chapter-6

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Eu ainda consigo lembrar da última memória com minha mãe.
Lembro dela fazendo carinho no meu cabelo, enquanto eu estava deitada no colo dela.
Conversávamos sobre garotos — porque minha amiga indiana, Alia, que tinha a minha idade, ia se casar com um jovem nobre.
Minha mãe então me contou sobre o primeiro beijo dela.

Mãe:
— Eu tinha a sua idade. Ainda morava na Inglaterra.
Havia um colega de classe... amigo do seu tio Craven. Ele era fofo, tinha olhos verdes e era moreno... um sonho.
Um dia, ele me mandou um bilhetinho, pedindo para me encontrar com ele no auditório.

S/N:
— E a senhora foi?

Mãe:
— Fui, kkkkk.
Quando cheguei lá, ele estava me esperando com flores... e então aconteceu.
Foi algo memorável.

S/N:
— Nossa... que fofo.

Mãe:
— Por isso te digo, filha... o seu primeiro beijo tem que ser com alguém especial.
E, acima de tudo, você tem que estar pronta.

S/N:
— Pode deixar, mãe.

Guardei essa lembrança no coração.
Hoje de manhã, enquanto lia um dos milhares de livros da biblioteca do meu tio, essa conversa me veio à cabeça.
Então decidi ir até o jardim ver se estava tudo em ordem.

Lá, encontrei Dicon regando a Imperatriz da Índia, que a cada dia estava mais linda.

S/N:
— Oi, Dicon.

Dicon:
— Oi, S/N. Como vai?

S/N:
— Bem. As flores estão crescendo tão rápido... mal posso esperar pela primavera.

Dicon:
— Isso aqui vai ficar tão colorido... venha, me ajude a regar a Dia Flor.

Fui ajudar, e num instante inesperado, nossas mãos se tocaram.
Um arrepio percorreu meu corpo, como se eu tivesse engolido borboletas.
Nossos olhos se encontraram.
Os dele eram tão lindos... emanavam alegria e inocência.
Fiquei hipnotizada.

Senti a respiração dele se aproximar.
Estávamos tão próximos que eu podia ver cada detalhe da sua face.
Então, uma de suas mãos tocou suavemente o meu rosto... e nossos lábios se encontraram.

Foi o primeiro beijo.

Perfeito — exatamente como minha mãe disse que seria.
Nossos lábios dançaram em sincronia, e o mundo ficou em silêncio ao redor.
Era como se houvesse ímãs entre nós, e não pudéssemos nos desgrudar.

O beijo durou um tempo considerável.
Quando nos separamos, vi Dicon sorrindo como uma criança que ganha um brinquedo novo.
Aquilo aqueceu meu coração.

Seus olhos brilhavam.

Foi então que escutamos, ao longe, o sino do almoço.

O jardim secretoOnde histórias criam vida. Descubra agora