Dias depois, em uma manhã, Oliver trouxera outro envelope igual ao que tinha recebido. Sabia que era a resposta a minha carta. Deixei o envelope na cama e pedi a Oliver que me ajudasse, pois iria tomar o café com o duque. É claro que o empregado protestou dizendo que ainda não estava em condições. Fingi nem ouvir e comecei sozinho. Acredito que o medo fez ele querer cooperar. Estávamos quase chegando a sala em que o café da manhã era servido quando a curiosidade venceu me. Disse que havia esquecido meu relógio a Oliver e voltei ao quarto para ler a carta._________________________________________
Caro sr. Evans,
Fico extremamente feliz com vossa recuperação e informo-lhe que estou de partida para Londres. Uma das escolas aceitou minha entrada tardia e meu pai irá levar me à tarde nos próxi mos dias. Sr. Clark Green é meu pseudônimo, uso-o para conversar
com biólogos e conseguir mais plantas exóticas para minha coleção. Não sei se o senhor sabe a falta de crédito que
uma dama tem em nossa sociedade, pedidos são negados mesmo para uma
lady. Adeus.
V. M._________________________________________
A sensação de alívio percorreu meu corpo. Um pseudônimo? Por que aquilo não me surpreendia em nada? Por que o alívio? Lady Vivienne realmente estava sozinha ao ponto de pedir me ajuda. Entretanto o que iria fazer? Queria realmente fazer algo? Já tinha decidido voltar para Londres, não seria mais problema meu. Sr. Ethan iria agradecer por livrá-lo do casamento.Este é um final melhor do que a encomenda. Mas e lady Magnus? Ela passaria anos sendo educada, ouvira que senhoritas mal comportadas eram repreendidas até ser uma dama aceitável. Apanharia até a morte se fosse ela mesma naquele lugar.
Cheguei a mesa sem notar que estava andando e sentei respondendo ao bom dia de todos. O duque Wycliff comia ao lado da duquesa Mary e do Sr. Thomas, o cavalheiro que conheci na noite do noivado. A conversa seguiu e não ouvi muita coisa. Estava pensando se deveria ou não ajudar a lady Vivienne quando ouvi sr. Thomas dizer seu nome a mesa.
- ...lady Magnus partirá antes do almoço. Provavelmente vão ter muito trabalho, geniosa como o cão. O bom é que o sr. Ethan aqui não precisa se preocupar com a ameaça da moça.
- Quando disse que vai embora? – Falei mais alto por cima da conversa. Dissera na carta que iria nos próximos dias, será que iriam levá-la a força?
- Pensei que não estivesse ouvindo, sr. Ethan. Estava contando para vossas gracas que está uma bagunça na estrada até aqui. O duque de Caelan decidiu levar lady Magnus para estudar em Londres, porém a dama sumiu. Estão todos a sua procura.
- Precisamos ajudar. – Disse colocando me em pé.
- Por que faríamos isso, filho. – Disse o duque entrando na conversa.
- Podemos impedir. Lady Magnus não pode ir, vão matá-la nessa escola.
- E por que isso seria problema nosso? Ficou fora por sete anos para fugir dessa mulher e agora quer fazer algo ao seu favor? Deixa-a ir. Lady Vivienne foi longe demais ameaçando sua vida. Poderia ter morrido aquela noite.
- Eu entendo vosso argumento, meu pai, mas... eu não morri. E até acredito que foi mais um acidente do que intenção dela de ter caído da árvore. Podemos impedir. Só deixar a dama ficar com suas plantas. Nada de casamento e nem escola.
- Não vamos fazer nada. Este é um fim adequado. – Completou o duque.
- Faça pelo vossa amizade com o duque Caelan...
- Foi uma escolha dele levar a filha e ao meu ver fez foi muito bem.
- Pois eu vou ajudar!
- Eu o proíbo!
Sai porta a fora e caminhei rumo a fazenda Caelan com a certeza que deveria fazer algo, escolhendo salvá-la. Senti que Oliver estava certo quanto a não estar totalmente curado para sair do repouso, sentia a dor voltar nas costelas com a caminhada e ao tocá-las meus dedos mancharam-se de sangue. O sol também não colaborava, ardia nos olhos e causava suores, deixando a roupa mais abafada.
Cheguei a fazenda com muito custo. Uma gritaria e pessoas agitadas por todos os lados, desmaiei após passar pela porta de entrada que estava aberta, isso antes mesmo de encontrar lady Magnus ou qualquer outra pessoa ali que notasse minha chegada.
[...]
Acordei deitado em uma cama cheia de almofadas. O aroma de flores naturais fez me entender onde estava. O quarto em questão era grande e claro, a decoração era composta de plantas diferentes. As duas janelas presentes eram tão grandes que facilmente alguém poderia usá-las como portas.
Lady Vivienne estava ao meu lado distraída com um dos vasos. Olhos vermelhos indicavam que havia chorado. Procurei por marcas visíveis ou algo que mostrasse se havia apanhando ou se machucado com as buscas. Não vi nada. A dama demorou para perceber que a estava observando.
- Como está? – perguntei meio rouco por ter acordado do desmaio.
Lady Vivienne deixou o vaso em cima da mesa de centro e ajoelhou-se para ficar na altura dos meus olhos.
- Só me responde uma coisa: não são as lady que desmaiam para chamar a atenção dos cavalheiros?
- Engraçadinha, lady Magnus. Vim te ajudar e assim que agradece, fazendo pouco de mim?
- Pensei que estivesse melhor do ferimento.
- Eu também...
Ficamos em silêncio um pouco. Ela olhava me mais não dizia nada. Os olhos voltando a ficar avermelhados.
- Qual é o plano? Tenho certeza que deve haver um. – perguntei.
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*comentário da autora:
O que estão achando da história?
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A solução do duque
RomanceO que fazer quando um estranho lhe oferece a oportunidade de saber quem você é? Um guia de carruagem na Londres do século XIX tem seu mundo invadido pelo filho do poderoso duque Wycliff. A semelhança entre ambos será o suficiente para trocarem de lu...