Capítulo 13 - Livre

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Serena

A liberdade soprava suave através dos meus cabelos enquanto corria pelas ruas de Salvador. O sol pintava o céu com tons de laranja e rosa, e o calor abraçava a cidade com uma energia revigorante. Não havia regras, não havia grades, apenas o horizonte aberto e a promessa de um novo dia.

A praia se estendia diante de mim, um tapete dourado onde as ondas dançavam em um ritmo hipnotizante. Com os pés descalços na areia, corri em direção ao Trapiche, onde as memórias dos meus dias nas ruas encontravam um refúgio seguro.

Lá, à distância, vislumbrei Pedro Bala, encarando o horizonte com a postura decidida que sempre o caracterizava. Seu cabelo bagunçado balançava com a brisa, e a luz do sol destacava os contornos fortes do seu rosto.

 "Pedro!" - Gritei enquanto corria pela areia fofa da praia em sua direção

Ele virou-se na minha direção, seus olhos encontrando os meus. Um sorriso surgiu em seu rosto, uma expressão de alegria genuína.

Num impulso, corri em direção a ele. A distância que nos separava parecia diminuir a cada passo. Quando finalmente alcancei Pedro Bala, nossos braços se envolveram em um abraço apertado, selando o reencontro.

Sentindo-me viva e leve como nunca antes. Pedro Bala me ergueu no ar, girando-me enquanto o riso escapava dos nossos lábios. O beijo que se seguiu era como a confirmação de que, apesar de todas as adversidades, estávamos ali, juntos, desafiando as ruas e celebrando a liberdade que conquistamos a cada amanhecer.

Nosso abraço era a prova de que, mesmo nas ruas difíceis de Salvador, podíamos encontrar momentos de pura felicidade. Juntos, éramos livres, e sob o sol brilhante daquela manhã, as ruas de Salvador testemunhavam a alegria de dois espíritos encontrando um no outro um porto seguro.

Então escuto uma tosse falsa e alta, olho para ver quem era, Vitória, sorrio a olhando quando Bala me coloca no chão. Pedro Bala e eu nos afastamos, virando na direção do som. Vitória, com um sorriso cúmplice, nos observava ao lado das outras meninas das Damas de Salvador e alguns dos Capitães da Areia que se aproximavam. O riso coletivo das ruas abraçava a cena.

Vitória se aproxima de mim sorrindo- "Parece que interrompemos um momento especial aqui."

O grupo se juntou a nós, uma mistura vibrante de risadas, abraços e saudações animadas. As histórias das ruas uniam-nos, e, naquele instante, éramos uma família peculiar e unida.

Rebeca aparece e me abraça, um abraço reconfortante de grandes amigas- "Acho que perdemos o espetáculo, não é?"

Enquanto a alegria se espalhava entre nós, uma figura conhecida emergiu da entrada do trapiche na manhã ensolarada. Alice, com seu jeito despojado e o sorriso característico, se aproximou lentamente. Meu coração acelerou ao vê-la, e um impulso irresistível me levou até ela.

"Alice!"- Sem hesitar, eu a envolvi em um abraço apertado, como se quisesse assegurar-me de que ela estava ali, real e ilesa. A saudade que sentia transbordou no abraço, uma mistura de alívio e alegria ao tê-la de volta.

"Senti sua falta também, Irmã."- Nos separamos, mas meus olhos ainda buscavam os dela, procurando sinais de que ela realmente estava bem.

"Como você está depois de toda a confusão? Está tudo bem?"- O olhei procurando por sinais

"Estou inteira. E agora que estamos todos juntos, podemos enfrentar o que vier."- ela disse confiante fazendo uma careta

A presença de Alice trouxe uma sensação de completude ao nosso grupo. As ruas, que tantas vezes foram testemunhas de nossas batalhas e triunfos, agora celebravam a união dos Capitães da Areia e das Damas de Salvador.

Enquanto o sol se erguia mais alto no céu de Salvador, percebi que, apesar dos desafios que ainda estavam por vir, estávamos prontos para enfrentá-los juntos. A força da amizade e da solidariedade que compartilhávamos nas ruas de Salvador era nossa maior arma, capaz de superar qualquer adversidade.

Sentamos na areia, Pedro Bala e eu, observando as ondas quebrando suavemente na praia de Salvador. O som tranquilo do mar proporcionava um pano de fundo relaxante para o momento, mas minha mente ainda estava inquieta com as lembranças recentes.

 Eu me virei para ele, buscando respostas para uma pergunta que me intrigava.- "Pedro, o que aconteceu com Ezequiel e sua gangue?"

Pedro Bala fixou o olhar no horizonte por um instante antes de voltar os olhos para mim. Havia uma sombra de pensamento em seu olhar. - "Soube que eles foram embora de Salvador ontem a noite."

Surpreendida pela rapidez da decisão de Ezequiel, balancei a cabeça em compreensão.- "Partiram sem dizer uma palavra?"

-"Parece que sim. Talvez tenham decidido buscar um novo lugar. Às vezes, as ruas não são suficientes para conter todos os sonhos."

Refleti sobre as palavras de Pedro Bala. As ruas eram nossos lares, mas também testemunhas de despedidas. Cada esquina podia ser o começo de uma nova jornada, mesmo que isso significasse se afastar da cidade que conhecíamos tão bem.-  "Às vezes, as ruas nos levam a lugares inesperados."

Ele concordou, um sorriso suave se formando em seus lábios.- "E seja onde for que Ezequiel e sua gangue estejam agora, espero que encontrem o que procuram."

Pedro Bala se levantou com um gesto gentil, estendendo a mão em minha direção. O convite silencioso estava carregado de promessas e uma energia que só nós dois compartilhávamos. Aceitei a mão que ele oferecia, e juntos caminhamos em direção ao trapiche, um refúgio onde as ondas e os sussurros das ruas eram apenas ecos distantes.

Ao adentrar o "quarto" improvisado dele, pude sentir a atmosfera íntima que o envolvia. Era um espaço que, de alguma forma, refletia a essência do próprio Pedro Bala: desafiador, livre e, ao mesmo tempo, cheio de calor humano.

Pedro Bala fechou a cortina que improvisava na entrada para privacidade atrás de nós, isolando-nos do mundo exterior. O ambiente era iluminado por uma luz suave que penetrava pelas frestas das tábuas do trapiche. Era como se estivéssemos em nosso próprio universo, um lugar onde as regras das ruas se dissolviam e a vulnerabilidade se tornava nosso maior poder.

Seus lábios encontraram os meus em um beijo que carregava a mistura única de desejo e carinho. Cada toque era uma confissão, cada suspiro uma promessa. A leveza do momento contrastava com a intensidade que se acumulava entre nós. Era um capítulo novo, escrito com beijos e abraços, onde as palavras se tornavam supérfluas diante da conexão que partilhávamos.

Minhas mãos passaram por toda extensão de seu tronco exposto, nossas línguas brigavam por espaço, e as mãos dele agarravam fortemente minha cintura e quadril, como se eu fosse fugir a qualquer momento, eu sabia o que ele queria, e eu tambem desejava o mesmo, e ele sentia isso, de outras formas, se assim posso dizer.

Em poucos segundos ele já havia me despido e ele também mesmo, entre uma respiração e outra fui ditada na cama onde ele dormia, uma cama de casal surrada, porém, ainda confortável, eu jamais me imaginaria me entregando para alguem sem antes de me casar, porém, eu sabia que naquele momento nada importava, eu era dele, e ele era meu...




Entre Mares e Amar - Pedro BalaOnde histórias criam vida. Descubra agora