Meu Doni

A gigante da soja

- Até amanhã, meu amor, te amo. - falou Stevan.

- Beijos, até amanhã. - disse Ravini.

Lorenzo estava sentado na varanda
observando a cena.

- E esse namoro, filha, como está? - perguntou Lorenzo.

- Hoje fomos ao rio, eu só conseguia ver
o Doni brincando na água.

- Você ainda não o esqueceu?

- Eu gosto muito do Stevan, mas o Doni é meu amor, eu sinto ele perto de mim, papai, fecho os olhos, é como se ele estivesse ali, sorrindo para mim.

- Filha, você não pode oferecer algo
raso a quem te ama tanto.

- Papai, eu sinto os beijos do Doni, eu sinto vontade de fazer amor com ele e de adormecer em seus braços.

- Você nunca dormiu com o Stevan?

- Nunca, papai, não consigo.

- Ele te ama mesmo, filha, não machuca esse rapaz.

- O senhor acha que eu devo terminar?

- Eu acho que você precisa se entregar
à esse amor, se é que você consegue.

- Estou tentando, papai, mas nada é fácil.

Seus olhos se encheram de lágrimas, mesmo tentando era difícil esquecer aquele amor por quem lutou a vida
inteira.
Os meses se passavam e Ravini ficava cada dia mais poderosa, já era conhecida como a Gigante da Soja e onde tocava virava ouro.

- Papai, os novos alojamentos já estão quase prontos para recebermos os novos funcionários. - disse Ravini.

- Como você fez essa fazenda crescer, minha Gigante da Soja. - falou Lorenzo.

- O senhor também, sempre esteve ao meu lado.

- E os seus irmãos, já voltaram dos Estados Unidos?

- Sim, estão se tornando verdadeiros empresários.

- Sinto orgulho deles, são bons rapazes e merecem crescer junto com você.

- Vamos receber os novos funcionários no mês que vem, é o tempo de tudo ficar pronto.

- Você está animada?

- Muito, papai! Sinto que coisas novas irão acontecer, serão tempos de surpresas.

- Onde está o Stevan?

- Está no porto, hoje os navios levarão as primeiras cargas para a China, estamos conquistando o mundo.

- E vocês, como estão?

- Bem.

- Só isso, filha?

- Estamos nos gostando muito.

- Quer dizer que vocês...

- Ainda não, papai, estou me preparando, quero que seja bom.

- Bom, filha?

- Não me confunda, papai!

- Ontem sonhei com o Doni, ele
estava num rio indo ao seu encontro.

- O que mais, papai?

- Eu acordei, filha. Ele estava com um casaco preto, tinha um capuz, só consegui ver isso.

- Nós nos bejamos? Fala, papai!

- Meu amor, foi só um sonho.

- Por que o senhor acordou?

- Eu me assustei, nem sei porquê estou te contando, sabia que ia ficar assim.

- Eu fiquei feliz, só isso.

- Já ama o Stevan?

- Eu gosto dele.

- Falei sobre amor.

- Gostar também é uma forma de amar.

- E o Doni?

Ela nem precisou responder, os seus olhos brilhantes foram a melhor resposta, o amor ainda estava ali.

- Vamos, Gigante da Soja, temos que colher essa nova safra. - disse Lorenzo.

- Vamos! E trate de terminar esse sonho, eu preciso pelo menos tocá-lo.

- Filha, esse seu amor é algo raro.

Os caminhões repletos de soja refletiam um pouco do seu amor por ele. Cada pezinho semeado era o sonho daquele menino que cresceu desejando ver o trabalho dos seus pais prosperarem.
O amor que Ravini sentia era algo extraordinário e que refletia nos negócios que ela fechava diariamente com vários países.
Um mês depois, os novos funcionários chegavam à fazenda, seria um novo tempo naquela fazenda próspera e repleta de sonhos vindos de quem tanto amava as terras em que cresceu.

- Meu amor, os trabalhadores já estão chegando aos seus alojamentos. - falou Stevan.

- Que maravilha, Stevan, recebe todos,
por favor.

- Estou indo para lá, temos muita soja para colher.

- Mais tarde dou uma passada nos campos, agora vou resolver umas pendências com o meu pai.

- Pode deixar, vou recebê-los junto com o Álex e o Arthur.

- Receba todos e os acolha, eles nos ajudarão com o que mais amo.

- Vamos sair mais tarde?

- Acho que hoje não posso, tenho muita papelada para analisar.

- Mas e um beijo , eu mereço?

- Claro, Stevan.

O amor sentido por ele era tão grande, que muitas vezes era como se amasse por dois. Ravini tentava ser a melhor namorada, mas no fundo ele sabia que faltava algo, com certeza era amor.