Prólogo

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« DEDICATÓRIA »

Esta fanfic é para você que não suporta mais o mundo do jeito que ele é e se sente impotente por não poder mudá-lo. É por todas as pessoas que gostariam que justiça realmente existisse, e por todas que merecem, de fato, um lugar melhor pra viver.



Somente quando viu o pedágio em sua frente e a moto desacelerou, Zayn percebeu que estava há, realmente, muitos quilômetros de distância de Londres. Uma hora de viagem tinha soado para si como se fossem cinco minutos, pois era o tempo total da música que ouvia repetidamente em seus fones. When I'm away from you, I'm happier than ever...

Estava há uma hora de distância de seu passado em um lugar que costumava chamar de inferno. Para alguns, Londres era uma cidade encantadora, grande, cheia de oportunidades e todas as besteiras que pessoas de fora costumam pensar para alimentar sonhos de viagem para a localidade.

Malik não conseguia enxergar dessa forma.

Desde que perdeu sua mãe 14 anos atrás, não sentia que havia alguma coisa boa em Londres para si — e em alguns dias tinha certeza disso porque seu pai de consideração, Mason, reforçava tais palavras.

— Boa tarde! — Uma atendente aparentemente simpática lhe disse quando sua Kawasaki se aproximou da cabine, ele levou a mão até o bolso da calça e abaixou o volume da música para poder escutar — Preciso de um documento com foto, por favor.

Esse tipo de pedido não surgia em pedágios e qualquer pessoa em sã consciência teria se tocado disso, entretanto, Zayn não estava em suas plenas faculdades mentais. Sequer olhou para a morena que tinha uma tatuagem realista de um pássaro de asas abertas em seu pescoço, mesmo quando entregou o documento solicitado para ela.

Agradeceu mentalmente por estar de capacete e a viseira ser escura, pois seus olhos estavam inchados o suficiente para que não quisesse os mostrar nunca mais em toda a sua vida.

— Certo, são duas libras — Disse a moça enquanto devolvia o documento. Malik pegou sua carteira e notou que, caso sua tia não aceitasse lhe dar abrigo, ele provavelmente passaria fome e dormiria na rua — Obrigada. Bem-vindo à Bravend! — Escutou depois de pagar por sua entrada.

Seguindo a estrada, Zayn se deu conta de que não fazia ideia de onde Shaza Malik morava, mas iria se preocupar com isso depois, afinal de contas sentia uma vontade de parar de dirigir um momento para tomar um ar.

Pouco antes de chegar ao centro da cidade, o motoqueiro decidiu parar em um posto de gasolina e abastecer, além de dar uma parada e se sentar em um banco do lado de fora do estabelecimento para respirar sem o capacete.

A verdadeira vontade existente dentro de si era de voltar para Londres e fazer o que sempre devia ter feito em sua mais sincera opinião: dar a maior surra possível em Mason por todos os 21 anos que tinha lhe feito se sentir culpado por simplesmente existir.

Só não tinha revidado de nenhuma forma até então a pedido de sua mãe. Em alguns momentos, chegou a sentir rancor da mulher por lhe fazer prometer algo tão difícil.

Mas lá estava Zayn cumprindo com o que lhe prometera e chegando a ir até outra cidade buscar abrigo com parentes que não via ou falava há anos apenas para tentar recomeçar ao invés de desistir de tudo.

Os olhos âmbar viram o céu azul quando ele jogou sua cabeça pra trás no banco, sentindo o vento suave e refrescante batendo contra sua pele.

Por que você me fez prometer que eu nunca desistiria? Eu só tinha 7 anos... Suspirou. Você mesma desistiu, caralho! Abaixou o olhar, sentindo os olhos marejar novamente ao recordar das últimas palavras que ouviu da boca de Patrícia: "... Mas eu nunca desisti de você."

Zayn Malik respirou fundo antes de puxar o celular quase sem bateria do bolso da calça, procurando pelo contato de sua tia mesmo que não tivesse certeza de que, depois de tantos anos, aquele ainda era o mesmo número.

Vamos, vamos... Pelo menos eu nunca mais vou precisar ver a cara daquele desgraçado!

Cada vez que a chamada dava um toque novo sem ninguém atender, Zayn se sentia mais ansioso e nervoso. Por favor, atende...

— Alô? — Ouviu a voz do outro lado da linha. Por mais que não falasse com Shaza há alguns anos, ainda conseguia reconhecer sua voz e por isso travou por um instante. Que cara de pau! Nunca a procurou pra saber se estava bem e agora vai pedir ajuda a ela... — Tem alguém aí?

— Oi, tia Zad... — O tom de sua própria voz era mais baixo, meio rouco, mas de qualquer forma a mulher conseguiu ouvir e reconhecer imediatamente.

— Zayn?! — A surpresa era nítida — Só um instante, é importante! — Parecia estar falando com outra pessoa, como se estivesse se afastando para poder responder o sobrinho — O que aconteceu, meu bem?

— Eu preciso de ajuda... — Ele não sabia que ainda existia água dentro de si e descobriu ao sentir, novamente, algumas lágrimas escorrendo por seu rosto — Me desculpe... Eu não devia estar te pedindo ajuda... Eu nunca nem falei com você direito...

— Zayn, respire! Eu estou aqui, me conte o que houve primeiro — O rapaz respirou fundo, sentindo um incômodo estranho e muito desconfortável dentro de seu peito.

— Meu... — Pai? Ele realmente é pai? — Ahm... Mason... Ele me expulsou... Eu não tenho casa...

Pássaros de BravendOnde histórias criam vida. Descubra agora