor e Vitória, agora distantes, observavam os passos rápidos da gangue de Ezequiel que diminuíram, atraídos pela promessa de um confronto real.

Professor riu cínico- "Foi você quem nos trouxe toda essa confusão! Não aguento mais suas decisões impulsivas!"

Vitória deu um passo em sua direção apontando o dedo indicador ao mesmo- "Impulsivo é você! Se soubesse cuidar deles, não estaríamos nessa situação!"

A gangue rival, ao avistar a tumultuada encenação, diminuiu o passo, curiosa para assistir à briga supostamente genuína. A falsa disputa ganhava intensidade, cada acusação sendo proferida com teatralidade.

"Seu egoísta! Seu desleixado!"- Vitória xingou se afastando

"Você não sabe de nada! É incompetente!" - Rebatou Professor se afastando também

Os espectadores fictícios da briga começaram a se envolver, escolhendo lados e incitando os dois atores a se acusarem mutuamente sobre os sequestros. A tensão crescia, exatamente como Professor e Vitória planejaram. Momentaneamente, a gangue de Ezequiel estava distraída pela encenação, desviando a atenção da verdadeira ameaça que aguardava na estação de trem.

Enquanto vitória se afastou saindo mostrando o dedo do meio ao professor, ela entrara em um beco e professor também, e ambos se encontraram ligando caminho entre eles, e logo viram a gangue de Ezequiel partindo novamente até a estação abandonada mas desta vez distraídos e comentando sobre o que acabará de ver.

Enquanto isso, de surpresa atrás deles seguiam professor e vitória junto com a outra metade dos capitães da areia que aguardavam silenciosamente o fim do teatrinho deles pelos becos e vielas mais largas.

Entre Mares e Amar - Pedro BalaOnde histórias criam vida. Descubra agora