Capítulo 2 Punições

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- Vamos – o homem a empurrou, ainda segurando com força seu braço. Elisa arriscou o olhar e por sua surpresa descobriu que era o mesmo que tinha a tirado do meio do campo de batalha e a deixado no abrigo. Pensou em perguntar seu nome ou agradecer, mas ele ainda tinha aquele olhar negro e cheio de ódio, talvez coberto da adrenalina da guerra, ou talvez porque estava olhando para o seu próximo alvo. Elisa engoliu em seco e continuou.

Quando chegou ao topo de um lance infinito de escadas, percebeu que tinha mais uma torre. Lá havia uma biblioteca antiga e cheia de livros que distraíram Elisa, quase a fizeram se esquecer da situação.

- O que me trouxeram? – perguntou um homem de idade avançada em um longo manto encapuzado preto. Ele estava bastante intelectual e seus movimentos eram lentos, parecia até mesmo que fazia parte do cenário da biblioteca.

- Uma cristã – respondeu Soraia, posicionando-se a frente de Elisa. Diferente do que ela imaginava, Soraia não usava uma burca, mas véus enrolados na cabeça que escondiam seu cabelo e sua boca, ela só era diferenciada como uma mulher pela sua voz aguda e pela sua estatura menor entre os homens, que tinham seus rostos expostos – Uma cristã se infiltrou no abrigo. 

- Ela não está armada – interveio o homem que permanecia segurando Elisa, como se ela fosse capaz de pular a janela e sair correndo de uma cidade inteira de islâmicos. Mas isso revelou uma coisa, eles não tinham ideia do que era a pistola dela – e também não parece ter habilidade de espionagem alguma.

- Está a defendendo? – Soraia retrucou, com apenas seu tom de voz e seus olhos mostrando que estava enfurecida.

- Cale-se, Soraia – disse o velho, calmo – são informações importantes. Continue, Altair.

- Ela surgiu de uma luz no meio do campo de batalha – o homem que a segurava fala com o ritmo constante, confiante do que afirmava – a levei para o abrigo porque pensei ser uma das nossas mulheres.

- Por sorte, Soraia estava lá, imagino – sugeriu o velho.

- Bem, - Soraia começou – a cristã disse que não tinha intenção de atacar. Mas afirmou que vinha de terras além do Oceano Atlântico.

O velho analisou o queixo.

- Veio de além do Atlântico... por uma luz e parou no meio de um campo de batalha...?

- E ainda afirma saber do futuro – acrescentou Altair. Diante do olhar curioso do velho, o homem a empurrou para dar um passo à frente – Conte, cristã, quando disse que as cruzadas irão acabar.

Deu um silêncio. Elisa estava muito nervosa para tentar fazer palavras saírem de sua boca, mas Altair torceu um pouco seu braço como incentivo. 

- Em... – sua voz vacilou, a fazendo ter que respirar mais rápido para recuperar o fôlego que não sabia tinha perdido para o medo - ... em 1270, aconteceu a última cruzada.

- Aconteceu? – perguntou o velho – Como sabe disso, criança? – Elisa se sentiu incomodada em ser chamada de criança, afinal tinha feito 19 anos. Entretanto imaginou que ganhou esse apelido porque parecia uma frente a idade avançada do homem.

- Bem... – como explicaria isso? Não achou que algo que pudesse dizer estaria a seu favor, então se calou.

- Está tudo bem – disse o velho, para sua surpresa – seu conhecimento deve ser amplo, criança. Tenho certeza de que a fonte de tudo isso é magnífica. Enfim, tem algo que gostaria de nos contar?

Elisa ficou imóvel, imaginando o que deveria dizer numa hora como esta. Altair apertou seu braço, tentando a fazer falar.

- Pare, Altair – repreendeu o velho – assim não é jeito tratar uma convidada. Por sinal, pode a soltar. Quer uma água, criança? Ou talvez um pão?

Assassins parte 1 - O ImperiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora