A pequena fantasma falou com a voz doce de uma criança.
- Por que vocês falam tantas palavras feias?
Naquele momento, seu corpo pareceu paralisar, questionando a realidade. Estaria sonhando? Será que um espírito realmente estava à sua frente?
- Desculpe, Megan. Ela não está acostumada-Sally olhou para você, e seu olhar refletia surpresa.
Mesmo naquele estado, você se atreveu a examinar o rosto da pequena. Agia por impulso e medo, estendendo a mão, mas ela atravessou como se tocasse gelo. A risada aguda da garotinha ecoou, encontrando humor na situação.
Como ela chegou ali? Uma alma tão jovem já enfrentando a morte sem ter aproveitado a vida deixou você pensativa, mantendo-se abaixada em sua frente.
"- Não é possível..." você sussurrou enquanto se levantava, um tanto zonza. Aquilo não podia ser real! Sua mãe também afirmava o mesmo. Seus pensamentos voltaram ao passado, quando seu irmão ainda não havia nascido. Lembrava-se de ver sua mãe saindo de consultas semanais, sempre apreensiva.
No carro de seus pais, os dois conversavam seriamente sobre sua mãe.
"- Querida, você sabe que são apenas coisas da sua cabeça, certo? Não se preocupe com isso. Talvez alguns medicamentos ajudem, não?" -Seu pai parecia preocupado diante da situação, sempre afirmava que aquilo não era real.
"- Eu sei o que eu vi! Eu não estou louca, eu senti tudo aquilo. Eu ouvi suas vozes, vi seus rostos, eu sei do que estou falando!"
- "Não, não sabe! Você não tem noção do que está falando!"
Ah, Deus, era mais uma das brigas de seus pais sobre o mesmo assunto. Aquilo a incomodava bastante, principalmente por ser o mesmo motivo. Seus pensamentos rapidamente avançaram para o dia do funeral de sua mãe. Ela não havia aguentado e tirou sua própria vida. Ninguém acreditava nela.
-(Seu nome)? Cara, acho que ela não tá bem não.
Uma voz rouca e grossa te tirou dos seus pensamentos, e Larry estava à sua frente, apertando seus ombros para te tirar daquele transe. Você despertou apreensiva, olhando para o rapaz.
Você olhou para Larry e, novamente, para a fantasma ali parada à sua frente. Foi como um gatilho perfeito, fazendo seu coração disparar imediatamente. Sua respiração tornou-se pesada, e suas mãos formigavam aos poucos. Lentamente, lágrimas quentes escorreram pelo seu rosto enquanto você se afastava.
Sally rapidamente olhou para você, preocupada, junto com Larry.
- (Seu nome), ei, está tudo bem? Ela não vai fazer nada, não se preocupe- Disse o azulado enquanto se aproximava.
- Eu não consigo ficar aqui por mais tempo." Sua voz saiu trêmula. "Me tira daqui, por favor.
-Puta merda, acho que ela tá passando mal!- Larry comentou com Sally, enquanto os dois não sabiam o que fazer -Bora sair daqui.
-Já vão? Eu também tenho que ir! Não posso ficar muito tempo.- A voz de Megan ecoou pelo banheiro, e em segundos, ela pareceu ser sugada, simplesmente desaparecendo.
Sally foi em direção à saída, enquanto Larry a acompanhava por trás.
-Vamos, rápido.
Você e os rapazes saíram, desviando de algumas teias de aranha no corredor. O caminho permanecia em silêncio, pois falar seria a última opção agora.
No elevador, o silêncio persistia quando Sally se manifestou.
- Não era nossa intenção, tudo isso que aconteceu... mas... é real. É real há muito tempo.
Você não respondeu; apenas encarava o além, trêmula, com o único pensamento em sua mãe.
- Qual o seu andar? Podemos te deixar lá se quiser- O moreno mantinha-se preocupado e espantado com a situação.
Naquela hora, não havia o que responder. Sua única ação foi apertar o botão e aguardar a descida do elevador. Quando chegaram, os rapazes se despediram de você, visivelmente preocupados. Você apenas deu um sinal de tchau e logo se virou para o corredor, andando rapidamente.
Chegando na porta do apartamento, seu choro não se conteve, começando a chorar novamente. Entrando rapidamente em casa, fechou a porta com força.
- Filha, você chegou... Espere, que cara é essa? O que houve?
Ignorando seu pai, apressou os passos para seu quarto e fechou a porta, fazendo um pequeno estrondo. Não deu tempo de se manter em pé; desabou ali mesmo no chão de seu quarto ao recordar-se de sua falecida mãe. Aquilo lhe causava uma dor imensa; se recusava a lembrar disso. Dessa vez não foi possível escapar; você correu em direção ao pequeno quadro que tinha de sua mãe e o agarrou, transbordando de lágrimas.
- Me diz que é mentira, mãe, me diz que é tudo mentira!
Soluçando, você andou abraçada com o quadro de sua mãe até a cama. Se deitou ali, cobrindo-se apertando os lençóis, repetindo para si mesma a mesma coisa.
-Me diz que é mentira.
Consequentemente, seus olhos se tornaram pesados e inchados, e logo se sentiu sonolenta. Não demorou muito para dormir, enquanto ouvia a batida de seu pai na porta.
Adormecendo rapidamente, você sonhou com sua mãe em um campo grande sob uma chuva forte e grossa. Corria rápido para encontrar abrigo, avistando uma silhueta feminina à distância. Ao se aproximar, percebeu que era sua mãe, trajando uma camisola branca já suja e molhada. Abraçou-a fortemente, lágrimas se misturando à chuva.
Sem conseguir falar, a chuva abafava qualquer som ao redor. Ao se afastar, notou um semblante assustado nos olhos de sua mãe enquanto ela olhava para longe. Estranho, já que em seus sonhos sua mãe sempre a acolhia tranquilamente.
Virou-se e deparou-se com algo perturbador. O verde do mato estava coberto de sangue vermelho. Ao se aproximar, encontrou um corpo totalmente ensanguentado, sem rosto, completamente desfigurado e exposto. Gritou alto, o desespero tomando conta.
Procurando por sua mãe, percebeu que ela não estava mais lá, e sentiu como se sua garganta fosse explodir em gritos. No mesmo instante, acordou com o coração acelerado, suada e respirando pesadamente. Olhou para o despertador: 6:33 AM. Oh não, estava atrasada para o seu primeiro dia.
Levantando-se rapidamente com batidas apressadas na porta, você a abriu com uma mistura de surpresa e urgência. Era seu pai, já arrumado para o trabalho, com uma expressão que denotava preocupação. Ele planejava te dar carona, mas o tempo não colaborava, as nuvens escuras no céu indicavam uma chuva iminente. A tensão aumentou enquanto você percebia que tinha poucos segundos para chegar à escola.
O vento frio batia contra o rosto enquanto você corria para o carro, seus pensamentos giravam em torno do que te esperava naquele lugar agora. A ansiedade misturava-se com a pressa, e cada gota de chuva que começava a cair aumentava a sensação de urgência. Como seria enfrentar o dia na escola diante dessa corrida contra o tempo? O futuro parecia incerto e as perguntas ecoavam em sua mente enquanto o carro se movia rapidamente pelas ruas molhadas.
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Oioi gente! Passei um tempo sumida e peço desculpas por isso! A história agora irá voltar mais ativa :) espero que gostem do capítulo de hoje
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𝐸𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠- 𝑆𝑎𝑙𝑙𝑦 𝐹𝑎𝑐𝑒
FanfictionVocê reside no misterioso apartamento Addison, em uma cidade aparentemente tranquila. A rotina com seu pai, e irmão caçula se desenrola em um intrigante looping. Contudo, uma presença enigmática, uma dupla de garotos que vagueia pelos corredores do...