Epílogo

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Epílogo

Transformar a própria vida numa casa é bruscamente diferente do que viver para ter uma. Ana descobriu isso enquanto o tempo passava.

Casa se tornou tudo o que ela tinha e vivia de repente.

Foi como uma lufada de ar fresco ter uma vida calma e tranquila. Sem a sombra de Elena ou Eliza.

Apos o enterro de Elena, Eliza foi oficialmente presa, condenada a quatorze anos de regime fechado sem chances de condicional após a prova da tentativa de homicídio a Ana e também de que havia roubado do próprio marido; com as acusações, o Sr. Lincoln se afastou de vez e sequer teve um pedido de visita. Foi uma longa conversa que teve com Christian e ele deixou claro que não queria ter algo a ver com a própria neta, não por não sentir nada pela criança, mas porque não queria colocá-la num mundo tão perto que teve Elena e Eliza. Amava sua filha e aquilo nunca iria ser desfeito, mas entendia o mal que ela e a mulher havia desferido e preferia manter distância, e também garantiu que não deixaria Eliza sequer pensar em chegar perto deles outra vez.

Ana achou que nao estaria em paz de vez, um trauma é um trauma, e aquele ano inteiro de complicações e situações ruins lhe deixaram em alerta e ela levou um tempo para entender que realmente havia acabado, que a sombra de Elena não viveria em sua vida e percebeu que só precisava dela mesma para que tudo fosse esquecido. E foi para o que ela se esforçou.

Christian refez a casa de Montesano, em cada pequeno detalhe mesmo que aquilo lhe custou muito mais do que comprar uma nova. Não era o tipo de coisa que eles estavam dispostos a deixar que Elena os tirasse, era o lugar deles; e então, o lugar calmo e tranquilo se tornou algo convidativo demais para se criar um bebe, e logo estavam passando mais tempo lá do que em Seattle, não levou nem um ano para se mudarem de vez; Christian precisava usar o Charlie Tango - seu helicoptero - todos os dias para chegar até a empresa matriz, mas aquilo também era como uma casa; ter um atelie em um bairro tão calmo se tornou uma casa, deixando o trabalho de Ana como se fosse um hobbie de tanto que ela se satisfazia em fazê-lo.

E com certeza era uma casa todo dia estar com Anne.

A pequena era a criança mais doce e adorável do mundo, era um montante de coisas contrárias do que teve antes do nascimento.

Anne era como uma luz amarela, quentinha e tão brilhante, nada incômoda nem mesmo se passar dias no escuro, adaptável e necessária. Tão gentil, sincera e fofa que Ana se sentia um pouco insegura as vezes porque com certeza não era dela que vinha aquilo.

Mas não importava, pelo menos não para Anne, que passava o dia todo dizendo sua palavra favorita:

_ Mamae!

Ana deixou o pincel de maquiagem sobre a penteadeira após ter certeza de que estava tudo perfeito, fingindo não ter escutado o grito de Anne.

_ Mamae! - dessa vez não foi a voz doce e fofa quem disse, e ela revirou os olhos como sempre fazia quando Christian a chamava daquele jeito.

_ É sério, voce precisa parar com isso - ela resmungou rindo, se virando e o encontrando no meio do caminho.

Desde que foram ao pediatra uma vez na fase de Anne começar a balbuciar suas primeiras palavras, o médico incentivou Ana e Christian a falarem as palavras que queriam que ela dissesse, principalmente identificando quem era mãe e quem era o pai. Christian achou a coisa mais engraçada do mundo, e nunca parou de chamar Ana de "mamãe" só para ver a garota bufar e revirar os olhos enquanto ria.

_ O que você fez com o meu bebê? - perguntou, se levantando.

Anne e Christian estavam com aquela expressão de que fizeram cosia errada e estavam arrependidos, mas sabiam que a "mamãe" iria brigar. E era assustador como eram completamente iguais fazendo aquela expressão.

A Amante - 50 TonsOnde histórias criam vida. Descubra agora