Irene estava aos prantos. Ela estava vivendo um verdadeiro pesadelo
Ela estava deitada em cima do caixão
Sua mãe havia morrido...
- Não pode ser... Porque? - Ela dizia chorando.
- Calma - As pessoas que estavam em volta tentavam acalma-la. O que não deu certo
Seus olhos estavam inchados e vermelhos de tanto chorar.
Alem de Irene estar chorando pela partida da pessoa que ela mais amava, ela também chorava por medo, desespero.
Ela estava sozinha a partir daquele dia. Ela não tinha mais ninguém.
Irene tinha apenas dezessete anos.
Seu pai se é que ela pode o chamar assim, é um canalha que nem liga para a existência da filha, e muitas vezes bateu nela alegando que ela era apenas uma boca a mais para alimentar, que ela era uma inútil que não prestava para nada.
Seu irmão vivia bêbado caindo pelos cantos, se depender não lembra nem o próprio nome e não sabe nem que sua mãe morreu. Ou sabe e simplesmente não se importa.
E nenhum dos dois foi ao enterro apenas ela estava naquele enterro, e alguns amigos que sua mãe tinha.
Ela só tinha a mãe. A pessoa que ela mais amava. E se ela aguentou todo esse sofrimento a vida inteira, foi pela mãe.
E agora ver a pessoa mais importante em sua vida em um caixão a destruía de todas as formas.
Ela sentia uma dor no peito insuportável. Uma dor que ela não estava acostumada. Não era as mesmas dores de quando ela apanhava do pai ou era humilhada. Era uma dor diferente, uma dor de saudade da mãe.
Ela passa longos minutos ao lado da mãe que para ela durou segundos.
Ela estava pálida dentro do caixão. Mais pela primeira vez em toda sua vida, Irene viu um semblante de paz no rosto da mãe.
Também só assim para ela ter paz. Pelo menos não iria mais sofrer com os abusos do marido. E não eram apenas abusos sexuais, eram abusos sociais, emocionais, financeiros, e físicos. Ele cometia todos os abusos existentes contra ela. E Irene não ficava de fora também.
Ela vivia um verdadeiro inferno na terra.
- O caixão será levado - Um rapaz que trabalhava lá disse.
Irene olha para o rapaz e volta seu olhar para a mãe
- Porque?... Porque a senhora me deixou aqui? A senhora não podia ter feito isso mãe... a senhora era a única pessoa que eu tinha que eu amava com todas as minhas forças... - Irene fala desabando em lágrimas e abraçando o caixão.
Irene ficou ao lado do caixão até os últimos segundos possíveis. Até que ela viu a pessoa mais importante de sua vida, a única pessoa da sua vida, ser enterrada na sua frente e ela não poder fazer nada.
...
Casa é considerada um lugar de paz, tranquilidade, conforto, alegria. Um lar. Mais ela não sabia o que era isso. Para ela sua casa era um lugar totalmente oposto. Um lugar de confusão, desentendimentos, tristeza, traumas, humilhações, entre muitas outras coisas.
Ela voltou para casa, e já encontrou seu pai com cara de poucos amigos, e seu irmão não estava em casa, provavelmente ele estava bêbado caído pelos cantos da cidade.
Ela não olha na cara de seu pai
- Já acabou a palhaçada de enterro - Seu pai fala a ultima palavra com um certo nojo