Segunda-feira de manhã Juliette viajou a trabalho. Antes teve uma reunião com Júlio.
- Promete que se vires algo de anormal te afastas imediatamente? Não quero que te aconteça algo como ao Rodolffo.
- E já chegaram a alguma conclusão?
- Temos quase a certeza que foi a mando de Artur. Aquele cara que foi visto com ele esteve na oficina pouco antes de entregarem o carro ao Rodolffo. Só ainda não conseguimos localizá-lo.
- Eu posso levar um amigo comigo?
Juliette sabia que se pedisse a Gustavo ele estaria disposto já que a vida dele era ociosa.
- Quem é esse amigo?
- Um suposto paquera. Amigo da Ivone. Mas não temos nada, padrinho. Ele é gay.
- O Rodolffo conhece?
- Sim. E morre de ciúmes.
- Entendi a ideia. Vocês jovens são um caso à parte. Dá-lhe logo outra chance. O homem vive lá pelos cantos a suspirar.
- Mas atitude de homem não tem. Deixe ele sofrer um pouco.
Eu amo-o mas quero que ele esteja certo do que sente por mim. Sou paciente, espero o que for preciso ou não.
Talvez eu me canse mas não vou embarcar numa relação em que só um lado está 100% na relação.- Está bem. Leva o teu amigo. Fico mais descansado e na hora do almoço vou cutucar a onça com vara curta.
- Padriiiinho!!! Apesar de tudo ele é seu filho.
- Que eu amo muito, mas não deixa de ser besta.
E a Elisa, veio consigo?- Sim. Espero que se dê bem.
- Vou sair agora e passo na cafetaria para ver como está.
- Boa viagem filha. Qualquer coisa, liga.
- Adeus, padrinho.
Juliette saiu e foi até à cafetaria.
- Bom dia meninas. Bom dia Elisa, como está a ser o primeiro dia?
- Bem. Não é o trabalho que eu sonhava mas fazer o quê?
- Tem paciência. Todo o trabalho é digno. Quem sabe arranjas um melhor.
- Eu quero é arranjar um otário rico para não trabalhar. Não vim da Argentina para trabalhar numa cafetaria. Tu é que tens sorte. O meu tio e primo babam por ti.
- O que não impede de eu querer e gostar de trabalhar para não depender de homem nenhum. Nunca deixaria de trabalhar por mais rico que fosse o meu parceiro.
Adeus, já vou. Tenho um avião para apanhar.Juliette partiu com Gustavo para o aeroporto e pelo caminho desbloqueou o número do Rodolffo.
Júlio chegou para almoçar.
- Que paz reina por aqui.
- Não é, meu pai? Graças a Deus aquela tagarela arranjou uma ocupação.
- Ada, mas ela vai ficar aqui para sempre? Está na hora de arranjar um lugar para morar. Eu até posso arcar com a despesa do aluguel mas por favor, livra-nos deste pesadelo.
- É realmente ela é cansativa. Até eu já não a suporto. Sempre a intrometer-se em tudo.
- E Juliette pai, viajou?
- Sim. Agora de manhã.
- Não podias, pai. Ela vai estar em perigo.
- Que perigo? E depois vai estar acompanhada. Não há-de acontecer nada com a minha guerreira.
- Como acompanhada? Quem foi com ela?
- Um tal de Gustavo que ela diz ser amigo. Ela é que pediu autorização para ele ir também.
Rodolffo estava com um copo de àgua na mão que foi imediatamente arremessado para o chão.
- Vagabundo. Eu mato aquela bicha afrontosa.
- Bicha, que bicha?
- O Gustavo. Eu conheci-o como sendo gay e agora com a Ju intitula-se bi.
- Quem diria. Mas olha que eu vi-o chegar para buscar ela e pareceu-me um homem super elegante e másculo.
- Até já vai lá buscá-la? Quão avançado vai o caso deles?
- Rodolffo, eu não te entendo. Não foste tu que causaste isto tudo? Querias que ela fosse para freira?
- Pai, empresta-me o teu celular.
Vou ligar para ela.- Ainda não devem ter aterrado. E o teu?
- Ela bloqueou o meu número.
- Toma. Manda mensagem.
Rodolffo estava furioso. Escreveu uma mensagem no celular do pai.
- Aproveita bem a lua mel
Estou com o coração partido mas cuida-teEnviou a mensagem e depois apagou-a.
Já era noite quando Juliette no hotel leu a mensagem. Sorriu e mostrou a Gustavo.
- Esse homem vai ter um colapso.
Já Rodolffo no seu quarto não conseguia dormir. Passou os olhos pelo celular quando viu que Juliette o tinha desbloqueado.
- Oi. Obrigado por me desbloqueares. Está tudo bem?
- Sim. E aí?
- Não. Tinhas que viajar com ele?
- Porque não? É meu parceiro.
Amor, vem tomar banho! - ouviu-se ao longe.
- Até amanhã Rodolffo. Preciso ir.
- Não faças isso comigo, por favor!
- Fazer o quê?
- Eu te amo. Fui um idiota mas eu te amo.
- Preciso ir, de verdade. Tchau.
A ligação terminou, Rodolffo deitou a cabeça na almofada e pela primeira vez chorou como um menino.
Relembrou tudo o que fez com ela naquela semana intensa e que agora ela faria com outro.Após muito chorar, finalmente adormeceu.
Na manhã seguinte, acordou a tempo de tomar café com o pai.
- Que cara é essa filho? Tens olhos de ter chorado.
- E chorei. Ontem falei com a Ju.
- E então?
- Deixa pra lá. Vou contigo para o escritório. Prometo não fazer muito esforço mas ficar aqui vai deixar-me doido.
- Está bem, mas ficas comigo no meu gabinete. Assim posso vigiar-te.
Podemos discutir umas alterações que eu quero fazer.- Mas a Ju não te tinha bloqueado?
- Sim, mas ontem desbloqueou-me. Antes não o tivesse feito.
- Vamos. Espero por ti no carro.
E l i s a!- Estou aqui, tio. Estava a lavar os dentes.
- Vamos embora. O dever espera-nos.
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Soltem os fogos
Fiksi PenggemarAs responsabilidades e compromissos para nós destinados levam-nos por vezes a atitudes das quais acabamos por não nos orgulhar. A história de um filhinho de papai milionário que precisou levar algumas lambadas para aprender o sentido da vida.