Todas as Minhas Versões

Capitulo 2

2 Meses.

Chegamos à base exaustos, caminhamos por três dias e tudo o que eu queria era um banho quente e uma cerveja gelada. Deito na cama enquanto observo os meninos gastarem suas últimas energias brigando. Levanto meu travesseiro e pego a carta que Mady me mandou. Ela realmente me escreveu, não tinha certeza se ela faria, mas fez, e isso me deixa aliviado demais. Caio me tira do transe em que estou com a carta, dizendo:

-- Será que devo me preocupar com minha mulher te mandando cartas?

-- Só se você for um imbecil. Você sabe que o mesmo amor que ela sente por mim, ela sente pelos outros, e eu jamais faria algo com ela.

Caio me olha desconfiado.

-- Pelo menos não enquanto vocês estiverem juntos.

Abro um grande sorriso e Caio se joga em cima de mim, tentando me enforcar, mas eu sou o dobro dele e viro o jogo antes que pudesse mostrar a ele toda minha força. O general entra.

-- Chega de brincadeira, vocês têm quatro horas até voltarem para a patrulha.

Ele sai da tenda e todos vamos para nossas tarefas. Lorenzo vai comer, Carlo cai na cama e decide que dormir é mais importante, Caio vai tomar banho e eu aproveito para escrever para Mady, torcendo para que ela esteja bem.

Fico paranoica com o carteiro e tenho certeza de que ele está morrendo de medo de mim, pois ele sai correndo assim que entrega minha correspondência. Pego a coleira de Duque e saio para correr. Ao voltar, tomo uma ducha e vou direto escrever.

Amor, como você está? Eu continuo aqui, no mesmo lugar, na mesma casa e na mesma cidade. De manhã, corro com Duque e, depois do almoço, vou visitar a Jinx, que não para de brincar. Ela agora fala "mamãe" e "papai". Você estaria orgulhoso dela, Carlo. Ah, seu pai iniciou a candidatura para prefeito, então já deve imaginar a bagunça que está tudo isso. Lorenzo, um dos maiores surfistas, esteve aqui na cidade e consegui uma camiseta autografada para você. Acho que o nome dele era Kallen. Amor, a casa não é a mesma sem você. Sinto tanta sua falta. Te amo, amo todos vocês.

Olí, sinto muito por você ter que matar alguém. Não consigo imaginar como é tirar a vida de alguém, mas prefiro que você tire a vida de qualquer pessoa do que alguém tire a sua vida ou a minha. Desculpe, acho que estou sendo egoísta demais. Estou voltando a viver a vida de sempre, mas é estranho sem vocês. Eu não me sinto segura quando saio com Duque para correr, sinto como se estivesse sendo observada. Quando vou à igreja ou até mesmo na cidade, mas eu sei que estou enlouquecendo sem vocês. Eu só queria abraçar vocês e não soltar mais. Queria poder morar nos braços de vocês, na nossa adorável bolha indestrutível, mas agora não existe bolha e sinto que estou vulnerável sem vocês. Te amo, Olí.

Oi Mady, não se preocupe comigo, querida. Voltarei inteiro, eu prometo. Perdemos um integrante do grupo, calma, não é nenhum dos meninos, é um outro cara que estava conosco. Mas ele estava tão perto que nos fez pensar que poderia ser um de nós. Caio ficou realmente abalado e nem brincou nesses dias. Ele pediu para te avisar que ele não vai te escrever, pois precisa de um tempo. Mas não se preocupe, querida, cuidarei dele. Mady, por favor, tenha cuidado. Amo você.

Após ler a carta de Oliver, fico com um aperto no peito, sabendo que Caio deve estar realmente mal. Eu só queria poder abraçá-lo e beijá-lo, mas é uma droga não poder.

Como eu continuaria vivendo normalmente se meus homens estavam enfrentando uma guerra? Como eu iria ao mercado e faria compras, sabendo que talvez eles estejam sem comer? Droga, eu sei que preciso continuar, mas é difícil pra caralho.