Chapter-7

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Cheguei em casa com um sorriso de orelha a orelha.
Eu mal podia acreditar que tinha dado meu primeiro beijo... e que tinha sido perfeito.
Queria tanto contar pra alguém, mas... quem?
Não tenho amigas pra dividir essas coisas de menina.
Só a Marta, mas seria constrangedor contar pra ela que eu beijei o irmão dela.
E tinha o Colin... meu primo e, depois de Dicon, meu amigo mais próximo.

Assim que pisei em casa, ouvi a "querida" da Medlock.

Medlock:
— Mas que sorriso é esse, menina?

Mary:
— A-ah, nada, senhora Medlock.

Medlock:
— Vá lavar as mãos e venha, o almoço está pronto.

Subi em silêncio, mas por dentro estava surtando.
Depois de almoçar, fui correndo pro quarto do Colin — precisava contar pra ele sobre o jardim, sobre tudo.

Mary:
— Colin?

Colin:
— Mary! Estava te esperando.

Mary:
— Ah, Colin... o jardim está tão lindo! Está florido, cheio de ninhos de passarinhos... o cheiro é tão agradável e as flores est—

Colin:
— Tá, tá... calma. Você está sorridente demais.
O que aconteceu?

Mary:
— A-a-ah... nada de mais.

Colin:
— Mary... me diga de uma vez!

Mary:
— Tá bom... eu... eu dei meu primeiro beijo!

Falei rápido, quase gritando.

Colin:
— Você o quê?! Beijou alguém? Assim, tipo... como nos livros?

Mary:
— Depende do livro... foi mais como Romeu e Julieta, eu acho.

Colin:
— Quem... quem foi?

Mary:
— O Dicon.

O rosto de Colin mudou na hora.
Ele fechou a cara e desviou o olhar, visivelmente incomodado.

Colin:
— Ah... o Dicon.

Mary:
— Colin... tá tudo bem?

Colin:
— Tudo. Só achei... curioso.

Mary:
— Por quê?

Colin:
— Nada, esquece.
É que... eu pensei que a gente era mais próximo, sabe?
Mas parece que você prefere ele.

Mary:
— Colin, não tem nada a ver. Você é meu primo, meu amigo. Com você eu posso contar tudo!
Mas com Dicon... foi diferente. Foi o meu primeiro beijo, e eu... eu gostei.

Colin:
— E ele? O que ele disse?

Mary:
— Que eu fico fofa quando fico vermelha... e me chamou de princesa.

Vi Colin apertar as mãos sobre o lençol.

Colin:
— Ele não devia dizer essas coisas.

Mary:
— Colin...
Ele ficou em silêncio.

Mary:
— Mas sabe de uma coisa? Você também é importante pra mim.
Sei que às vezes você é rabugento e mimado, mas eu gosto de você, do jeito que é.

Ele sorriu de leve, meio sem graça.

Colin:
— Bom... se você ficar boba assim com qualquer garoto, vou ter que vigiar, hein?

Mary:
— Bobão!

Rimos juntos até que deu o horário dos remédios.
Eu precisava ir antes que a Medlock aparecesse.

Assim que cheguei no meu quarto, deitei e dormi como uma pedra, o coração ainda leve... e um pouco confuso.

O jardim secretoOnde histórias criam vida. Descubra agora