3 MESES.
Oi meu amor, pensei que não poderia sentir mais saudades do que já sinto, mas ficar sem sua carta me fez perceber o quanto me apeguei a elas. Saber que suas mãos passaram por elas e agora eu posso tocá-las. Eu espero que você esteja seguro e bem. Espero que você consiga superar toda a dor que esse lugar está causando. Quero poder te abraçar e te consolar, mas também quero te encher de porrada por me deixar para ir aí. Para Lorenzo, sinto muito sua falta e tenho quase certeza de que o mar também. Sua prancha está empoeirada e é difícil não olhar para ela, mas Duque continua latindo quando escuta seu nome, o que me faz ter certeza de que ele também sente sua falta. Para Carlo, dias atrás foi o aniversário de um ano da Jix e você já pode imaginar que seus pais fizeram a maior festa pra ela. Fiquei com dó dela, que mal aproveitou e ficou passando de colo em colo para as fotos, mas ela tem crescido tanto e cada dia ela me lembra você. Te amo, Caio. Amo todos vocês.
Olí, eu queria poder não sentir saudade, porque a cada dia que passa luto com a falta de vocês. Sinto falta de assistir nossos filmes de terror favoritos, sem contar os de tubarão. Você sempre me fez companhia, mesmo quando Caio odiava os filmes, e eu sinto sua falta. Como você está, Olí? Espero que bem. Espero que você se agarre aos meninos, porque no final, a única coisa que me deixa aliviada é saber que vocês têm uns aos outros. Te amo, Olí.
Me desculpe, amor, por não ter escrito para você. E, para ser bem sincero, não quero falar sobre o que aconteceu. É difícil e não deixa de doer menos. Lorenzo mantém uma foto do mar na parede e olha tão fixamente para ela como se fosse uma garota nua. Sem contar que ele disse que te daria um beijo na boca por conseguir o autógrafo. Claro, eu dei uma surra nele. Carlo disse que, quando nós voltarmos, ele vai te encher de abraços e mal espera para te agradecer por sempre estar presente na vida da Jix. Amor, todos nós sentimos sua falta. Amamos muito você.
Querida Mady, não se preocupe, eu estou bem. Sei que tenho eles e o que me deixa imensamente incomodado é saber que você está sozinha. Como eu queria estar aí com você, assistindo a um dos nossos filmes e rindo sem se preocupar com nada. Madyson, você não pode deixar de continuar a viver. Nós vamos voltar e você precisa sair e viver. Por favor, Mady, viva. Te amo, sinto sua falta.
Assim que leio as cartas dos meninos, sempre fico triste, mas Oli me disse para viver e, mesmo me sentindo mal, decido que vou continuar minha vida. Eu preciso continuar, não posso me afundar em lágrimas e nas memórias que se espalham em minha mente. Decidida a mudar isso, vou tomar um banho para sair, mas antes preciso urgentemente depilar minhas pernas e fazer uma geral em mim. Assim que saio do banho, coloco um vestido soltinho e pego a coleira de Duque. Decido que caminhar até a cidade é melhor.
Nossa casa ficava mais distante da cidade, no alto do morro, com a vista perfeita do mar e das florestas ao redor. A estrada sempre era vazia, nem uma alma viva passava por ela, e eu gostava, na verdade, amava o quanto nossa casa era solitária em meio à floresta, ou o quanto o silêncio me trazia paz. Mas agora tudo me incomoda ou me assusta: o barulho das árvores se mexendo, o vento que soprava na minha janela.
Chegando a uma cafeteira, entro com Duque e me sento. Peço um milkshake e desfruto da minha própria companhia. Assim que acabo, me levanto para sair, mas esbarro em uma moça ruiva, com o rosto repleto de sardas.
-- Me desculpe, eu não te vi.
A garota abre o maior sorriso e responde:
-- Sem crise, eu também não te vejo muito por aqui.
-- Sim, na verdade, estou voltando a sair de novo.
-- Ah, já posso imaginar, término difícil?
Dou risada da tentativa dela de acertar e respondo:
-- Não, meu marido é soldado e há pouco tempo ele partiu para servir.
-- Ata.
A garota fica pensativa e volta a dizer:
-- Se precisar de uma amiga, este é meu número. Eu amo sair e dançar.
Fico sem graça com a ousadia da garota, mas também admirada pela facilidade dela em fazer amizade. Agradeço e saio do café em direção à livraria. Logo depois, saio com muitos livros na sacola, pronta para ir para casa. Passo pelas lojas com destino ao meu carro, mas sinto como se minha nuca estivesse queimando. Olho para trás, mas não tem nada. Continuo meu caminho até me deparar com uma loja de instrumentos e avistar um piano magnífico. Fico paralisada e apaixonada, e por impulso, compro-o.
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RomanceMadyson se despede de seu marido e amigos que vão para uma jornada no exercito, porem tudo muda quando Madyson se depara com algo que vai alem do seu conhecimento e controle. E quando seu marido e amigos voltam são obrigados a encarar outra versão d...