Hate & Desire - O Direito de Amar

✧ thirteen: closer.

Anthony fez questão de me levar para almoçar e esclarecer tudo. Ele é extremamente detalhista e perfeccionista, e só aceita tudo se for do jeito dele. Aos poucos estou aprendendo a lidar com sua atitude narcisista e sua personalidade egocêntrica.

Conviver com ele está me ensinando que existem pessoas com personalidades e atitudes diferentes da minha. Nem
todo mundo vai pensar e agir como eu, e agora vejo que é interessante se colocar no lugar do outro.

Eu realmente não queria me aproximar tanto de Anthony assim. Mas eu faço de tudo, tudo mesmo, para descobrir o assassino dos meus pais. É um esforço necessário.

-Você não vai precisar fazer tanto esforço. Será apenas uma noite. Tudo o que precisa fazer é sorrir e concordar com tudo o que te disserem. - Anthony diz.

-Eu não quero saber disso, quero saber da sua parte do acordo. - eu dou um gole no suco de laranja. -Como você pode me ajudar a descobrir quem matou meus pais?

-Meu pai tem ligação direta com o estado. Podemos ver nas câmeras da cidade no dia do acidente, percorreremos todo o trajeto do carro dos seus pais. - Anthony explica. - Eles têm um recurso de reconhecimento facial que busca diretamente no histórico.

-Reconhecimento facial? Ótimo. Assim será facil descobrir quem foi. - digo. -Mas como isso funciona?

-Marcamos um dia para ir até a secretaria do estado. Como você estará comigo, não questionarão. Faremos o pedido de recolher a gravação das câmeras no dia do acidente.

-Simples assim? - eu questiono.

-Claire, estando comigo, nada poderá impedir você. - ele diz e meu estômago revira.

-Quando que podemos ir nesse tal lugar? - eu pergunto, demonstrando interesse.

-Depois que o evento passar. - ele diz simplesmente.

-Depois do evento? - eu franzo o cenho. -Como posso garantir que você vá cumprir a sua parte do acordo?

-Sou um homem de palavra. - ele diz. -Alguma vez já prometi algo para você e não cumpri? - Anthony pergunta.

-Felizmente não convivi com você o suficiente para isso.

-Então o erro é seu e não meu. Não me deu abertura para demonstrar minha fidelidade. - ele argumenta. Fico incrédula com tamanha ousadia. Solto uma pequena risada ainda incrédula, mas deixo para lá.

-E sobre o evento? - eu pergunto.

-Não será um evento simples, terá pessoas influentes. Precisa agir como se fosse o evento mais importante da sua vida. - diz. Será sábado a noite. Passarei na sua casa às 20h. Não se atrase.

-Eu não sei como agir perto de gente rica. Minha alma é pobre. - eu digo e ele tenta disfarçar uma risada. -Nem tenho roupa para esse evento.

-Entendi. Daqui passaremos na Versace. - ele diz seriamente.

-Oi? - eu me espanto.

-Vamos passar na Versace. Ou prefere ma Channel? Precisa se vestir adequadamente. - Anthony fala.

-Acho que você não entendeu. - eu solto uma risada sincera. -Eu não tenho dinheiro. Vou ver se consigo algo emprestado com Giselle ou Jess.

-E eu pedi dinheiro a você? - Anthony diz. -Se eu disse que vamos passar na Versace, eu vou comprar um vestido para você. E sapatos se precisar. Não entendo de moda feminina. - ele diz.

-Você sabe quanto custa um vestido da Versace? - eu pergunto ainda espantada. -Eu não posso aceitar. É muito caro.

-Não perguntei o valor. Você está me fazendo um favor. E se for ser vista do meu lado, que seja bem arrumada.

-Eu não vou deixar você gastar 20.000 doláres em um vestido para mim. -eu digo.

-Não perguntei sua opinião. - Anthony diz e eu finjo estar ofendida. -A conta, por favor. - ele diz para o garçom.

[...]

-O preto combina com você. - Anthony diz. - Disfarça um pouco sua infantilidade. - ele completa e eu reviro os olhos.

-Eu não gosto de usar preto. Vamos procurar algo mais colorido. - eu respondo.

-Preto é uma cor séria. Traz um ar de maturidade. Leve o preto. - Anthony rebate e eu faço uma careta.

-Ali tem um vestido vermelho lindo. - eu aponto para uma arara de vestidos chiques. - Acho que também é uma cor séria.

-Vermelho chama atenção. Esse vestido é decotado e farão as pessoas olharem diretamente para seus seios. - ele diz com um pouco de raiva na voz, quase que imperceptível.

Não estou com vontade nenhuma de discutir com ele mais uma vez, então deixo para lá. Não sou eu quem vou pagar mesmo.

O vestido escolhido é um vestido preto longo, com um decote ousado para mim, porém comportado o suficiente para a ocasião. Ele possui uma fenda que inicia no meio de minhas coxas. Apesar de longo, ele é bem acinturado. Ele possui alguns brilhos dourados também.

Odeio admitir isso, mas Anthony tem razão. O vestido passa uma energia de mulher séria, que combina perfeitamente com a ocasião.

-Bom, acho que está resolvido. - Anthony diz assim que saimos da loja.

-Anthony. - eu chamo.

-Sim? - ele olha para mim.

-Obrigada. - eu digo e ele muda sua expressão de séria para uma satisfeita.

-Pelo o que? - ele pergunta. Eu sei que ele sabe do que estou falando, mas parece que precisa ouvir saindo da minha boca.

-Pelo vestido. - eu finalmente olho em seuss olhos azuis. -Obrigada.

-Não foi nada. - ele dá um meio sorriso e começa a andar em direção a lamborghini, me deixando só.