Capítulo 2 - Linhas soltas gritam

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O ômega estava desacreditado, como os amigos poderiam conhecer a autora de sua saga de livros favorita e nem se quer darem-se ao luxo de contar a si.

- Ela é muito bonita - O ômega grávido resmungou contra a barriga do mais alto, tentando esconder a vermelhidão de sua face pelos carinhos que recebia nos cabelos rebeldes - Mas não mais que o Teteco - O alfa riu quando o marido tentou imitar uma voz fofa para elogia-lo. Cessou as demonstrações de afeto, apenas para deixar um beijo sobre os fio terrosos, e quando os olhos bonitos o vislumbraram outro beijo calmo foi deixado sobre os lábios cheiinhos e vermelhos.

- Ela é mesmo muito bonita - O alfa concordará com a fala do marido, a jovem era realmente bela, parecia uma pintura renascentista, era difícil não se perder entre os traços marcantes e harmônicos. Ela era o reflexo da confusão de um pintor apaixonado, escrevia como um dramaturgo louco por amor, mas havia algo em si que o mais novo não conseguia descrever, ela era um pecado doce demais para ser humano - Sempre disse que ela seria uma ótima modelo, mas ela nunca se interessou - Reclamou, se lembrando das vezes que quase apanhou da mulher por segundo ela, estressa-la com toda aquela história.

Taehyung amava sua noona.

Amava como os carinhos dela afastavam todas as dores do mundo, amava como só a voz dela era capaz de o retirar do vazio em que viveu por muitos anos, amava o cheiro forte que ela exalava e como aquele aroma inebriante era capaz de acalma-lo entre suas maiores tribulações, adorava sentir os dedos dela sobre os seus cabelos em uma tarde chuvosa enquanto chorava sobre as pernas dela, amava sentir o toque dela e a presença da mais velha. Adorava estar apenas no mesmo ambiente que o dela, amava a forma como a risada singular podia cortar o ambiente e afogar qualquer mágoa sua.

Ele amava ela...

Ela...

A sua adorável noona...

Taehyung tinha um ciúmes incondicional da mais velha, ele a amava mais que ninguém.

Ela foi o seu primeiro amor, mas para ela Tae era apenas um garotinho que ela havia criado em meio às dificuldades que Seul fornecia aos menos afortunados.

Ele a amava como alfa, e ela o amava como filho.

Seokjin sabia sobre aquilo, ele também era apaixonado pela mulher e isso ele nunca negaria. Foi aquela paixão que os unil, a paixão pela mesma mulher os fez se apaixonarem um pelo outro.

Esse era um dos motivos de nunca dizerem a Namjoon nada sobre a mulher, ela não era nem um pouco parecida com suas personas, era mais... Muito mais, e talvez algo que o ômega mais jovem não estivesse preparado para enfrentar.

E talvez nenhum deles estivessem.

Ela foi o primeiro amor do casal, mas um amor intenso que ficou esquecido entre as páginas de algum escrito antigo sem cor ou forma.

Eles amavam agora unicamente um ao outro, e admiravam a mulher que lutou para que ambos conseguissem seguir os seus sonhos. Ela sacrificou os sonhos dela, para que Tae se tornasse um modelo de sucesso e para que Jinnie se tornasse um ator premiado.

- Como assim? - O homem que ainda se mantinha em choque, levantou-se rapidamente do sofá de couro e começou a andar em círculos pelo ambiente - Como vocês a conhecem e nunca me disseram isso? - Ele estava a beira de um colapso, como ela poderia estar tão perto e ele não conhecê-la.

- Por que você surtaria, como está fazendo agora - O alfa explicou, até aquele instante o alfa buscava uma forma de contar ao ômega, a história sem que ele tivesse uma crise. Se culpou amargamente por ter deixado escapar entre seus dedos, o seu pequeno segredo.

- Não, não, não... Como vocês dois foram capazes de esconderem isso de mim esse tempo todo - O ômega sentiu sua garganta se amargar com o sabor da traição, por que aquela era a maior traição que recebeu em toda a sua vida.

Ele não conseguia assimilar as sensações ambientes, ele estava confuso e seu lobo se revirava em seu interior causando-lhe uma dor física extrema que apenas piorava sua situação e o levava ao extremo do cansaço.

- Nam... - Seokjin havia se levantando com dificuldade, a mão direita repousava suavemente sobre a barriga saliente, enquanto, a outra palma ia de encontro com o braço do outro ômega.

- Jinnie como você pode - O homem de pele de oliva ditava com os olhos avermelhados e o rosto manchado por lágrimas grossas.

- O Tae... Ela... Eu... Nam você não sabe a história ainda - O mais velho falava com a voz falhada, ele sabia que aquele momento chegaria desde o dia que descobriu que era aquela alfa encantadora e charmosa que escrevia os livros que seu melhor amigo era apaixonado.

- E não quero saber! NÃO QUERO MAIS FALAR COM VOCÊS! - A voz estridente cortou o ambiente, ela já não era mais grave e aveludada, o homem havia usado sua voz de ômega.

Seokjin sentiu seus ouvidos sangrarem, seu corpo se sentiu fraco, ele estava indisposto e fragilizado. Gerar uma criança de sangue lupino não era fácil, ele não tinha forças para quase nada, até o simples ato de respirar se tornava o mais difícil de toda história.

Seu corpo cedeu.

Mas antes de atingir o chão, seu corpo foi amparado pelo físico quente do marido que em um ato natural protegeu a barriga e englobou o corpo com seu aroma em um ato de proteção instintivo.

O outro ômega na sala se apavorou, culpou-se por ter feito aquilo com o amigo. Correu pelo ambiente como se não ouvesse nada que impedisse o seu caminho.

- Você está bem, meu amor? - O alfa perguntava enquanto acariciava a oele branca do amado e o aproximava de seu corpo, como se a qualquer momento o ômega pudesse desaparecer. Ele tinha medo da solidão, tinha medo de perder o seu grande amor, Tae tinha muitos medos.

- Eu estou bem - O ômega acalmava o companheiro com a fala suave, enquanto fracamente levantava a mão e deixava um carinho fraco sobre a face escultural pela face escultural daquele ser que lhe prometera a eternidade sobre o seu toque.

Seokjin o amava mais que ninguém, e ele sabia que era retribuido com o sentimento mais puro em toda existência, o amor.

E em seu interior como um sinal de que estava tudo bem consigo, o pequeno filhote se remexia para sinalizar aos futuros papais de que estava tudo bem consigo.

- Não brigue com ele Teteco, sabe como ômegas apaixonados são inconsequentes - O mais velho ditava, enquanto era erguido do chão frio e colocado sobre o sofá escuro antigo, enquanto seu corpo cobriasse com a manta que estava no ambiente esquecida.

- Estar apaixonado não é justificativa para agir com imprudência - O alfa argumentava.

- Não seja tão duro com ele... Nós também fomos imprudentes quando começamos a namorar - O ômega se aconchegava no ambiente inconscientemente, enquanto buscava uma forma de fazer o marido não ser tão agressivo com o outro ser naquele momento.

- E em nenhum momento tentei justificar minhas atitudes pelo simples fato de estarmos apaixonados - O homem alto fala com um semblante sério e de poucos amigos, algo que não se suavissava, ele estava preocupado com o amor de sua vida e o seu tão desejado filhote.

Namjoon sabia como havia sido difícil para o casal conseguir engravidar, e sabia que nunca poderia utilizar aquela voz contra outro ômega, ainda mais um ômega fadado a uma gravidez de risco.

- Não brigue com ele, eu estou bem - Segurou calmamente a mãos grande e quente trazendo a de encontro a si, aproveitando o toque singelo e deixando um beijo sobre os dedos finos que o levavam a loucuras em muitas noites de amor - Conte a ele sobre tudo, conte a verdade sobre a noona, conte tudo o que ela fez e deixe o amalá mesmo assim...

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