"Vivemos em mundos completamente diferentes, mundos separados por um muro inquebrável. O seu é aquele das limusines, dos empregados, das compras na Dior... Você é milionária... E eu? Todo mês tenho que ter certeza de que tenho o suficiente para comp...
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Como Jisoo previu, Rosé ligou para elas pela manhã e todas combinaram de se encontrar no final da tarde.
— Você continua brincando com seu cabelo desde que chegamos, por que está tão nervosa? — Jennie perguntou à irmã enquanto elas esperavam pelas outras garotas em um restaurante chinês barato. — Quero dizer, estou nervosa porque é tudo culpa minha, mas e você?
— Eu só... Não importa.
— Ah, vamos lá, não brinque comigo, eu conheço você, tem alguma coisa te incomodando–
— Shh, elas estão aqui. — Jisoo acenou com a cabeça na direção da entrada.
As meninas se cumprimentaram de maneira um tanto estranha, Rosé e Lisa sentaram-se à mesa e todas pediram algumas bebidas.
— Acho que devo falar primeiro. — Jennie disse e limpou a garganta. — Quero me desculpar pela coisa do dinheiro, juro que não tive a intenção de ofendê-las de forma alguma. E Jisoo não teve nada a ver com isso, na verdade foi ela quem me explicou por que isso era errado... Então, sinto muito e espero que vocês me perdoem.
— Não há nada para perdoar, já foi tudo esquecido, não se preocupe com isso. — Rosé respondeu amigavelmente e Jisoo lançou-lhe um olhar agradecido. — E este é o seu dinheiro.
Jennie pegou, visivelmente envergonhada, com as mãos tremendo ligeiramente.
— Sinto muito. — Ela repetiu, com a cabeça baixa. Quando seus olhos voltaram para cima, seu olhar encontrou o de Lisa e Jennie teve quase certeza de que havia um toque de animosidade ali. Ela franziu a testa ao sentir a raiva crescendo dentro dela. — "Já me desculpei, o que ela ainda quer de mim!?", sua mente se perguntou.
Elas continuaram trocando olhares frios e Rosé e Jisoo perceberam que as coisas estavam ficando tensas entre as garotas mais novas. Elas não tiveram a chance de dizer nada porque o garçom veio com suas bebidas. Quando ele saiu, Lisa olhou para a bebida de Jennie e disse com palpável ironia:
— Vinho branco? Claro. Que típico.
— Lisa! — Rosé olhou feio para ela.
— Qual é o seu problema!? — Jennie explodiu.
— Jennie, controle-se! — Jisoo sussurrou para ela.
— Só estou dizendo que é típico de pessoas como você. Por que você está tão brava? — Lisa respondeu calmamente, mas Rosé não poderia ser enganada.
— Não se faça de inocente, você passou dos limites, peça desculpas agora mesmo! — a voz da garota de cabelos grisalhos soava como aço. Mas a orgulhosa tailandesa simplesmente se levantou, pegou seu copo de cerveja e foi para o bar.
— Exatamente como eu pensei, muito arrogante para se desculpar. — Jennie comentou e Jisoo retrucou.
— Você poderia parar? Você já não bagunçou o suficiente!?
Jennie encolheu os ombros, saiu da mesa e ficou no bar, a uma distância segura de Lisa. Deixadas sozinhas, Jisoo e Rosé soltaram um suspiro desesperado ao mesmo tempo, o que as fez sorrir uma para a outra.
— Eu juro, às vezes ser uma irmã mais velha é tão cansativo...
— Eu sei, quero dizer, não sou a irmã mais velha da Lisa, mas às vezes me sinto como uma. E acredite, Lisa não costuma ser assim, sei que ela é uma rebelde de coração, mas nunca a vi agir de forma tão irritada sem um bom motivo.
— Eu poderia dizer exatamente a mesma coisa sobre a Jennie.
Após um breve silêncio durante o qual ambas estavam tomando suas bebidas, o olhar de Jisoo permaneceu sobre os cabelos longos de Rosé e ela disse:
— Você escolheu uma cor bastante incomum..., mas combina com você.
— Sério? Isso não me faz parecer mais velha?
— Não, é claramente prateado, não cinza. Ficou ótimo.
— Obrigada. Na verdade, foi preciso muito trabalho para que Lisa me convencesse a pintar meu cabelo.
— Sim, Jennie também está me incomodando sobre isso há algum tempo, ela insiste que eu ficaria bem com o cabelo ruivo.
— Você certamente ficaria. Mas talvez... talvez ainda melhor com roxo. — Rosé semicerrou os olhos olhando para a morena, tentando imaginá-la com mechas roxas. Ela deve ter gostado do que viu em sua mente porque um leve sorriso apareceu no canto de sua boca.
— Talvez um dia eu faça isso. — Jisoo disse, de repente se sentindo mal por Rosé pensar que ela não era corajosa o suficiente para sequer pintar o cabelo dela.
— Ouça... — A voz de Rosé de repente ficou séria. — Você pode achar estranho que eu esteja te contando isso, mas... Não quero que você pense que eu e Lisa somos pobres porque não trabalhamos o suficiente ou gastamos muito... Não posso contar a história toda, mas... acabamos de ter muito azar em nossas vidas. Portanto, embora ambas tenhamos empregos, ainda não podemos ter uma vida melhor. Eu só queria que você soubesse disso, espero que não seja uma coisa estranha de se dizer.
A confissão dela fez seus olhos parecerem tão tristes que não havia nada que Jisoo quisesse mais do que consolá-la. Mas ela não conseguiu encontrar as palavras certas... Movida por um impulso irresistível, ela pegou a mão de Rosé e a apertou, depois retraiu rapidamente o braço, envergonhada.
Então, a atenção das duas garotas foi repentinamente atraída para o bar, onde Jennie e Lisa aparentemente continuavam discutindo. A princípio permaneceram distantes, mas, como que empurradas por uma força inexplicável, gravitaram lentamente uma em direção a outra, em busca de confronto.
— Então, princesa, acho que este vinho não é requintado o suficiente para você. — Lisa zombou de Jennie.
— Se você quer me ofender, tente mais. E você realmente deveria consultar um psicólogo sobre seu complexo de inferioridade. — A morena respondeu.
— Eu irei, sua alteza. Assim que você perder essa atitude condescendente.
— Você faz mais alguma coisa além de ficar choramingando o tempo todo?
— Eu ganho dinheiro, ao contrário de você. Você já trabalhou um único dia na sua vida?
— Por que você sempre menciona dinheiro? É como se você estivesse obcecada por isso!
— É fácil não se importar com isso quando seus pais são podres de ricos! Você não duraria um dia se tivesse que trabalhar como eu!
— Faça-me o favor! Eu me sairia bem! E você tem ideia de como é difícil ser constantemente pressionada pelos seus próprios pais!
— Pirralha mimada!
— Vadia obsessiva!
Jisoo e Rosé ouviram os insultos, mas estavam cansadas demais para fazer algo a respeito. Elas apenas se entreolharam desamparadas e o mesmo pensamento surgiu em suas mentes.
— Eu iria adorar que houvesse uma maneira de ensinar uma lição a elas. — Jisoo disse e Rosé acenou com a cabeça em aprovação.
— Sim, eu também adoraria isso.
Mal sabiam elas que a conversa foi ouvida pela dona do restaurante, uma senhora chinesa muito idosa. Ela sorriu maliciosamente e murmurou algo baixinho, olhando para Jennie e Lisa.
