brincando de fé- parte 2

67 5 0
                                    

A mulher logo olhou para mim, e era bem visível que seus traços eram parecidos com os de Larry. Talvez fosse muita sorte se ela fosse a mãe do garoto.

- Olá, querida, em que posso ajudar?

Ela vestia um macacão de trabalho roxo levemente desbotado e carregava um balde com produtos de limpeza. Cabelos longos e castanhos, olhos profundos; era possível que trabalhasse por ali.

- Você conhece um garoto chamado Larry? Alto e cabelo grande castanho!

- Ah, meu filho! Por que está procurando por ele?

Que sorte, pelo menos você não precisaria procurar andar por andar.

- Ah, bem, eu me mudei faz poucos dias e acabei encontrando ele e seu amigo Sally por aqui, vim para...

Falar a verdade? Não seria uma boa ideia.

- Fazer novas amizades. - Um sorriso pequeno estava no seu rosto enquanto disfarçava o nervosismo.

- Ah, que ótimo! Fico feliz em ver Larry se enturmando por aqui.

Após um tempo conversando sobre o lugar, que aparentemente era um bom local para morar, algo ainda a incomodava: aquele lugar era extremamente... quieto.

Voltando ao caminho de seu destino, novamente se viu descendo naquele elevador, já familiar para você. O elevador parou, e então o nervosismo tomou conta. O que você iria falar? Por que estava abandonado? Realmente, aquele lugar existe ou foi apenas um surto?

Pensando consigo mesma enquanto andava, parou em frente à porta, respirando fundo.

- Eu não acredito que estou fazendo isso... - disse baixo, resmungando enquanto batia na porta. Não demorou para a porta se abrir, e você se deparou com o moreno na porta.

- Cara, ela veio mesmo.

Você olhou por cima do ombro dele e viu Sally no fundo, esperando. O mesmo deu espaço para você entrar e fechou a porta, te acompanhando até o quarto.

- Então... - disse Larry.

Estavam os três no quarto, sentados, esperando você iniciar a conversa.

- Não sei como começar isso, mas como vocês moram aqui há mais tempo... o que tem naquele andar abandonado?

Os dois se encararam pensativos enquanto você esperava alguma resposta, qualquer resposta seria o suficiente para tirar tudo aquilo da sua cabeça.

- Acho melhor o Sally explicar, não sei bem como falar isso.

Sally respirou fundo, acomodando-se no puff.

- Olha, eu não sei muito sobre aquele andar, mas... não tem nada de normal ali. Aqui em geral não é normal. Quando me mudei para cá, estava acontecendo uma investigação policial de assassinato - soltou uma risada curta e abafada por debaixo da prótese.

- Que? Você está falando sério?! - Aquilo não poderia ser real. Como assim, um assassinato no lugar para onde você acabou de se mudar? Sua família realmente estaria segura ali?

A voz rouca e grossa de Larry entrou na conversa.

- Mais do que sério, eu presenciei toda essa merda!

Parecia que, naquele momento, uma chave abriu sua cabeça, mas o assunto não havia terminado; ainda havia muito mais para ouvir.

- Quem morreu? Como isso aconteceu?

Você se virou para Larry, esperando uma explicação. Ele engoliu em seco e começou a lhe explicar.

- A Sra. Sanderson me chamou para ajudá-la com algumas coisas... eu ouvi gritos e me escondi no banheiro até aquele cara ir embora.

- Puta merda. - Foi a única coisa que você conseguiu falar depois de ouvir os dois. Aonde você tinha se metido? Como as pessoas ainda conseguiam morar naquele lugar depois de um assassinato?!

Sally e Larry ficaram em silêncio por um tempo enquanto o observavam terminar de raciocinar toda aquela situação.

- Em relação ao andar abandonado, não posso explicar... você precisa ver - disse Sally.
- Como assim "ver"? O que tem de errado ali?

Ambos deram de ombros para sua pergunta enquanto você tentava organizar os pensamentos com tudo que tinha ouvido.

- Se você quer tirar sua dúvida, não custa tentar. - Sally se levantou, cruzou os braços e encostou na parede.

Um suspiro longo ecoou no silêncio do quarto enquanto você permanecia calada.

- Tá, tudo bem, eu vou.

Os dois se viraram para mim; Larry tinha um semblante sério, enquanto Sally me olhava de forma neutra.
Larry se levantou e foi até a porta.

- Então... vamos? Não vamos ficar sentados aqui olhando uns para os outros.

Você se levantou rapidamente, seguindo os dois garotos que saíram à frente em direção ao andar abandonado. No elevador, ainda persistia um silêncio constrangedor, enquanto evitava olhar para os garotos, mas era impossível. Observando um dos garotos, Sally chamava atenção por pequenos detalhes; sua prótese era o que mais se destacava. Por que o garoto usava aquela prótese? Essa curiosidade surgiu com grande intensidade em sua cabeça, mas não houve tempo suficiente para pensar no assunto, pois o elevador anunciava a chegada no andar.
O corredor estava sujo, com paredes descascando e madeira jogada no chão. A poeira no ar fazia você espirrar algumas vezes enquanto caminhava por cima das velhas tábuas largadas no chão.

Vocês continuavam a avançar até entrarem em um dos apartamentos abandonados ali. Você ficou confusa; qual era a necessidade de realmente entrar naquele lugar? Sally e Larry iam andando em direção ao banheiro do local.

-Garotos, se vocês querem brincar com a minha cara, já estou assustada o suficiente, ok?

-Fica de boa... ou não tão de boa-disse Larry, parando atrás de Sally.

Sally havia levado uma espécie de aparelho de jogo com duas antenas. Não havia motivos para levá-lo, até que você começou a sentir suas mãos tremerem. Se nos andares normais já era frio ali, estava 10 vezes pior.

-Então, o que tem aqui?

-Espera só mais um pouco-Larry afirmou, aguardando Sally mexer no aparelho.

Sally, depois de um bom tempo, abriu a boca e se virou para Larry.

-Quer tentar dessa vez?

-Não, cara, ela tem mais intimidade com você."

Ela? Do que eles falavam?

-Megan? Está aqui? - O azulado disse em um tom de voz alto e claro.

Parecia apenas uma brincadeira idiota, e você perdeu a paciência, dando meia volta em direção à saída, até ouvir gritos de uma criança. Na mesma hora, sentiu um frio na espinha, arrepiou-se e se virou em direção aos garotos, deparando-se com uma criança... morta. Seus cabelos rodeados e pele cinza destacando veias a deixaram paralisada. Seus olhos vazios causavam arrepios.

-Que porra é essa!?está... morta?

A pequena fantasma falou com uma voz doce de criança

-Por que vocês falam tantas palavras?

.

.

.

Galera,peço desculpas se esse capítulo foi menos agitado! Mas prometo que o próximo capítulo será com muitas reviravoltas e claro.. sua fé agora está em jogo.

𝐸𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠- 𝑆𝑎𝑙𝑙𝑦 𝐹𝑎𝑐𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora