Miguel de Cervantes dizia: "Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que são."Jisung sentia o estômago revirar, a cabeça zonza. Sua garganta estava fechando e o ar deixava seus pulmões à medida que reconhecia os sinais que seu corpo estava lhe dando. Ansiedade. Era uma crise de ansiedade - uma que não tinha há muito tempo. Sentou-se no piso frio do banheiro, encolhido contra a parede e a cabeça entre as pernas, respirando com dificuldade. Inspirava e expirava rápido, ainda sentindo falta de ar. A ânsia revirando completamente seu estômago, ao ponto de precisar fazer força para não vomitar ali mesmo.
Sentia que estava maluco. Completamente maluco.
Não conseguia fechar seus olhos. Os fantasmas dos garotos mortos estavam ali; em sua cabeça, assombrando-o. Culpando-o. Tinha visões com os corações embalados nas caixas que recebeu. As palavras da assassina martelando sua mente, como um disco arranhado que lhe dava dores de cabeça. Quando aquilo iria parar? Quando seria o fim?
Jisung mordeu os lábios com força, segurando os soluços que ameaçavam escapar. Estava tentando - e muito! - ser forte, mas não era fácil. Levantar, ir trabalhar, apenas para se deparar com o horror que estava vivendo? Com as mortes que precisava encarar, pois eram claramente sua culpa? Não estava bem.
Nada estava bem. Estava colapsando.
Arrastou-se até o vaso sanitário, colocando todo o conteúdo de seu estômago para fora. Desabou, por fim, sentindo o gosto ácido da culpa e do estresse. Foi nesse momento que escutou passos se aproximando e a maçaneta girando. Segundos depois, alguém se agachou ao seu lado e uma mão tocou seu ombro. Não conseguiu levantar a cabeça. Não queria que ninguém o visse dessa forma; acabado e vomitando.
- Sunggie? - A rouca voz de Felix o chama.
Jisung não responde, incapaz de dizer qualquer coisa. Aprecia a preocupação do primo, mas ele seria incapaz de ajudar naquele momento. Felix abre e fecha a boca várias vezes. O que diabos iria dizer? Não sabia quais palavras usar naquele caso. Porra! Tinha uma assassina atrás de Jisung! O que é que poderia dizer para amenizar um fato tão horrível?
- Pode deixar que eu assumo daqui - Ouviu Minho dizer baixo para o primo.
Sente a mão de Felix deixar seu corpo e a porta se abrindo e fechando. Então, Minho está ao seu lado, sentado no chão. Jisung se encolhe e limpa a boca com as costas da mão, fechando a tampa do vaso em seguida. Evita olhar para Minho, com vergonha de sua cena patética, escolhendo encarar os ladrilhos do piso. Seus olhos ardem e as lágrimas escorrem de seus olhos. A respiração ainda é rápida e sente vontade de arrancar seu cabelo.
Minho se aproxima mais e passa a acariciar as costas de Jisung, em um singelo carinho de conforto. Han fecha os olhos, tentando se concentrar no carinho e esquecer do resto. Minho, vendo a reação ao seu toque, puxa o corpo de Jisung delicadamente contra o seu e lhe abraça. Isso faz com que Jisung relaxe nos braços do outro e se afunde neles. Suas lágrimas molham a camisa do outro agente, mas ele não se preocupa com aquilo no momento. O importante é o carinho que sente em seus cabelos, lembrando do cafuné que sua mãe fazia enquanto tinha crises na adolescência.
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Causa Mortis: obssesio
FanficEm meio a uma onda de assassinatos perturbadores que assola Incheon, as autoridades policiais são forçadas a tomar medidas extremas. Com o objetivo de desvendar o mistério por trás dos crimes, Lee Minho e sua equipe de elite são chamados para inter...