capítulo 2

1.7K 261 105
                                    

- Meu nome é Freen. Ouvi dizer que você está procurando por mim?

Nam se levantou de onde estava com as meninas quando o telefone escorregou das minhas mãos e caiu no chão de madeira. Minhas mãos suavam demais para segurá-lo e meu coração estava acelerado demais para sequer pensar em pegá-lo.

- Becky, você está bem? - Eu nego. - O que está acontecendo?

Meus olhos ainda bem abertos com a revelação de quem estava ligando. Sem pensar, pego o telefone da mão de Nam e coloco no ouvido.

- Ainda aí? - Cheguei ao final da pergunta.

- Sim, sim, ainda estou aqui. Realmente não sei o que dizer agora. - Gaguejo, gesticulando com as mãos para Nam tirar as meninas da sala. Eu a ouvi dizer para elas terminarem de pintar no quarto delas, o que elas não têm permissão para fazer, e Emily gentilmente a lembrou.

- Eu também não, para ser honesta. - Uma pausa preenche o ar, um sorriso se formando em meu rosto.

Nam retorna para a sala, me guiando até o sofá.

- Como você conseguiu esse número?

- Oh, Deus, você não queria que eu ligasse para você? Sinto muito, pens-

- Não, não, Freen. - Os olhos de Nam se arregalaram ao reconhecer o nome. - Estou tentando encontrar você há meses. Só não esperava receber uma ligação sua, então estou em choque. - Eu expliquei para ela.

- Desculpe por chocar você, então... e fazer você deixar seu telefone cair. Espero que seu chão não tenha sido danificado.

- Meu chão? Você não quis dizer meu telefone?

- Não, os pisos são mais difíceis de substituir.

- Uau. - Eu rio. - Acho que você está certa. Não acredito que estou falando com você.

- Você não consegue acreditar? - Ela pergunta, incrédula. - Eu não posso acreditar nisso. Alguém gostaria da minha doação, muito menos me encontrar.

- Você tem uma filha linda. - Eu falo.

Oh merda, por que eu disse isso? Eu nem sei se ela ligou porque ela está interessada como eu, ou para me pedir para parar de procurá-la. Pelo o que eu presumi...

- Me alegra escutar isso. -  Ela interrompe meus pensamentos. Sua voz se encheu de tristeza, como se ela estivesse chorando. - Estou muito feliz em ouvir isso. -  Ela definitivamente está chorando.

Lágrimas enchem meus olhos e antes que eu perceba, nós duas estamos chorando ao telefone. Não estamos dizendo nada, apenas preenchendo o silêncio com sons nasais e respirações profundas. Nam me oferece um lenço de papel e eu aceito.

- E ela é tão inteligente, engraçada. Ela é muito atrevida, algo pelo qual eu deveria agradecer. - Nós duas transformamos nosso choro em pequenas risadas. - Ela está perguntando sobre você.

- É por isso que você está me procurando? - Concordo com a cabeça, sem pensar que ela não consegue ver minha resposta, até que Nam me faz falar.

Eu limpo minha garganta.

- Sim. Quer dizer, sempre tive curiosidade, mas ela está muito desesperada para conhecer você e isso me deu o empurrão para iniciar o processo. Espero que isso não tenha sido um problema, eu odiaria ser um incômodo e-

- Não, não, está tudo bem. Sinceramente, quando fiz a doação, fiquei amiga de uma das enfermeiras que trabalha lá. Talvez pareça um pouco estranho, mas tive que explicar para ela o que uma mulher estava fazendo ali com a intenção de doando. Ela me apoiou muito e estava muito curiosa também, como você poderia suspeitar. - Eu deixei ela explicar. - De qualquer forma, ela me contatou ontem à noite, explicando que uma amiga dela estava perguntando sobre mim. Ela explicou a situação, a sua situação. Mas não achei que mesmo assim seria muito difícil encontrar minhas informações.

The Donor Onde histórias criam vida. Descubra agora