02: Ela odeia o Natal

182 41 150
                                    

O homem chamou o elevador e ele não demorou a abrir

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

O homem chamou o elevador e ele não demorou a abrir. Ao adentrá-lo, virou-se a tempo de ver a mulher caminhar sobre os saltos pretos até ele. Ela era corpulenta e estava elegantemente vestida numa saia preta e camisa rosa. Seus cabelos tinham ondas não exatamente uniformes mas arrumadas, até os ombros. Além disso, usava uma maquiagem leve, cujo batom ainda sobrevivia nos lábios, num tom de rosa discreto.

— Você mora num apartamento, não é? — Johann perguntou. — Onde é a casa da sua família?

— Não quero ir para a casa da minha família — ela respondeu, firme. — Eu te guio.

Johann tocou o botão do estacionamento subterrâneo e as portas do elevador se fecharam. As engrenagens de sua mente começaram a trabalhar.

— Que tal jantar comigo? — convidou, olhando para ela. — Por um acaso, também estou sozinho nesse Natal.

— Sem tios, irmãos?

Era impressão dele ou aquela era a primeira vez que ela se dirigia a ele sem parecer querer esganá-lo?

— Sem irmãos e meus tios moram todos no litoral — informou, os dois saindo do elevador. — Meus pais deveriam estar de volta hoje, mas o voo foi cancelado. Estou sozinho e você também. Aceita o jantar ou não?

— Há algum lugar aberto agora?

Johann apertou os olhos.

— Está fugindo de me responder?

Para a surpresa do homem, um sorriso surgiu no rosto da mulher. Por um instante, ele ficou preso na expressão e por pouco não bateu contra um enorme pilar quadrado de concreto. Maíra franziu as sobrancelhas ao ver isso, sumindo com o sorriso.

— Tem um pilar aqui. — Johann tocou o concreto, como que assegurando sua afirmação.

Sentiu-se um idiota e se adiantou para destravar seu carro com um botão do pequeno controle em sua mão. As luzes traseiras da Mercedes preta acenderam rapidamente, produzindo o som de destravamento. Caminhou até a porta do acompanhante para abrir a porta para Maíra, mas desistiu quando percebeu o quanto o ato pareceria impróprio se somado com sua gafe anterior. Deu meia volta e abriu a porta do motorista.

— Entra aí — disse.

Assim que se sentou no banco, ralhou consigo mesmo. Entra aí? Sério?

Maíra entrou no carro, fechou a porta e passou o cinto de segurança por seu corpo.

— Ar condicionado ou janelas? — ele perguntou após girar a chave na ignição.

— Janelas.

Johann dirigiu pelo centro da cidade decorado com luzes vermelhas, verdes, azuis, amarelas e tantas outras cores. Nas lojas haviam vários papais-noéis como decoração, além de renas, flocos de neve e árvores de Natal. Se fosse parar para pensar, os flocos de neve não faziam muito sentido. Estava fazendo um calor de 30°C e nunca nevava no Brasil — ou, ao menos, na maior parte do Brasil —, assim como a comemoração não focava na Pessoa certa.

A Data ImperfeitaOnde histórias criam vida. Descubra agora