Talisman

Bônus - Parte Final

Entrei no hospital de mãos dadas com a Josie, ela ia na frente e parecia tão despreocupada, não fazia ideia do turbilhão de sentimentos que me assombrava. Pensar no que aconteceu com a mãe da Caroline era assustador. Sangue de vampiro não curava, não existia nada que pudéssemos fazer caso desse tudo errado hoje.

- Amor... Hope. - A olhei confusa por ela estar me chamando e percebi sua expressão de dor, olhei para nossas mãos unidas e soltei imediatamente, percebendo que estava aplicando força demais no aperto. Estava distraída em pensamentos negativos. Minhas inseguranças me sufocando, minha mente me forçando a enxergar que eu não merecia ser feliz.

- Sinto muito, Josie. - Ela apenas sorriu para mim e caminhou mais alguns passos em direção a recepção.

- Estou aqui para pegar meus exames. - Dizia, sua voz suave e simpática.

- Se não disser seu nome, fica difícil adivinhar. - Suspirei, me controlando para não arrancar a cabeça dessa mulher. Josie era tão adorável, por que as pessoas eram rudes com ela? A expressão dela caiu e a bruxa suspirou.

- Josette Saltzman. - Falou, um pouco sem graça. A mulher lhe entregou uns papéis. - Agora terá que aguardar para mostrar ao médico.

Nós esperamos longos minutos, até que ela foi finalmente chamada. Eu estava terrivelmente quieta. Não tinha motivos para dar tudo errado, certo? Josie estava bem. Ela é jovem, não tem como ter algo errado com ela. De jeito nenhum tem como Josie não ser saudável. Eram apenas loucuras da minha cabeça, talvez eu estivesse paranoica, afinal, sou filha do meu pai, não era nada incomum deixar que as paranoias me consumissem.

- Fique aqui, eu já volto. - Ela disse, sorrindo para mim. Não consegui dizer nada, fui uma covarde e a deixei ir sozinha.

Eu preferia um milhão de vezes ter que lidar com Dark Josie, do que ter que passar por uma coisa dessas de novo. Esperando o resultado de um exame que tinha possibilidades de dar errado de tantas formas. Josie estava demorando mais do que achei que fosse. Já tinha passado meia hora. É oficial, não podia estar certo tanta demora assim para ele dizer que estava tudo bem. Não deveria demorar tanto.

Estava prestes a entrar lá qundo Josie surgiu no corredor. Analisei minuciosamente sua expressão, meu coração acelerou completamente ao vê-la pálida, seus olhos vermelhos.

- Josie, o que foi? - Ela não respondeu, apenas me olhou triste.

- Ele... Ele viu algumas... Manchas--

- Não. - Disse, sentindo meu coração contrair-se em dor.

Não podia ser.

Não.

Não.

De repente as luzes começaram a piscar sem parar, algumas apagaram e eu estava sozinha no lugar. Não tinha mais recepcionista ou Josie. Só eu.

- Que merda... Josie! - Gritei, a procurando.

- Oi de novo. - Virei-me em direção a minha própria voz, vendo uma cópia exata de mim, me olhando com uma evidente ironia.

- Achei que tivesse me livrado de você. - Falei, olhando minha evidente versão sem humanidade.

- Parece que terei que tomar o controle novamente quando sua querida Josie se for. - Pressionei meus dentes com raiva.

- Ela me prometeu. Eu não vou perda-lá. Isso é só a droga de um pesadelo! - Falei, com ódio.

- O que será que vai acontecer quando ela se for? Câncer? Oh, uma das doenças que você não pode curar. - Ela dizia, transmitindo diversão nas palavras e no olhar.