Capítulo 6

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Capitulo 6

Fazia um mês inteiro desde que Christian havia levado Ana até a casa em Montesano, numa cidadezinha residencial e florestal no interior dos Estados Unidos, e mesmo sendo a sete horas de carro de Seattle e tendo passado aquele mês inteiro trabalhando como um condenado, ele estava muito disposto a ir lá naquela sexta mesmo, pensando em formas de convencer Ana a falta aula na segunda e ele a si mesmo no trabalho.

Podia quase sentir a brisa fria e pura na varanda da casa, o som fofo dos vizinhos velhinhos conversando no quintal deles, as crianças correndo no quintal da casa da frente, o som dos pés de Ana andando descalços pelo ladrilho do deque e as músicas chatas e chiclete que ele aprendeu a gostar na voz de Taylor Swift.

Era a paz.

Só não era mais quando sentiu o cheiro do perfume característico e o som alto dos saltos de Elena perto demais dele.

_ Precisa bater na porta. Já falamos sobre isso - resmungou, abrindo os olhos.

Estava na frente do espelho, arrumando a gravata, pronto para ir para a empresa. Era manhã de quinta e o dia havia amanhecido chuvoso, naquela metade de dezembro de Seattle, a neve começaria em breve.

Elena reclamou baixinho.

Ainda não aceitava que Christian começou a dormir no quarto de hóspedes, e reclamava sempre sobre aquilo, e era só mais uma das coisas que ela fazia o inferno nos dias de Christian.

_ Você é meu marido, não há nada aí que eu já não tenha visto - ela murmurou, dando de ombros, e então se aproximou demais dele. - Já está indo para a empresa, marido?

Ele não entendia como ela conseguia fazer aquilo. Claramente nunca mais ficariam bem, nunca mais se dariam bem. Christian havia feito uma escolha e Elena sabia daquilo. Ele havia escolhido Ana, dessa vez ela perdeu. Ele não via a hora dela aceitar aquilo para tornar pelo menos um pouco menos ruim a convivência naquela casa. Só não saia porque sabia que aquilo traria rumores, e ele não tinha que ter nada daquele tipo de coisa naquele momento, estava num ponto crucial em sua carreira e na empresa, se vacilasse perderia coisa demais e não seria apenas dinheiro.

_ Estou - se limitou a dizer.

_ Me deixa num lugar antes?

_ Não. Você tem carro - falou, e então saiu do quarto, o celular e carteira no bolso.

Elena bufou.

_ Christian! - a voz aguda e estridente o fez fechar os olhos pro um instante antes de começar a descer as escadas. - É no caminho, não vai te atrapalhar.

_ Tenho uma reunião importante, não vou me estressar com você agora, e isso quero dizer com você no mesmo carro que eu.

_ Você não me deixa sequer falar direito, só fica me ofendendo ou então gritando comigo. Eu nunca vi você agindo desse jeito, só me trata mal e... - começou o drama.

_ Não vou conversar com você - deixou claro. - E é melhor ser no caminho mesmo, não vai ter um único desvio, ou eu te deixo no meio da rua.

Elena arregalou os olhos enquanto corria atrás dele, e encarou pela varanda um instante a forma que caía uma chuva torrencial.

A Amante - 50 TonsOnde histórias criam vida. Descubra agora