Hate & Desire - O Direito de Amar

✧ two: shopping.

Depois de três semanas estudando, até que me adaptei bem. Fiz amizade com Jessica e Giselle, e pelo menos, não vou para a faculdade sozinha.

Parece que tudo passou muito rápido, mas até que pude aproveitar bem. Jessica percebeu que não sou tão agitada quanto ela, e ela prometeu tentar se controlar comigo.

Cheguei na Universidade de Houston com uma calça jeans de lavagem média,e uma blusa plepum branca com detalhes floridos em rosa. Joguei por cima um suéter largo off-white aberto na frente, e nos pés, um tênis branco.

A primeira aula foi direito tributário, e mais uma vez, Anthony acertou todas as perguntas. Isso foi extremamente irritante, pois ele age como se apenas ele estivesse na sala. Como se apenas ele fosse inteligente o bastante para respondê-las. Odeio pessoas que agem como se o mundo fosse delas.

A professora disse que, futuramente, ela irá selecionar duas pessoas para fazer estágio no tribunal em um caso, sendo advogados de defesa e de acusação. Isso me deixou realmente empolgada, pois é uma maneira de aprendermos na prática, e assim evoluir na profissão.

A segunda aula foi direito constitucional. O professor fala de uma maneira meio confusa, que não me permitiu entender muito bem. Vez ou outra, fiz perguntas para tirar minhas duvidas. Pude ver pelo canto dos olhos Anthony com uma expressão de reprovação, como se o que eu acabara de fazer estivesse extremamente incorreto. Ele está me deixando cada vez mais impaciente. Não fui com a cara dele.

-Em relação aos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos assegurados na Constituição Federal, é correto afirmar que? - o professor pergunta à classe.

-A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial. - Anthony responde com total confiança.

-Perfeito, Sr Jones! - o professor o parabeniza pela resposta correta, mais uma vez.

Quando eu o olho, Anthony parece estar com uma expressão de realização. Quando ele vira seu olhar para mim, rapidamente desvio meus olhos para qualquer lugar.

Vendo Anthony se destacar tanto na classe, me desperta algum tipo de coragem de responder uma pergunta também, já que tenho estudado bastante em casa desde que entrei na faculdade. Ouvi dizer que algumas pessoas estudaram direito por anos antes de entrar aqui, inclusive Anthony. Então não quis estar atrasada.
É claro que eu também estudei muito para entrar aqui, mas não o curso em específico. Então peguei firme com os estudos.

-A competência privativa para o julgamento de juízes estaduais e do Distrito Federal e Territórios, nos crimes comuns e de responsabilidade, ressalvada a competência da Justiça Eleitoral, é do: - o professor pergunta à classe novamente.

-Tribunal de Justiça Local. - eu respondo com receio de estar errado e passar a maior vergonha.

-Correto, Srta Murphy. - O professor me parabeniza. -Esta foi uma questão de concurso. Já é um grande passo, parabéns.

-Obrigada. - eu respondo, ainda sem acreditar que eu acertei uma questão de concurso.

Eu olho para Jessica, que está sorrindo com os polegares para cima. Sorrio de volta.

Olho para Anthony, já que dessa vez não foi ele que acertou a pergunta. Quando meus olhos chegam nele, percebo que ele já estava me olhando. Me olhando não, me fuzilando com os olhos. Quando meus olhos se fixam nos seus, Anthony desvia o olhar, assim como fiz mais cedo. Decido ignorar esse fato e voltar a prestar atenção na aula.