Hate & Desire - O Direito de Amar

✧ eleven: confused.

Olho para o céu e percebo que está anoitecendo. Apesar de não ter entrado na água, me encolho um pouco pois sem o sol o clima esfriou. Sinto um vento gelado nas minhas pernas nuas e me arrepio.

Ando pelas ruas com o destino de minha casa. Preciso chegar em casa e ler essa carta logo.

Tudo passa pela minha cabeça. Tudo. As palavras de Anthony, a atitude de Elizabeth, a foto com meu pai, tudo parece estar tão bagunçado em minha mente.

Depois de alguns minutos caminhando, ouço passos pesados atrás de mim. Resolvo não olhar para trás, mas sinto uma presença. Talvez não seja ninguém, mas meu coração aperta.

Decido então virar uma rua que não faz parte do meu caminho, e sinto, seja lá quem for, seguindo meus passos. Agora eu comecei a me preocupar de verdade, mas ajo naturalmente.

-Ô, gostosa. - um homem grita atrás de mim.

Eu travo.

Eu paraliso.

Paro de andar completamente e fico em choque. Começo a pensar que podem ser minhas roupas. Ou não.

-Vai ficar aí parada, delícia? -escuto um barulho de arma sendo recarregada e sinto ele se aproximar atrás de mim, encostando a boca da pistola encostar nas minhas costas. Eu quero gritar, correr, reagir. Mas tudo o que eu consigo é ficar paralisada. Totalmente sem reação.

-Olha só sua putinha de merda. É só você me obedecer e ficar calada, entendeu? - ele cospe as palavras no meu ouvido.

Eu não consigo responder. Apenas derramar lágrimas silenciosas que escorrem pelo meu rosto.

-Responde, vadia! - ele grita, e me chuta nas pernas, me derrubando no chão e me fazendo soltar um gemido de dor.

-Vai me obedecer, puta? - ele se abaixa e agarra o meu rosto, me obrigando a olhar pra ele.

-Por favor... - eu digo.

Ele estende a mão para mim, e me encolho automaticamente, esperando levar um tapa forte. Antes que eu sinta, eu escuto um homem sendo derrubado no chão. Resolvo abrir os olhos, e me espanto com o que eu vejo. Anthony acabara de dar um soco no rosto do homem. Foi tão forte que o derrubou no chão, e deixou seu nariz sangrando.

-Seu filho da puta! - o homem grita.

Ele tenta recuperar a arma de volta, mas Anthony é mais rápido, e a coloca na cintura.

Então o homem rapidamente levanta do chão e tenta acertar um soco em Anthony, que desvia rapidamente e acerta um soco no estômago do homem, que o faz tossir sangue.

Anthony acerta outro soco, o derrubando no chão novamente, e em seguida começa a dar uma sequência de chutes no homem deitado, que continua a tossir sangue e se contorcer de dor.

-Anthony, você vai matar ele! - eu grito, com mais lágrimas escorrendo.

Tudo o que eu consigo ver no rosto de Anthony é ódio. Raiva, rancor. Nunca tinha visto essa expressão em Anthony até hoje, apenas indiferença.

Ele é completamente diferente quando está com raiva. Mas não com a raiva das nossas discussões, mas raiva de verdade. É bizarro ver ele assim, parece outra pessoa.

Ele continua a chutar o cara, que parece estar desacordado agora. Eu não sei o que fazer.

-Anthony, para! - eu grito e agarro seu braço, tentando puxar ele para trás, mas seu braço é firme demais.

Ele para, mas não parece estar com menos ódio. Seu olhar agora está escuro, como se estivesse pegando fogo. Sua veia do pescoço, a jugular, está bem aparente.