Hate & Desire - O Direito de Amar

✧ one: travel.

São 8:33 quando o avião pousa em minha terra natal. A aeromoça me acorda com calma, já que estou dormindo dês do Canadá. Finalmente, em casa.

-Vamos, querida? - minha tia Mila pergunta com um sorriso no rosto. Aquele sorriso contagiante da mulher que me criou. Tenho muito orgulho dela.

-Vamos - retribuo o sorriso, levantando com cuidado e saindo em direção ao aeroporto de Houston, nos Estados Unidos.

Não tenho muitas lembranças desse país, mas as poucas que tenho foram muito boas, já que todas eram com meus pais. Eles morreram num acidente de carro quando eu era muito pequena, mas ainda tenho lembranças deles. 10 anos dês da morte deles não foram o suficiente para me fazer esquecer do amor que eles me deram. Eles eram pais maravilhosos.

Desde então, fui morar com minha tia Mila, no Canadá. Ela sempre foi uma ótima tia para mim, e me fez companhia como eu fiz para ela, afinal, perder a irmã repentinamente não é nada fácil.

Esse ano, vim para os Eua com apenas um propósito: realizar o sonho da minha mãe. Vim fazer faculdade de direito na minha terra natal. E tenho certeza, de que ela e papai estarão me observando lá do céu, orgulhosos com a minha iniciativa.

Bom, essa sou eu. Eu tenho uma característica que não me deixo levar por acontecimentos ruins que aparecem na minha vida. Não estou dizendo que estou feliz com a morte dos meus pais, nada disso. Mas sim que não deixei de viver por causa disso. Ainda tento ser alegre e ver o lado bom de tudo, afinal, a vida é muito curta para ver apenas o pior lado. Eu aprendi a ser assim com a minha mãe.

-Olha por onde anda! - um homem de cabelos escuros acaba esbarrando em mim assim que desço as escadas do avião. Acabei me perdendo nos pensamentos de novo. Tenho pensado muito desde que parti do Canadá, até por quê estou ansiosa para como vai ser minha vida daqui para frente.

-Me desculpa! - eu peço, enquanto pego minha mala de mão no chão.

-Só vê se presta mais atenção. - o moreno simplesmente vira as costas e vai embora, como se ele fosse superior a mim. Que falta de educação...

Resolvo deixar isso para lá. Afinal, ele pode não estar num bom dia. Essas coisas acontecem. Olho para frente e avisto minha tia Mila andando, provavelmente não me viu. Ando rápido para alcançá-la, mas não ao ponto de correr; não quero esbarrar em outro no meio do caminho.

Levo minhas malas com dificuldade, e depois de um tempo, consigo alcançar minha tia. Vejo que ela está falando no telefone, provavelmente chamando um táxi.

Coloco as malas atrás do táxi e entro junto com minha tia. Enquanto Mila conversa com o taxista, brinco com os nós dos meus dedos, ansiosa. Mas não uma ansiedade ruim, e sim, um anseio para saber o destino da minha vida aqui em Houston. Mudar de país é algo radical, principalmente quando faz dez anos que você não põe os pés nas ruas dos Estados Unidos.

Vejo a cidade passear pela janela do carro, enquanto me perco nos pensamentos novamente. Deixo a pequena faixa de sol que sai da janela esquentar meu rosto, enquanto fecho os olhos e espero chegar em casa.

(...)

-Que saudade do meu lar! - suspiro entrando na casa dos meus pais, a casa que eu morei quando era criança. Eu cresci aqui.

-Como se sente, querida? - minha tia entra em seguida e me dá um abraço ladino.

-Ótima! - eu sorrio para ela. Avisto um quadro na parede que não foi removido, me aproximando para observar melhor. Passo as pontas dos dedos pela moldura, sentindo a poeira de todos esses anos.

-Esse aí foi seu décimo primeiro aniversário. Dias antes do acidente... Estávamos tão felizes. - Camila parece suspirar de emoção ao relembrar de tudo o que passamos.