- É esta a minha condição! Ou casas, ou nomeio director geral de todo o património o teu primo Artur.
Esta conversa decorria no salão da luxuosa mansão dos Rios.
Júlio Rios e Rodolffo Rios, respectivamente pai e filho, tinham diferentes maneiras de viver a vida.
Rodolffo, licenciado em Gestão, tinha tudo para ser um óptimo profissional. Os pais sempre lhe deram tudo. Dinheiro, posição social, viagens.
No entanto o agradecimento dele era passar as noites em cabarés e em festas com gente duvidosa. Rara era a manhã em que ele não chegava bêbado a casa e depois dormia todo o dia.Júlio, seu pai, sentia-se cansado. Nos negócios era ajudado por seu sobrinho Artur. Ao contrário de Rodolffo este era arrogante e ambicioso. Vivia de olho na fortuna do seu tio e fazia de tudo para bajulá-lo.
Desde crianças nunca se deram bem. Rodolffo até tentava aceitá-lo lá em casa mas era simplesmente para agradar aos pais. Com a prima Mia, irmã de Artur, dava-se muito bem.
- Mas pai! Eu não quero casar. Posso simplesmente assumir o teu lugar? É mesmo necessário o casamento?
- Sem rodeios Rodolffo. Eu quero uma nora para ajudar a colocar juízo nessa cabeça. E um neto.
Se dentro de um ano não estiveres casado e com filho, nomeio o Artur director geral de todo o nosso património.- Isso soa a chantagem. Eu posso muito bem trabalhar contigo sem essa de casamento. Eu nem namoro, nem gosto de mulher nenhuma.
- Ninguém diria já que vives praticamente nos cabarés.
- Casar é outra coisa.
- Eu prometo mudar, pai. Vou empenhar-me mais nos negócios.
- As minhas condições são estas. Num ano, casamento e um neto ou neta.
- Aff que teimoso. Até parece que casar é assim do pé para a mão.
Rodolffo ainda no tempo da faculdade namorou Grace, uma argentina criada no Brasil. Namoraram por três anos até ser traído mesmo em vésperas do pedido de casamento.
Rodolffo tinha preparado tudo com muita dedicação para que o pedido fosse perfeito.
Comprou um lindo anel de noivado e duas alianças. Reservou um restaurante e foi buscá-la a casa dela.Chegou um pouco antes da hora marcada. Ele já possuía a chave do apartamento.
No estacionamento reconheceu o carro de um amigo seu e estranhou pois não sabia de ninguém ali das suas relações.Entrou silenciosamente e foi directo ao quarto onde viu o que não imaginava. O seu amigo e a sua namorada transando.
Ela tentou justificar mas Rodolffo simplesmente virou costas e saiu.A partir desse dia os cabarés eram a sua casa e as prostitutas suas confidentes.
Agora as palavras do pai não saíam da sua cabeça.
Casar e ter um filho. Precisava de ser tão radical, pai?Apesar de tudo, nessa noite não saiu.
No silêncio do seu quarto fez a retrospectiva dos seus últimos anos.
- Estou em conflito com o meu pai, com a minha mãe nem tenho tempo para ela, não tenho amigos que dirá amigas, não faço nada que preste nesta vida.
- Quando é que te perdeste, Rodolffo? - pensou para consigo.A Grace era um assunto atirado lá para os cafundós dos infernos. Nunca mais a viu ou soube dela.
Tomou um duche e preparou-se para dormir.
Ainda lhe parecia estranho ir deitar-se àquela hora, mas, decidiu que era hora de provar ao pai que a sua competência não podia depender de um casamento.
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Soltem os fogos
FanfictionAs responsabilidades e compromissos para nós destinados levam-nos por vezes a atitudes das quais acabamos por não nos orgulhar. A história de um filhinho de papai milionário que precisou levar algumas lambadas para aprender o sentido da vida.