Tentando novamente

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- Filha, já amanheceu! Como está se sentindo? - perguntou Lorenzo.

- Papai, hoje eu não vou trabalhar, não estou me sentindo bem.

- O que você tem?

- Um aperto no peito.

- É por causa do Doni?

- Eu não consigo explicar, é uma dor constante, parece que nunca vai passar.

- Deixei o seu café na mesinha, descansa, eu vou para os celeiros, hoje os caminhões levarão a carga para a exportação.

- Tudo bem, não se preocupe, logo passa.

- Filha, a vida segue e você precisa recomeçar do zero, dar uma oportunidade à quem te ama.

- Eu sei, papai!

- Te amo, logo estarei de volta, fica bem.

- Vou ficar, eu preciso!

Ravini sabia que Doni nunca mais voltaria, mas quem manda no coração? Infelizmente, é ele que dita as regras e nós somos apenas frágeis seres que sofrem por amor.

- Bom dia, Lorenzo, onde está a
Ravini? - perguntou Stevan.

- Oi, Stevan, bom dia! Ela não está se sentindo bem, vai ficar descansando.

- Eu queria tanto vê-la!

- Dá uma passada lá em casa, ela está descansando no quarto.

- Eu posso?

- Claro! Eu sei que gosta da Ravini,
quero que ela recomece com alguém que ame a minha filha de verdade.

- Eu amo a sua filha e só quero poder cuidar dela.

- Então, corre! O que está esperando?

Lorenzo era um homem inacreditável, e que amava Ravini incondicionalmente.

- Tomara que eles se acertem, a minha pequena precisa sair desse luto e tentar ser feliz.

Stevan entrou na casa e subiu as escadas, bateu devagar, mas ela nem escutou. Abriu a porta e viu que ela ainda estava dormindo.
Passou a mão em seus cabelos e fez carinho em seu rosto, despertando-a.

- Ravini, seu pai me falou que você não
estava se sentindo bem.

- Stevan, você aqui?

- Seu pai me autorizou entrar.

- Tudo bem, eu estou melhor, era só um
mal estar.

- Fiquei preocupado com você, és importante para mim.

- Você é especial, não quero te magoar.

- Eu sei que não sou o Doni, mas posso me dedicar à você, assim como ele fez, e te amar na mesma intensidade. Eu te
amo muito, só queria que soubesse.

O beijo que ele quis por tanto tempo foi dado com tanto carinho que ele nem
acreditava no que acontecia.
Ela decidiu recomeçar, pois sabia que o amor de Stevan era verdadeiro.

- Eu vou te fazer feliz, Ravini, eu prometo. - disse Stevan.

- Obrigada por me aceitar com todas as minhas tristezas, eu vou me dedicar à você e te fazer feliz.

Recomeçar, essa era a palavra da vez. Tantos anos de choro e sentimentos frustrados poderiam estar ficando para trás. Os dois começaram a namorar, ele era aquele cara apaixonado que tratava Ravini como uma rainha.

- Como o tempo passou rápido, já
namoramos há seis meses, eu te amo sempre mais. - falou Stevan.

- Porquê todas essas flores? Nem tenho onde colocá-las.

- Uma para cada dia desses seis meses, em que me tornei o homem mais realizado do universo.

- Vou ter que plantá-las para que virem um roseiral.

- Eu te amo, Ravini, você é tudo o que esperei e mais um pouco.

- Você é um homem incrível!

- Ainda não me ama?

- Eu gosto muito de você, sabe disso.

- Estou falando de amor, Ravini, nós ainda nem dormimos juntos, eu queria tanto.

- Stevan, eu estou indo no meu tempo, você prometeu esperar.

- É que eu te amo muito!

- Vamos dar uma volta?

- Sim, quero ficar sozinho com você, sinto vontade de te proteger, de te abraçar e nunca mais te soltar.

Eles resolveram passear à cavalo, na fazenda existiam trilhas lindas que levavam a vários rios e cachoeiras.

- Vamos parar aqui, é muito bonito! - falou Stevan.

- Aqui? - perguntou Ravini.

- Qual é o problema, Ravini? Vamos nos sentar à beira do rio, que vista fantástica!

Ali era o lugar onde ela sempre estava com Doni e há muito tempo não voltava as suas antigas lembranças.
Stevan sentou atrás dela e abraçou o seu corpo, fazia carinho em seu pescoço com os lábios, ela só conseguia ver a imagem de Doni dentro daquele rio nadando feliz e chamando por ela para se refrescarem.

- Vem, Ravini, a água está quentinha.

- Que mentira, Doni, os meus pés estão congelando!

-Ravini, meu amor, estou com cãibra, me ajuda!

- Doni, para com isso! Doni, onde você está? Doni! - gritava desesperada.

- Buuuuuuu!

- Que brincadeira sem graça!

- Está vendo a água quentinha?

- Vou contar tudo para o papai.

- Vai é? Tem certeza? Não quer um beijo?

- Um beijo?

- Só um?

- Vem cá, eu amo você!

As lembranças que insistiam em
permanecer machucavam por dentro.

- Ravini, o que aconteceu?

- Oi, Stevan! Nossa, eu fui longe agora. Vamos embora?

- Achei que íamos ficar namorando.

- Que namorada boba que eu sou.

Ravini abraçou Stevan e o beijou, mas a cabeça estava lá no seu passado, que foi tão gostoso de viver e dificilmente seria apagado.







Meu DoniOnde histórias criam vida. Descubra agora