Multidões e conexões

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Depois de remoer tantos pensamentos, você foi tirada deles pela voz de seu pai.

— Filha? Chegamos. Está tudo bem? — o mais velho perguntou, enquanto a observava com curiosidade e preocupação. Afinal, na noite passada, as coisas não correram bem.

— Hã? Ah... sim, está tudo bem, só estava pensando — você disse enquanto abria a porta do carro apressada.

Antes de fechar a porta, seu pai a impediu.

— Se precisar de alguma coisa, não deixe de me ligar, certo?

Você percebeu que ele parecia preocupado com seu comportamento, então mudou sua postura.

— Pode deixar, não vai acontecer nada. Não se preocupe.

Fechando a porta, você respirou fundo, vendo o carro do seu pai se afastar aos poucos. Então, se virou para observar todos os adolescentes que passavam entrando na escola. Como eles tinham tanto ânimo tão cedo?

Respirando fundo e apressando o passo para se aproximar da entrada da escola, sua cabeça não parava quieta. Você não se importava com boa impressão nem nada do tipo; apenas estava preocupada com como seria seu ano letivo ali.

Andando pelos corredores à procura de sua sala, a primeira aula era de matemática.

— "Logo matemática?" — pensou consigo mesma, entrando na sala e procurando o lugar mais escondido possível.

Enquanto arrumava suas coisas, um garoto loiro de pele morena entrou na sala, mas não foi isso que lhe chamou a atenção, e sim o seu olho, com um grande hematoma.

Curiosa, você o encarou por alguns segundos, mas se constrangeu quando ele retribuiu o olhar de maneira nada gentil.

Envergonhada, decidiu encarar a janela como se nada tivesse acontecido.

Na sala de matemática, as cadeiras eram organizadas em duplas, e todos estavam se reunindo com seus pares. De repente, você sentiu a presença de alguém ao seu lado.

Era uma garota de cabelos castanhos longos, que usava uma blusa roxa de manga comprida. Você a olhou por alguns segundos, e ela percebeu, soltando uma risada sem graça.

— Ah... Oi! — disse, tímida.

Percebendo que a encarava sem nem piscar, você se sentiu constrangida com a situação.

— F-Foi mal! Desculpa, é que eu estava distraída — você sentiu sua pele queimar.

— Tudo bem! — a garota sorriu gentilmente. — Nunca vi seu rosto por aqui. Qual é o seu nome?

— Me chamo [Seu nome], mas pode me chamar de [Seu apelido].

— Ash. Me chamo apenas Ash. Se mudou para cá recentemente?

— Não faz muito tempo, mas hoje é meu primeiro dia aqui.

— Que azar! Ter matemática logo no primeiro horário do primeiro dia — ela riu baixo.

Você riu junto com a garota, ainda um pouco sem jeito para se enturmar.

Então, a conversa foi interrompida quando o professor de matemática entrou, chamando a atenção de todos.

A aula passou devagar, e o dia parecia que ia demorar a acabar, já que você não conhecia nada por ali.

Você e Ash conversavam durante a aula e ajudavam uma à outra com a lição, então não foi tão entediante. Era bom ter alguém para conversar no primeiro dia.

Enquanto Ash resolvia um dos exercícios, ela parou e perguntou:

— Você não tem ninguém para passar o intervalo, né? Que tal passar comigo e meus amigos?

𝐸𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑚𝑢𝑛𝑑𝑜𝑠- 𝑆𝑎𝑙𝑙𝑦 𝐹𝑎𝑐𝑒Onde histórias criam vida. Descubra agora