1 - Agenciada

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Atualmente.

Makenna Hale

—Isso não é a pior coisa do mundo, Makenna – a moça com vestido preto e sensual, tinha cílios postiços e silicone. Era apenas alguns centímetros mais alta que eu, e usava joias caras – mas lhe garanto linda, se essa não fosse a melhor solução, eu não traria uma moça maravilhosa como você para isso.

Eu estava protelando a quase duas horas desde que fechei a porta do meu apartamento, se é que poderíamos chamar esse lugar disso, pensando nas palavras da bonita Annabella.

Ela havia me emprestado seu tablete, e seu modem de internet, já que eu não tinha nada nem perto disso por aqui.

O barulho do lado de fora do meu apartamento era irritantemente alto, mesmo para quem já está acostumado. O vizinho da rua da frente dava uma festa, mulheres seminuas dançavam ao lado de homens fumando cigarros de maconha. Havia uma briga na casa da vizinha do lado esquerdo, pela segunda vez em três dias.

Eu havia me metido naquela briga apenas uma vez, quando a mulher havia apanhado demais e eu intervi, eu passei a noite toda no hospital com ela, paguei pela sua receita cara e a levei na polícia para denunciar, menos de uma semana depois o marido estava de volta à casa dela, e ela nem ao menos olhava na minha cara, de vergonha ou de raiva, por eu ter me metido e talvez aproveitado da sua fragilidade para coibi-la a denunciar seu adorado esposo... Que estava bêbado e ameaçando bater nela de novo. Eu tive que lavar minhas mãos.

O vizinho de porta da frente, um senhor de setenta anos tentava ouvir música clássica alto para se isolar do barulho da festa, e a vizinha da direita, do lado da parede da minha cama estava chorando de novo, seu namorado havia sido morto duas ruas dali por causa de uma dívida de drogas.

Eu sentia muito por ela, apesar de saber, que logo ela arrumaria outro pior do que ele para ser morto também, ou ela ir no lugar dele.

Eu odiava aquele lugar.

Principalmente agora que eu estava morando sozinha há quatro meses. Minha casa era pequena demais e mal mobiliada, uma copa e um quarto, com um banheiro minúsculo que infiltrava a parede do meu guarda-roupa. Minhas roupas estavam penduradas fora dele, passadas e engomadas. Elas não estavam mais novas, mas muito bem cuidadas, quando você não pude sair comprando o mundo a fora de roupa, você tem que cuidar do que tem.

Eu cuidava.

Não havia um copo sujo na pia, e nem um pó sobre meus móveis. Minha casa estava arrumada, mesmo minha geladeira e armário tendo apenas ingrediente para sanduíches de atum, de pasta de amendoim e mortadela que eu levava para o serviço para economizar. Meu salário mal deu para abastecer para os próximos dias e o que eu havia ganhado na boate, que eu servia mesas durante as noites, mal deu para pagar o conserto do meu carro velho que estava dando problemas de novo. E eu precisava dele para trabalhar, afinal era isso, ou vir da boate até em casa a pé, durante a madrugada, porque todos os táxis da cidade se recusavam a terminar de chegar ali.

Minha mesa de centro estava cheia de contas atrasadas que eu deveria pagar. Se já não sobrasse muito do meu salário nos dois empregos, Luke tinha aprontado a sua mais bela façanha me rendendo uma conta que custava 30% a mais do valor já alto que eu pagava para mantê-lo em uma boa escola de música.

Eu queria xinga-lo, puxar sua orelha, gritar com ele por horas seguidas por fazer isso comigo, mas eu simplesmente não conseguia fazer isso. Não quando eu sabia que seu comportamento, era apenas reflexivo ao meu passado.

Eu não podia desistir dele.

Mas estava custando minha vida tudo isso. Com uma faculdade trancada faltando apenas 12 meses para eu conclui-la, tendo meu sonho guardado a sete chaves em um armário, a proposta de estagiar na minha área em das melhores empresas do país, estava abalando minhas estruturas, além do imaginável.

Esposa por ContratoOnde histórias criam vida. Descubra agora