Capítulo 4 Casamento e parceria

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- Tem certeza? – era a milésima vez que Altair perguntava.

- Você perguntou se eu queria ir esperando que eu recusasse? – Elisa indagou. Não sabia prender nada no cavalo, mas tentava.

- Não, entretanto, não sabia que você iria concordar tão rápido – Altair me ajudou a prender as fivelas que precisava, isso foi bom. O ruim é que seus braços fazia a volta na minha cabeça, demonstrando o quanto ele era grande e forte – Sabe, são mais ou menos uns dois dias de viagem até chegarmos no Acre.

- Eu não quero passar mais um mês com a Soraia no meu pé – sussurrou esperando que ninguém escutasse. Não enxergava o que estava ao nosso redor, visto que os braços grossos tapavam sua visão – E além disso, se vamos fingir estar noivos, temos que agir como um casal.

- Agir como um casal? – ele riu – Se fosse isso, eu voltaria das viagens e minha amadíssima esposa me receberia com abraços e boa comida. O que não parece que você não quer fazer.

- Aí, casamento é sobre parceria, cara – refutei – não vou ficar em casa cantando músicas de saudade e mexendo os quadris. E por que não me contou que a comida estava ruim?

- Porque eu estava cansado – ele falou. Era mais alto que Elisa, e seus olhos negros eram, na verdade, mais castanhos do que tinha imaginado. – E só te convidei porque achei que se divertiria em uma cidade dominada por cristãos.

- Obrigada por me convidar – apenas disse. Não tinha nada a mais que pudesse falar. Reclamar agora seria um desperdício. Ainda teriam uma longa viagem pela frente e tempo de sobra para brigar.

- Não esquece isso – Altair enrolou um pedaço de pano na minha cabeça – É melhor não atrair atenção enquanto estivermos do lado de fora da cidade.

Ele não estava brincando sobre ser dois dias de viagem. E Elisa estava errada sobre a imagem desértica que tinha de paisagem. Sim, ela imaginou dunas de areias infinitas. Na realidade, tinha muita grama, alguns riachos e o clima não era tão quente. Estavam na Síria, no norte do Oriente Médio, e não no Saara. Sentiu-se boba por ter se enganado tanto.

Entretanto, não aproveitou muito da vista, porque tinha escorado a cabeça nas costas de Altair e dormido por grande parte do caminho.

- Vamos combinar uma coisa – Altair disse enquanto prendia o cavalo em uma árvore – Se você vai dormir, prefiro que sente na minha frente. Quase caiu duas vezes.

- Não foi de propósito – Elisa estava ajeitando os tecidos para poderem dormir, seria mais fácil com sacos de dormir infláveis, no entanto, ainda não tinham sido criados – e não é perigoso dormir no meio do nada?

- É – ele admitiu – possuem vários ladrões nas estradas que saqueiam viajantes adormecidos.

- Então como iremos dormir?

- Você vai... e o cavalo também – ele disse – eu ficarei de guarda.

- Por que você não dorme e eu fico de guarda? – Elisa perguntou – Sabe, dormi a viagem inteira, seria justo que você pudesse descansar agora.

- Sabe se defender, "querida"?

- Bem, se aparecer alguém, te acordo.

Ele simplesmente deu de ombros e sentou-se na cama improvisada que Elisa fizera.

- Já foi ao Acre alguma vez? – ela perguntou.

- Já. Mas não foi recente a minha última visita – ele começou – não voltei lá desde que os cristãos tomaram a cidade.

- Odeia tanto assim os cristãos?

- Não – balançou a cabeça – apenas não havia nenhum trabalho para mim após a batalha travada no Acre. Sabe, foi um sangrento cerco que durou quase dois anos. Mas eu estava durante o conflito.

Assassins parte 1 - O ImperiosoOnde histórias criam vida. Descubra agora