XVI

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- Rodolffo, onde vamos?

- Só vem.  Hoje começa um novo capítulo na minha, da nossa  vida.  Vamos almoçar.

Entraram no carro e Rodolffo digitou algo no celular.  De seguida recebeu uma mensagem.  Guardou  o aparelho e seguiu.

- Eu não gosto de não saber onde vou.

- Ainda não confias em mim?  Não te vou fazer mal.

Chegaram a um hotel e Juliette não queria sair do carro.

- Eu não vou para o hotel contigo.  O que é que tens na cabeça?  Para ti tudo se resume  a cama.

- Ju, confia em mim.  Aqui estamos em terreno neutro.  Nem na tua casa nem na minha.  Eu juro que só quero conversar.

Após muitos argumentos ela decidiu ir com ele.

Passaram pela recepção e recolheram a chave de uma das suites.

O hotel pertencia a um dos melhores amigos de Rodolffo que após a mensagem mandou colocar na suite chocolates e vinho.

- Vem cá.   Vamos para esta salinha mais pequena.  Depois eles trazem o almoço.

- Como conseguiste isto tão rápido?  Já tinhas planejado antes da reunião?

- Não.   O dono é meu amigo.

- Vamos falar a sério Juliette.   Depois do que dissermos hoje seguiremos juntos ou separados mas essencialmente amigos.

Conta-me, tu e o Gustavo.  O que há entre vocês?

- Como  assim?  Nós damo-nos bem.  Gostamos de estar junto.

- Sério Juliette!  Eu quero sinceridade.  Tu sempre foste directa, não estejas agora nesse enrolo.

- Está bem.  Não temos nada.  Tu sabes perfeitamente que ele é gay.  Somos apenas bons amigos que conspiraram para te fazer ciúmes.

- Eu sabia.  Mesmo assim fiquei doido por pensar em vocês dois naquele quarto de hotel. E as saídas à noite, os jantares.

- Cada um ficou no seu quarto.

Rodolffo puxou a cadeira para a frente dela e segurou-lhe nas mãos.

- Perdoa-me.  Eu tinha jurado a mim mesmo nunca mais me entregar a um novo amor.  Doeu demais ser traído e não soube lidar com isso.  Eu amo-te.   Amei-te no primeiro dia mas fui um babaca por não aceitar.

Sei que o que disse ao meu pai naquele dia não foi o mais correcto para ti, mas era a minha barreira contra nova paixão.  Eu quero sim um relacionamento,  eu quero um compromisso, eu quero tudo contigo.

Eu quero-te ao meu lado nesta nova fase da empresa.  Eu sei que o teu apoio vai ser muito importante e o sr. Júlio também sabe.
Aquele traidor ainda me fazia ter mais ciúmes.  Foi muito perverso comigo o meu pai.  Tu pisavas e ele ia lá e esmagava.

- Nós tínhamos longas conversas.  Eu amo-o.

- E ele a ti.  Não duvides.
Mas, e eu?  Como ficamos?

- Tu sabes que eu sempre te amei.  Eu nunca neguei nem a ti nem a ninguém.   Sofri demais desde aquela triste conversa mas também não me permiti desistir.

Sem pressionar, eu sempre quis ouvir o que acabaste de dizer.   Eu queria que tu me quisesses.  Não o querer carnal mas o sentimento.
Quis que te permitisses abrir para uma nova relação.  Tu foste o meu primeiro e único homem mas eu posso imaginar uma traição.  Se te  tivesse apanhado com outra eu morreria na certa.

Eu entendo as tuas motivações.  Se fosse só uma transa entre nós estaria tudo bem, mas para mim foi mais que isso.
Eu entreguei-me a ti a primeira vez, vivemos uma semana quase de lua de mel.  Ouvir tudo aquilo foi muito duro.  Mexeu demais comigo.
Houve um dia que saí de casa com vontade de voltar a Itália.   A meio do caminho para o aeroporto decidi que fugir não resolve nada.
Voltei para trás e decidi lutar à minha maneira.   Se deu certo não sei.  Aqui estamos nós.

- Ainda bem que voltaste para trás.
Agora, volta para mim.  Não como minha namorada, mas como minha esposa.

Casa comigo.

- Eu não digo que tu és de extremos.
Vais de um não quero compromisso para um casa comigo.

- Casas?

- Caso sim meu amor.

Selaram o compromisso com um beijo apaixonado já que não havia anel.

Bateram à porta.  Era o almoço.

Há muito que os dois não se sentiam tão felizes.
Almoçaram, tomaram vinho e fizeram muito chamego um no outro.
Apesar de querer muito Rodolffo não tentou nada mais.   Não foi para isso que veio.  Desta vez ia fazer certo.

Já  era fim de tarde e Rodolffo perguntou:

- Amor, queres passar aqui a noite ou voltamos para casa?

- Não sei. Eu gosto da minha cama mas esta suite é tão gostosa.  E já cá estamos. Pena que não temos roupa para mudar.

- Aqui ao lado do hotel tem um centro comercial.  Queres ir às compras?

- Quero.

- Então vamos agora.  Depois voltamos e jantámos aqui.  Hoje eu não quero testemunhas para o nosso amor.  E vou ligar ao meu pai a dizer que amanhã não vamos trabalhar.  Quero ter um dia só contigo.

- O padrinho vai dizer que somos irresponsáveis.  
E agora o senhor tem que ser mais responsável pois vai ser o CEO.

- Verdade.  Mas primeiro tenho que ser feliz.  É só um dia.

Saíram, compraram roupa interior para os dois.
Juliette queria lingerie preta mas Rodolffo escolheu uma branca.  Mais sexy disse ele e a vendedora concordou.
Compraram um vestido longo de alcinhas, uns short e camisa.
Compraram um pote de sorvete e voltaram para o hotel.

A noite estava quente.  Tinham acabado de tomar banho e estavam de roupão pois esqueceram de comprar pijamas.

Chegou o jantar e comeram na varanda com vista para o mar.

O pequeno sofá que ali existia não dava para os dois.   Rodolffo sentou-se e colocou Juliette no colo.

Ela deitou a cabeça no ombro dele e deixou-se levar.  Rodolffo segurava-a pela cintura com uma das mãos enquanto a outra entrava pelo roupão acariciando-lhe os seios.

O que se seguiu foi uma série de beijos carregados de desejo e carícias marotas.

Fizeram amor, ali mesmo, tendo  a lua e as estrelas como testemunha.

Depois disso, atenuaram o calor devorando o pote de sorvete.



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