"Tudo que eu sei, tudo que eu sei, amar você é um jogo perdido."
Arcade
Duncan LaurenceDOIS ANOS ATRÁS
A cada passo que eu dava aprofundando mais para dentro da floresta, uma voz falava em minha cabeça indicando para voltar, mas meu instinto de curiosidade gritava mais alto, e meus pés se moviam nessa direção graças a ele.
Já faz um mês que a situação com o lobo na floresta tinha acontecido, e em todas as noites desde daquele dia eu tenho sonhado com ele. O garoto que me salvou. Eu não sei seu nome, sua idade, ou nada que possa me guiar até ele, apenas seu belo rosto nunca mais visto por minhas íris.
O sonho era sempre o mesmo: a silhueta do garoto estava sentada diante um vasto jardim cheios de flores, o joelho tatuado levantado enquanto seu braço estava apoiado nele, e a outra perna estava sobre a grama reta. O vento passava por seu rosto, e ele encarava o horizonte tão profundo, que se passava em minha mente se ele poderia se fundir com os raios solares. Segundos se passam e ele olha para mim, levanta a sua mão apoiada em minha direção e faz um sinal de tchau com ela, balançando para um lado e o outro.
Eu retribui a ação, e também dei tchau para ele. O mesmo abre um sorriso enorme e encantador, eu com toda certeza fico hipnotizada por aquele sorriso. E aos poucos, ele vai desaparecendo e seu corpo vai virando cinza, como se fosse um tipo de fuligem, sinto lágrimas pesadas de mágoas descer por minhas bochechas avermelhadas, e em um rompante de tempo, acordo desesperada. Não sei o motivo, não tem nenhuma cena de susto ou medo para que possa me assustar, mas eu sempre acordo suando frio e com o peito queimando por dentro, como se fosse uma folha de papel frágil pronta para rasgar e os pedaços se perderem.
Faltava duas horas para minha primeira aula do dia começar, por isso acordei mais cedo por conta do meu despertador diário, que aparecia todos os dias em minha cabeça — o sonho com o garoto misterioso — e me despertava de uma noite de sono tranquila.
Me arrumei formalmente, como se fosse para um dia normal, enrolei a alça da minha bolsa em meu ombro, tomando uma dose completa de coragem, e lutando para que minha curiosidade continuasse maior que meu medo, porque eu já estava no meio do caminho e não podia voltar.
Avanço mais alguns passos e cá estou eu novamente. Na frente do cantinho da leitura. Parando para pensar agora, que nome mais infantil e sem graça.
Eu não sei o que fazer agora, as engrenagens da minha cabeça ainda rodava com lentidão me fazendo processar o que exatamente eu vim fazer aqui. Porque eu voltaria para o lugar que quase morri? O questionamento dessa pergunta que se enquadra em mim passa por minha cabeça, fazendo eu ficar pensativa.
Será que eu estava aqui por conta do meu interesse naquele garoto misterioso? Não, eu não seria tão curiosa a esse ponto.
Um barulho de galhos sendo quebrados me assusta de meus pensamentos, fazendo eu apertar as alças da minha mochila com mais força. O vento começa a tomar mais destaque no ambiente, e eu sinto uma queimação estranha se apossar das minhas costas, e engoli seco procurando outra vez um motivo para eu estar aqui.
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𝐁𝐎𝐔𝐍𝐃𝐋𝐄𝐒𝐒
FanfictionJavon é possuído. Ele tinha metade de uma alma perdida no corpo dele, que fazia ele ter comportamentos e jeitos estranhos. Mas naquela época eu não sabia disso, e deixei ele entrar na minha vida. Javon em meu vocabulário significava ódio, terror, ca...