Coincidência?

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!!TW: Este capítulo pode conter conteúdo sensível para algumas pessoas.!!






Passando perto dos garotos, você apenas cumprimentou com um baixo "boa noite". Era difícil socializar; se já era complicado em sua antiga cidade, definitivamente seria ainda mais aqui. Andando até o elevador, ainda receoso do ocorrido mais cedo, decidiu ignorar, afinal, eram apenas coisas de sua cabeça. Talvez algum filme de terror que você tenha lembrado? Mas não era real, definitivamente não! Não poderia ser real.

Seguindo para o apartamento, você chegou com a grande caixa de pizza que cheirava muito bem. Todos estavam sentados na mesa, aproveitando o conforto em família de estar em um novo lar. Afinal, era uma conquista!

-Mamãe iria gostar daqui! Não é, papai?

Ah, Deus, aquilo foi o suficiente para sentir uma facada no peito. Seu coração disparou, e um peso tomou conta entre você e seu pai. Mamãe havia ido embora, não aguentou as vozes que ela ouvia, coisas que ela via. Seu pai logo te despertou de seus pensamentos, limpando a garganta.

-Sim, filho, ela adoraria.

Imediatamente perdendo o apetite, a pizza desceu à força em seu estômago.

-Suas aulas começam na semana que vem.

Erguendo a cabeça rapidamente, você olhou para seu pai, confusa e ainda melancólica.

-Hum? Ah, sim... a escola.

Tentando quebrar o gelo, o mais velho continuou.

-Sei que não é fácil se adaptar a um novo lugar, querida, mas veja pelo lado positivo, será uma nova oportunidade.

-Sim... mas não sei como são as pessoas daqui, pai. Não sei se vou entendê-las.

-Que tal explorar por aqui depois? Quem sabe não acha alguém?

Na mesma hora, veio a imagem dos dois garotos em sua cabeça. Alto, cabelo longo e castanho escuro, camisa de banda, calça jeans desbotada e um coturno. Cabelo azul e longo amarrado em um par de Maria Chiquinha, moletom preto, calça jeans desbotada vermelha, ALL star azul e o que mais lhe chamou atenção: seu rosto mascarado.

-Sim, quem sabe.

Após a refeição, você ficou responsável por lavar a louça do jantar enquanto seu pai arrumava seu irmão para dormir. Ainda mantinha-se pensativa em relação a toda essa nova mudança. Com a louça limpa e o irmão dormindo, apenas faltava você descansar após um dia duro. Dirigindo-se ao banheiro, realizou sua rotina noturna e se preparou para desmaiar em sua cama.

Às dez, às onze, à meia-noite! Você não conseguia dormir de maneira alguma. Virava a cama de ponta cabeça, mas ainda mantinha-se acordada. A luz vermelha do despertador iluminava seu quarto, mas não o suficiente para deixá-la acordada. Decidiu então rezar para esfriar a cabeça, ajoelhando-se no chão frio de seu quarto.

"Em nome do pai..." - Na mesma hora, um pente em cima de sua penteadeira recém-montada caiu. Levantando-se rapidamente, o colocou de volta e continuou a oração. Ao abrir a boca para rezar novamente, ouviu um barulho atrás de você. "Não é possível!" Levantando-se novamente, arrumou a pequena escova na penteadeira.

O espelho chamou sua atenção, revelando uma sombra na sua altura, escondida no canto da parede. Virando-se assustada, não viu nada. Novamente olhando para o espelho, não havia nada ali. Você suspirou fundo, sentindo suas mãos suarem frias. "São apenas coisas da minha cabeça." Afirmou para si mesma enquanto se dirigia à cama, cobrindo-se rapidamente.

Após pelo menos mais de 30 minutos, você estava dormindo em um sono profundo; naquela mesma noite, sonhou com sua mãe. Saindo do quarto, a luz amarelada da cozinha estava acesa. Confusa, se aproximou e viu seu irmão, seu pai e... sua mãe? Um aperto no coração tomou conta. Sentou-se em frente à sua mãe, ainda confusa. "Mãe?" - disse em um sussurro. Ela estendeu o braço, apertando sua mão enquanto te olhava.

"Filha... ah, minha filha... seja sábia! Não acabe como eu." - "Como assim?" - "Shhh, vai ficar tudo bem." - "O que vai ficar tudo bem?" Tudo em volta começou a ficar embaçado. "Mãe! O que tá acontecendo?!" A mais velha não respondia mais, apenas soltou sua mãe com um sorriso no rosto. Seu pulmão queimava, onde estava o ar?! Tudo estava totalmente diferente, e o medo a consumia. Sua única saída era gritar para que alguém a escutasse. Em um forte impulso, você despertou em sua cama, respirando fortemente em busca de ar.

"Mãe..." - sussurrou para si mesma enquanto se acalmava. Uma onda de cansaço tomou conta do seu corpo, e logo deitou-se respirando pesadamente. Novamente adormecida, conseguiu seguir o resto da noite em paz.

Um barulho agudo a tirou de um sono pesado enquanto uma luz vermelha refletia levemente em sua parede. O despertador tocava marcando 07:00AM. Levantando-se lentamente ainda cansada, desligou o despertador. Sentada na beira da cama, pensava no sonho que teve. Poderia ser apenas uma grande saudade de sua mãe, não é mesmo? Todas as palavras que ela disse se repetiam em seus pensamentos. "Apenas um sonho, nada demais!" - afirmou para si mesma, dando tapinhas leves em seu rosto. Calçou seu par de pantufas e saiu em direção ao quarto de seu irmão para acordá-lo. Seu pai ainda dormia tranquilamente, e seu irmão caçula pediu mais cinco minutinhos de sono. Assim, só restou você acordada.

Os ovos mexidos cheiravam bem enquanto os preparava na frigideira. Após deliciar seu café da manhã, sentiu-se entediada e decidiu explorar o apartamento. Vestindo a roupa mais confortável à sua frente, saiu silenciosamente do apartamento e começou a andar pelo longo corredor, repetindo a mesma frase ao se lembrar de sua conversa com seu pai.
você percebeu que o clima do sonho com sua mãe trouxe uma mistura de nostalgia e ansiedade, deixando-a com uma sensação intrigante pela manhã.



𝐸𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠- 𝑆𝑎𝑙𝑙𝑦 𝐹𝑎𝑐𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora