Nadei, nadei tanto...

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Izuku adormeceu tarde devido aos pensamentos incômodos que surgiam em sua cabeça.

Chisaki tinha sido direto, Shigaraki ainda não tinha desistido e Izuku não sabia mais se era uma boa ideia continuar encontrando Katsuki. Era perigoso e não conseguiu evitar o desapontamento em não mais poder ver o alfa. Ele parecia tão bom para si, tanto a ponto de se perguntar se não era o destino certo a se cumprir.

Izuku não era nada afinal, não merecia alguém como ele.

Ajustou Eri adormecida ao seu lado na cama e alcançou hesitante o celular sobre o móvel de cabeceira. Titubeou para abrir o aplicativo para falar com o alfa e começou a digitar, seus dedos trêmulos como quem não quisesse fazer o que mandavam.

O que escreveria? Tinha suas dúvidas, nem queria mandar a mensagem...

"Oi... boa noite, descul..." — apagou, depois recomeçou — "Boa noite! Sou eu, Mido..." — apagou de novo, indeciso — "Peço desculpas pelo horário..." — Certo, talvez fosse um bom começo... era 00h14, então acreditava que Katsuki não poderia estar acordado esse horário.

Ele esperava, pelo menos.

"Peço desculpas pelo horário, Bakugo-san. Eu queria... dizer que não vou poder mais encontrá-lo e sinto muito, eu peço imensas desculpas por isso e sinto muito só conseguir avisar em cima da hora. Não foi de propósito, eu juro. Eu queria dizer que adorei nosso primeiro encontro e o senhor é um ótimo alfa, eu rezo para que encontre o que procura e peço desculpas mais uma vez.

Foi ótimo conhecê-lo."

Só não queria que Katsuki respondesse – não queria saber qual reação negativa ele teria –, por isso virou o celular com a tela para baixo e deixou-o abaixo do travesseiro para tentar dormir.

Isso. Tinha que dormir.

Abriria cedo o sebo amanhã para que seu pai pudesse descansar um pouco mais. Precisava dormir. Daria uma desculpa qualquer sobre não poder ir ao encontro para seu pai e... seu coração parou, petrificado por se lembrar da boa vontade que o antigo namorado de sua mãe teve em pagar a taxa de inscrição da agência e incentivá-lo a encontrar alguém especial.

Ele queria que Izuku fosse feliz, de coração, ele queria.

E o ômega não soube mais o que fazer. Talvez conseguisse conversar com Chisaki sobre isso? Seria perigoso, mas, caramba tinha que fazer algo, não poderia desperdiçar a boa vontade de seu pai.

[...]

O cheiro denso de queimado ficara tão grotesco no ar que Izuku não conseguiu continuar dormindo. Seus olhos apertando incomodados pelo sono recente.

O choque da situação o fazendo despertar no súbito.

Levantou-se confuso e estancou com o medo que o assolou ao ver o teto coberto por fumaça preta, algo estava pegando fogo e Izuku tremeu ao não ver seu pai deitado no pequeno sofá do corredor. Foi à cozinha correndo e olhou pela janela, não conseguindo ver o que havia acontecido pelo calor que tomou seu rosto, a tosse entalada na garganta. Voltou apressado para o quarto depois de molhar o pano de rosto do banheiro e arrancou Eri da cama, assustando-a pelo momento, mas tentando aconchegá-la em seus feromônios calmantes e pedindo baixinho com a voz trêmula para que ela deixasse o pano sobre o nariz e a boca.

Havia muitas caixas de livros em cima da mesa e ao lado da pia, Toshinori havia comprado alguns durante a semana e pretendia colocá-los no depósito depois de etiquetá-los, mas apenas serviria de combustível se as chamas chegassem até lá.

O fogo não parecia ter chegado no segundo andar, afinal.

Tentou descer as escadas para a saída e travou no meio do caminho sentindo o quente assombrar sua pele, virou Eri para o lado oposto e cuidadosamente foi descendo, e assim que chegou no térreo pegou a chave da entrada que pendurava no suporte atrás do caixa. As prateleiras do Sebo estavam submersas em chamas e Izuku entrou em pânico quando viu seu pai caído no fim do primeiro corredor largo, a porta de trás aberta e sangue fugindo de sua cabeça.

Over Me [BakuDeku (ABO)]Onde histórias criam vida. Descubra agora