Cap. 6. Uma lady.

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                A exaustão consumia meu corpo. Tomara um banho quente após a conversa com o duque de Wycliff, mas já tinha que me preparar para a visita a fazenda do duque de Caelan. Mesmo tendo apoio de um dos empregados para estar aceitável no compromisso que me esperava, senti que poderia dormir em pé antes mesmo de conhecer a tal lady camponesa.

               A fazenda vizinha ficava tão perto que fomos os dois a pé. A terra encharcada me trazia novamente o questionamento de que algo estava errado por ali. Olhei para o duque buscando respostas, mas esse apenas bufou e continuou a andar.

               Chegamos no portal de uma outra fazenda. O casarão era de tons amarelo muito vivo. Seu jardim era impressionante de tão florido. Era possível ver tantas espécies de flores comuns e raras se misturando em um muro vivo. Um lago mal projetado artificialmente esbanjava cores com espécies de plantas aquáticas que nunca sonhei na vida. Entendi que era aquele lago que estava causando a terra encharcada na estrada. Quem o havia projetado não deveria entender muito bem como deter os avanços da água pela propriedade. Fora o cheiro de lodo que as flores tentavam inutilmente camuflar.

               - Esse lago está comprometendo a propriedade toda – Pensei em voz alta.

              - Se conseguir convencer a lady a desfazer esse ermo, fará um bem a região – Respondeu o duque.

               - A lady deve ter um pouco de juízo, colocar a propriedade em risco por conta de flores é insano.

              - Ela é insana. – Disse ele simplesmente.

[...]

               Estávamos a horas reunidos na sala principal da fazenda Caelan. Os dois duques conversavam animados sobre suas rotinas que basicamente ignoraram minha presença. Preferi ficar em silêncio e observar o outro duque, se tudo desse certo e o casamento fosse realizado eu moraria ali com ele e com a filha. O homem parecia estar verdadeiramente doente. Os sinais da idade eram bem fortes e a tosse era persistente após uma frase muito longa, mesmo assim era um homem aparentemente sábio.  Expressava suas ideias com tamanha tranquilidade que inspirava me a perguntar detalhes sobre colheita da cevada, vendas, fermentação da cerveja... assuntos que já ouvira de passageiros e tomava ciência de que era comum nas fazendas do interior.

                - Diga me Ethan, em Londres trabalhou com algo ou só ficou bebendo e dormindo com mulheres da vida?

                - Não bebo mais, vossa graça. – respondi sem pensar sobre parecer ou não com o sr. Ethan quando a frase do duque Magnus me pegou de surpresa – Estudei sobre a economia do país. Os avanços das colheitas são bastante citado em Londres pelos grandes negociadores. Acredita-se que o lucro desse comércio será triplicado dentro de cinco anos.

                - Vejo que realmente estava estudando. Quero que compartilhe melhor comigo o que aprendeu nesses últimos anos que nos deixou plantados esperando.

               - Será um prazer, senhor.

               - E quanto as mulheres? Sabemos que esse era o principal motivo para evitar as núpcias.

               Senti nesse momento que deveria saber melhor sobre qual era a motivação do sr. Ethan em Londres. Uma amante seria uma boa justificativa. Dez amantes explicava mais ainda a insistência na vida de solteiro. Eu em compensação só havia conhecido uma única mulher, uma viúva que apresentou me os prazeres da vida. Era novo demais e deixei me levar pela sedução. Nosso caso não envolvia sentimentos, era apenas físico. Terminou quando a viúva fisgou um ricaço de Londres e parou de visitar seu irmão visconde, meu patrão na época.

                 - Não nego minhas aventuras, mas estou aqui me comprometendo ao casamento com lady Magnus. Afinal, a senhorita não se juntará a nós nessa conversa?

               - E para que quer minha presença? Para contar os detalhes da suas aventuras?

                Do alto da escada em espiral que ficava em um canto da sala a lady Vivienne Magnus revelou-se a nós três. Aparentemente esteve por lá a noite toda em silêncio. Observei-a descendo os degraus e se colocando em pé na nossa frente. Lady Vivienne realmente não era feia, tinha uma beleza até sensual. Seus cabelos avermelhados e soltos lhe caiam sobre o corpo até o quadril. O rosto era levemente rosado de sol que combinava perfeitamente com o lábios rosa em formato de coração. Seus olhos negros mostravam o poder dos sangue azul que contrastava com os pés descalços e sujos de terra. Seu traje era um vestido sujo e bastante velho, tão velho quanto as minhas próprias roupas que deixei em Londres. 

                - Boa noite, lady Magnus. Acredito que deva lhe fazer um pedido. – Continuei levantando me da cadeira e falando somente para ela.

                - E quem informou ao senhor que quero ouviu seu pedido?

                - Ouvindo ou não o pedido a resposta é sim! – Gritou o duque Magnus entrando em nossa conversa. – O pedido está aceito há dezesseis anos e acertado com meu caro amigo George Ulrick Evans aqui presente. Até o final do mês estarão casados querendo ou não.

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