Rodrigo Carter
___ como você está? _ minha mãe perguntou receosa.
Olhei para minhas pernas ainda engessadas.
___ sinceramente? Eu não sei, eu não lembro de nada, não tenho a pessoa que eu amo do meu lado, tenho três filhos que eu reneguei e não menos importante, eu corro sérios risco de ficar tetraplégico _ suspirei fundo desviando o olhar da minha mãe, odiava ver ela me olhando com pena.
___ bom, em relação a Gabi eu posso pedir para vir te ver _ ela disse balançando o celular.
___ duvido muito que ela venha _ murmurei fechando os olhos.
Desde o dia que eu pedi para ver as crianças ela não tem vindo me visitar, no máximo ela faz uma chamada de vídeo para minha mãe, e só pergunta como eu estou e desliga a chamada, a gente não fica 10 minutos se falando.
Eu confesso que quando a gente começou o relacionamento, eu não gostava dela e sim das coisas que ela me proporcionou com o dinheiro. Mas com o tempo, eu fui me apegando a ela, conheci mais a pessoa dela, e vi que ela era amorosa, cuidadora, amiga.
Eu morava na favela, mas não gostava de levar ela, mas teve um dia que ela me perturbou tanto que eu a levei. Fiquei com tanta vergonha, minha casa era de tijolo só tinha um quarto, uma cozinha/sala, e um banheiro muito pequeno.
Ela ficou tão à vontade na minha casa, ela não reparou nada e nem fez cara de nojo como algumas pessoas faziam. Como a própria mãe dela fez quando foi na minha casa. Ela não se importou onde estava e com quem estava, eu lembro o momento exato em que eu me apaixonei por ela.
Ela estava descabelada, toda suada, descalça e suja de terra. Ela estava jogando bola com as crianças da comunidade, e no final ainda fez questão de pagar lanche para todas aquelas crianças.
Desde desse dia eu me apaixonei por ela, eu não sei o que aconteceu para a gente se afastar no casamento, mas com certeza alguma merda eu fiz.
Ainda tem a pessoa que eu sou casado que nunca apareceu para me ver, tô quase um mês internado e ela nunca veio me ver.
Escutei alguém bater na porta, mandei entrar ainda se olhos fechados, deve ser algum enfermeiro.
___ Rodrigo _ virei meu rosto tão rápido que deu uma dor na nuca.
Era a Gabriela com uma menina muito parecida com ela, a garota era a cara da Gabriela, ela é linda, ela vestia uma blusa preta de caveira, e uma calça legging preta também e um tênis na Nike, seu cabelo ia até a cintura preto e todo trançando.
Meu coração estava acelerado, ela me olhava seus olhinhos estava cheio de lágrimas, ela apertava a mão da Gabriela.
___ vejo que alguns machucados do rosto da está quase curados _ a Gabriela se aproximou um pouco.
Mas parou quando ela segurou sua mão mais forte.
___ oi Akira _ disse olhando para ela.
___ oi _ sua voz saiu tão baixa ___ eu… eu posso te abraçar? _ sua respiração estava um pouco acelerada.
___ claro, vem cá _ abri meus braços.
Ela soltou a mão da Gabriela e se jogou no meus braços, seu corpo tremia todo, abracei ela mais forte.
Sabe aquela sensação de conforto e de nostalgia? Era exatamente o que eu estava sentindo agora, parecia que todas as dúvidas tinham desaparecido.
___ como você está? _ ela perguntou secando o rosto.
___ bem melhor agora _ ela riu e se afastou.
O seu sorriso era igual ao meu
___ eu queria ter vindo antes, mas não sabia se queria me ver _ ela olhou para os lados.
Olhei para ela assustado, como assim eu não iria querer ver ela? Eu era tão repugnante que nem meus filhos eu queria ver?
Olhei para a Gabriela, ela deu ombros e voltou a mexer no celular.
___ nunca mais pense isso tá bom? Quando quiser me ver peça para sua mãe te trazer aqui aqui _ disse segurando sua mão.
Ela me olhou e olhou para a Gabriela, me olhou novamente e soltou um ar debochado.
___ tá bom! _ ela se afastou um pouco ___ mãe estou com fome.
Gabriela pegou a carteira e pegou um cartão.
___ nada de frituras, e nada de refrigerante, você já extrapolou seu limite esse final de semana. Se você comer eu vou saber _ Gabriela falava sério enquanto olhava para Akira.
Era tão estranho ver ela falando assim, ela sempre foi brincalhona, era viciada com Coca-Cola, ainda mais se tinha uma coxinha junto.
___ o que foi que está me olhando assim? _ ela disse me olhando.
___ é tão estranho você impedir alguém de tomar refrigerante e comer salgadinho _ disse rindo.
Ela riu e sentou na beira da cama.
___ tive que amadurecer, não é legal você passar a madrugada toda acordada e sendo vomitada de meia em meia hora, tendo que trabalhar no dia seguinte _ me senti mal por ela.
Ainda não acredito que eu tive coragem de fazer tudo o que eu fiz com ela.
___ mas como você está? _ me olhou.
___ nervoso, descobri que posso ficar tetraplégico _ ela me olhou com pena.
___ pensa pelo o lado positivo, você está vivo _ passou a mão na minha ___ você conseguiu lembrar de alguma coisa?
Neguei com a cabeça, ela suspirou.
___ essa semana eu devo tirar o gesso e ir para casa _ disse um pouco alegre.
___ legal, internado é um porre _ confirmei com a cabeça.
___ porque ficou esse tempo sem vir? _ olhei para ela.
___ muita coisa em pouco tempo, daqui umas semanas eu volto a trabalhar, o aniversário dos gêmeos está chegando, tô querendo dividir o quarto deles. Eles vão fazer 6 anos e já podem começar a dormir sozinhos _ ela comentou olhando a Akira entrar.
___ mãe, vamos? Já está quase na hora de buscar os gêmeos _ ela falou olhando o relógio.
Gabriela olhou no relógio e confirmou, levantou da cama pegou a bolsa e me olhou.
___ antes de você ter alta eu volto aqui tá? _ confirmei com a cabeça, ela saiu com a nossa filha
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Meu Ex Marido.
Romance___ eu quero o divórcio _ Rodrigo falou sério. ___ tem certeza dessa decisão? _ perguntei com a voz embargada. e sem exitar o Rodrigo respondeu. ___ sim. (...) ___ volta para mim, volte a ser minha? _ Rodrigo falou com a mãos em meu rosto.