cαρiтυlσ 14

186 16 15
                                    

DESCULPEM A DEMORA!!! Início de aula é meio difícil, rs

.

Nagi caminhou até Reo, com a cabeça baixa e segurou dois dos dedos de uma de suas mãos. Ainda com o olhar o chão, puxou o mesmo para se sentar no chão junto a ele. Se sentaram lado a lado e Reo o olhou, curioso, esperando o grisalho terminar o que tinha começado a falar. Os olhos negros de Nagi brilhavam, não por esperança, mas sim por medo. Exalavam a tristeza que ele tinha passado anos antes. 

Não eram brilho. 

Eram lágrimas guardadas.

— Reo... — O chamou, finalmente começando a levantar sua cabeça para olha-lo. — Kira é meu irmão. Ou melhor, era. — Mordeu seu lábio. Percebendo a dificuldade dele em falar, Reo se sentou em seu colo, lhe dando um abraço. 

— Não precisa forçar, Nagi.. — Sussurrou, levando seus dedos até os fios esbranquiçados do mais alto. Ele sentiu quando Mikage começou a acariciar seu cabelo. — Eu não quero que force a falar disso enquanto não queira, sim?

— M-Mas eu quero falar... — Começou a falar outra vez. — Quero contar pra você. A pessoa que mais é importante para mim atualmente. — Percebeu que as mãos de Reo pararem de se mover. Estava em choque novamente, com as bochechas avermelhadas e o coração palpitando. Queria poder controla-lo para não surtar, pelo menos não naquele momento.

— Pode falar, Shiro. — Lhe deu um sorriso acolhedor.

— Shiro? — Corou com apelido novo de seu amigo. — Bom.. Anos atrás eu e Kira vivíamos com nossa mãe. Ela era uma ótima mãe no início, mas começou a desandar depois do divórcio com o nosso pai. Ele não abandonou a gente, ele apenas decidiu que a vida de casado não era mais pra ele. 

— Ou seja, ele abandonou vocês. — Revirou os olhos, pensando na negligência que ambos sofreram.

— Pode se dizer que sim, mas eu não acho que seja totalmente isso. — Argumentou. — Ela era péssima como esposa. — Reo assentiu, entendendo o lado do mais alto. — Enfim, depois do divórcio, a mamãe caiu de cabeça no trabalho dela e me deixava sozinha cuidando do Kira, que era só uma criança.

Ao ouvir aquilo, o coração de Reo se aqueceu de certa forma: Saber que ele, tão novo, já cuidava de seu irmão apenas por gostar dele, lógico que sua situação o proibia de ter outra escolha, mas mesmo assim, ele não desistiu de viver daquele jeito. Reo sentia orgulho de seu menino de 1,90.

— E então, depois de anos vivendo daquele jeito, Kira me disse um dia que teria uma partida de vôlei em sua escola e que nossa mãe disse que iria assisti-lo, o que era raro. No dia, porém, ele acabou perdendo e nossa mãe gritou tanto com ele. Eu ouvia o modo na qual ela dizia que nunca sentiria orgulho dele e que nunca se arrependeu tanto de ir naquele dia.

— Isso tudo porque ele perdeu a partida? — Perguntou Reo, indignado. — Sua mãe tem demência?

— Possivelmente, bebê. — Soltou uma risaba baixa. — Bom, a gente voltou pra casa e depois disso eu só lembro de acordar ouvindo o barulho da polícia. Ele tinha se jogado do quinto andar naquele mesmo dia. E eu nunca perdoaria minha mãe por isso. Ela é a culpada.

Nagi fechou seus olhos com força sentindo a raiva que antes exalava. A culpa, o medo e ansiedade fizeram companhia ao primeiro mal sentimento. No entando, seu medo de esvaiu quando sentiu um toque em sua mão. Uma mão de Reo segurava a sua, enquanto a outra mão alisava a parte de trás da mesma, tentando o acalmar.

— Eu sei como é perder alguém. — Encostou sua testa na dele, colocando uma mão em sua bochecha. — Mas se culpar por isso, não é justo. O que acha que o Kira pensaria se soubesse que você, o irmão mais velho querido dele, está chorando, hm? — Perguntou, diminuindo seu tom de voz. — Ele ficaria mal, você não acha?

— Acho que sim.. — Assentiu o mais novo. — Mas eu não quero esquecer ele...

— Não é esquecer e nem superar ele, Shiro. — Acariciou sua bochecha levemente, bando um beijo ali e continuando a falar. — É aprender a lidar com a perda de modo saudável. 

Nagi ficou sem reação. Reo realmente era tudo aquilo que ele pensava e que era. E mais. Muito mais. Ele era divertido, bonito, inteligente e confiante de si, por mais que não parecesse. Tudo aquilo que ele carregava em si, toda aquela dor, ele estava esvaindo aquilo, falando o que ele desejava falar para seu companheiro de madrugadas. 

Um desabafo duplo, talvez?

— Obrigada, Reo. — O Mikage olhou para frente, vendo seu grisalho começar a chorar novamente. Nagi levou suas mãos até as bochechas de Reo e, passando o polegar em seus lábios, ele se aproximou e depositou um beijo lento neles. Sem maldade. Apenas agradecimento.

Não foi um beijo, apenas um selinho. Quando se separaram, Nagi pode notar o rosto corado de Reo e se sentiu bem ao saber que não lhe fez mal ou estragou o momento de ambos. Reo suspirou algumas vezes antes de pedir outro beijo ao mais alto, que não demorou para inicia-lo com levesa e, dessa vez, um beijo de verdade. Um beijo lento, amoroso e leal um ao outro. 

No entanto, o beijo foi rápido novamente.

— Desculpe.. — Nagi falou, vendo Reo negar.

— Foi eu que pedi o beijo, Seishi, porque está pedindo desculpas? 

— Nos conhecemos a três dias.. — Justificou. — Tem certeza que você quer isso? Não quer voltar atrás?

Reo não pensou duas vezes e roubou outro selinho do mais alto, deixando o mesmo um tanto quanto surpreso com sua ação. O menino-violeta distribuiu selares rápidos e carinhosos por todo seu rosto antes de parar e o olhar, assentindo e a sua pergunta.

— Eu nunca voltaria atrás. 

E iniciaram outro beijo.

𝐌𝐄𝐔𝐒 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐄𝐋𝐎𝐒  , reonagi [cancelada]Onde histórias criam vida. Descubra agora