Cap. 3. Uma proposta.

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                Comecei a rir de nervoso. Um duque? A pior espécie da aristocracia, não viria nada de bom do filho de um duque. Conhecia a aristocracia desde a infância, no orfanato aparecia vários duques trazendo seus bastardos para as freiras darem um bom caminho, com eles vinham pequenas fortunas para sustentar a pequena alma e também pelo silêncio das irmãs. As crianças nunca seriam da família, já nasciam rejeitadas por não ter o sangue azul. Eram deixadas como lixo e continuariam afastadas. Se o filho de um duque queria algo comigo certamente não seria convidar para o jantar.

              - Filho de um duque? E o que o filho de um duque pode querer com um guia de carruagem?

            - Direto ao assunto então? Pois bem. Quero que assuma o meu lugar.

            - O que?

           - Exatamente o que ouviu. Preciso que você assuma meu lugar como filho do duque e case com a lady Magnus, filha do duque de Caelan.

           - O senhor deve ter perdido o juízo.

          - Nunca falei mais sério em toda a minha vida.

          Chamou me para sentar junto a ele na única mesa que havia no cômodo e num monólogo o sr. Ethan resumiu toda a sua vida: explicou que foi retirado de casa para estudar muito cedo, pois o duque de Wycliff casara-se novamente depois da morte de sua mãe, tendo uma gripe fortíssima como causa da morte. A nova duquesa Wycliff fez de tudo para engravidar nos primeiros anos de casamento, como não conseguiu ter um herdeiro procurou formas de aumentar a fortuna da família para agradar o marido, sugeriu a ele que fizessem um trato com o duque de Caelan para casar os filhos e juntar as fortunas. O duque de Caelan, sr. Magnus, vizinho de fazenda dos Wycliff, perdeu a mulher no parto e nunca mais casou-se e vivendo somente a disposição da única filha. Magnus achou boa a ideia de casar os filhos, garantindo um bom futuro para a filha difícil de se lidar. Segundo o senhor Ethan, lady Vivienne era muito atraente, além de tudo era muito caprichosa e tinha uma paixão incomum pela plantas. Não aceitava ser vestida ou calçada como uma lady desde a infância e só piorava com a idade. Fazia questão de ser vista como uma camponesa e recusava-se a receber visitas ou debutar quando chegou a hora. O senhor prosseguiu dizendo que fazia uns sete anos que não visitava a mansão da família, a fazenda Wycliff, que ficava no meio do nada (como ele dissera) e fazia um pouco mais que não via a suposta prometida.

             - Muito comovente essa vossa história... – quis terminar o assunto e levantar quando o sr. Ethan segurou o meu braço. Continuei minha frase sentando novamente – Mas já parou para pensar que nesses anos todos essa lady ai pode ter mudado e esteja te esperando para um casamento comum e bem normal para a aristocracia?

           - Não mudou. Recebo cartas frequentes do duque, meu pai, querendo que apresse o casamento. Aparentemente o duque de Caelan não está bem de saúde. Meu pai teme que ele morra sem a filha estar casada. Se isso acontecer... ninguém a fará casar e a fortuna voltará para a coroa.

            - Eu também concordo que é uma tristeza ver um rico perder dinheiro. – Disse exibindo ironia em cada palavra.

           - Não é por isso que devo me casar. Meu pai é verdadeiramente amigo do duque de Caelan e não deixaria um trato como esse de dezesseis anos ser desfeito. Na última carta ameaçou me deserdar, disse que não mandaria mais nada para meu sustendo aqui em Londres. E realmente parou de mandar. Fiz uns empréstimos e...

          - E vejo pelo seu rosto que já estão cobrando a dívida.

          - Mais do que cobrar, ameaçaram me de morte se não pagar o dobro do que emprestei.

          - Então case-se. Antes casado do que morto.

         - Você estava ouvindo me enquanto falava ou tem algo em seu ouvido? – Tentou tocar em mim mais uma vez, mas desviei de sua mão.

          - Acho que deveria ter algo em meus ouvidos mesmo. Não vejo problema algum em casar e pagar as próprias dívidas.  

        - Não moro na fazenda Wycliff há muitos anos, meu pai e a duquesa detestam me. Sem contar que casado, segundo o trato, terei que morar na fazenda Caelan e administrar a fortuna, o campo e os arrendatários...lembrando também na camponesa das plantas que vem com o pacote.

         - Novamente não estou vendo problemas nisso, o senhor aprenderá e saberá lidar com tudo isso com o tempo. Nasceu para ser duque. O ducado está no seu sangue azul.

         - Posso ter nascido herdeiro do título, porém acredito que ter te encontrado justamente quando não via mais esperanças, talvez seja o senhor a solução para os meus problemas.

         - Poderia explicar me melhor essa parte? – pedi para entender até onde aquele lunático iria chegar.

         - O senhor volta no meu lugar. Terá um grande poder aquisitivo logo que colocar os pés na fazenda Wycliff. Ninguém lá viu me nesses últimos anos, não notaram as poucas diferenças que existem entre nós. Tratará de forma rude meu pai e a duquesa, como eu trataria se voltasse. Nunca conversei sóbrio com o duque Magnus ou com a lady camponesa, seja como quiser com eles... mande dinheiro para mim todos os meses, não muito, só o necessário para não chamar atenção. Quer dizer, mande um bom tanto de começo, diga que deixou dividas e que a sra. Judith irá pagar pelo senhor. Meu pai não desconfiara de nada. A sra. Judith é de minha total confiança e estará ajudando me aqui.

           - E quem garante que essa sua governanta não irá lhe entregar ao duque?

            - Tenho os segredos da sra. Judith, salvei-a das ruas e ela nunca me trairia.

          - Então deixa me ver se entendo: o senhor quer me tornar um rico duque de fazendas e em troca lhe garanto uma vida simples em Londres, entendi certo?

          - Exatamente isso.

          - Pois minha resposta é não. – Disse para acabar com essa tolice.

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