cαρiтυlσ 12

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Quando Reo saiu do banheiro, notou que Nagi havia arrumado sua cama e estava jogando um game aleatório em seu celular, precionando a tela diversas vezes no processo. Reo se sentou ao seu lado, fazendo um cafuné lento em seus fios acinzentados. Quando o mesmo morreu em seu jogo, desligou seu celular e se sentou.

— O que quer fazer agora? — Reo o perguntou, enrolando seus polegares um no outro enquanto notava que Nagi se levantou. — Nagi?

— Eu fiz miojo pra gente. — Se sentou ao seu lado, lhe entregando um pote. — A água não deve estar tão quente, desculpe. 

— Não tem problema. — Abriu seu hashi. — É bom saber que nada está perfeito, as vezes. — Colocou o hashi no pote e sugou um pouco do líquido antes de usar os palitos para comer um pouco do macarrão. — Mas isso aqui ta maravilhoso! Você leva jeito.

— Cara, é miojo. Qualquer um sabe fazer. — Deu de ombros. — É o mínimo que se tem que saber antes de morar sozinho. — O olhou vendo o mesmo abaixar a cabeça, um tanto quanto envergonhado. — Vai me dizer que você não sabe fazer.

Reo negou com a cabeça.

— Eu não sei cozinhar.. — Comeu um pouco mais de seu miojo antes de continuar a falar. — Na realidade, eu não sei fazer muita coisa. O que eu sei fazer que é realmente útil, são as coisas que eu via o Zantetsu fazendo, como limpar, guardar, arrumar e algumas coisas assim.

— Eu posso ensinar você qualquer dia desse. — Deu de ombros. — É tão simples, tão... comum. — A conversa se encerrou depois da fala de Nagi. O assunto só voltou depois de ambos terem terminado de comer. — Ah, eu te apresentei o Choki? 

— Choki? — O olhou, desentendido. — Achei que você morasse sozinho. — Nagi se levantou, negando com a cabeça e foi até a janela, pegando um pote ali, mostrando para Reo. — Ah.. Um cacto? — Sua face ficou tediosa.

— Claro, ué. — Deu de ombros. — Eu tenho ele a muito tempo. Foi o Kira que me deu ele.

— Kira? — Nagi travou. — Nagi, quem é esse Kira? — Perguntou, mantendo a seriedade. — É  a terceira vez que eu vejo você citando ele. Quem é ele?!

— Não é ninguém. — Se deitou na cama. — Eu vou dormir. Boa noite, Reo.

Reo, sabia que tinha alguém, sabia que era alguém.

Em partes, ele ficava com raiva de Nagi, pois tinha contado seu maior segredo a ele, tinha chorado em seu colo, em seu peito, para o mesmo não ter a confiança de conta-lo quem era esse tal Kira? Isagi sabia, Bachira também deveria saber, porque Reo não poderia? Logo ele? Que, no fundo, sabia que eles dois não seriam só amigos durante muito tempo.

Com aquela vontade de enfrentar Nagi e o colocar contra a parede até ele dizer o que o escondia, Reo apenas suspirou fundo e se levantou, indo até a geladeira e pegando uma garrafinha de água, bebendo ela com o intúito de acabar com a curiosidade. Ele gostava muito de Nagi e depois de raciocinar, se sentiu mal. Tanto em saber que ele não confiava em si para lhe contar algo, como em saber que gostaria de força-lo a contar. 

Suspirou fundo e voltou a cama, vendo o mesmo deitado de lado, jogando seu joguinho.

— Achei que fosse dormir. — Comentou, deitando ao seu lado e pegando seu celular, que agora tinha mais de treze chamadas de Zantetsu. Fudeu, ele pensou. Olhou sua caixa de mensagens e mandou uma mensagem para ele, dizendo estar bem e o avisando de que dormiria na casa de Nagi e explicaria tudo para ele no dia seguinte. O mesmo lhe respondeu pedindo para ter cuidado.

— Não consigo. — Nagi comentou, engolindo a bolha de saliva que estava em sua garganta. Esta, que se saísse faria o mesmo sentir aquele remorso novamente. — Desculpe, Reo.

— Que? 

— Desculpe. — Repetiu. — Sei que você quer saber sobre o Kira, mas... — Deu uma pausa, se sentando na cama e desligando seu celular, tentanto não olhar para o resto de Reo. — É um assunto muito pesado pra mim, ainda. — O olhou, com aqueles olhos acinzentados e cheios de olheiras. Com aquela face cansada e aquele aperto no coração que vinha toda vez que citava seu irmão. — Eu não consigo lhe contar ainda e... — Sua boca começou a tremer. Ele ia chorar. 

— Está tudo bem, Seishiro. — Se aproximou do mais alto, puxando a cabeça do mesmo para se deitar em seu peito, iniciando um cafuné nos fios esbranquiçados dele. — Eu vou admitir que quero saber sim, mas não vou lhe forçar e muito menos ficar perguntando o tempo todo. Conte quando se sentir afim, está bem? — Ele assentiu. — Bom..

Com sua outra mão, Reo abraçou Nagi, alisando suas costas enquanto sentia a respiração do mais alto bater conta seu próprio moletom branco, cujo Reo utilizara. Ele não aguentava mais segurar suas lágrimas. Se lembrar de sua mãe, de seu pai, de Kira, de Isagi, Bachira e até mesmo de Choki começou a ser um enorme gatilho para ele. Ele não aguenta mais. Não mais.

— Eu.. Quero chorar... — Comentou, apertando Reo contra si, fazendo o mesmo parar o cafuné e focar apenas em o abraçar. 

— Pode chorar. — O permitiu, sentindo Nagi o apertar um pouco mais. — Não vou contar a ninguém. — Aquele foi a gota d'água definitiva. Seu moletom começou a molhar e o aperto que Reo sentia se intesificou de uma forma grande.

Reo não sabia a quanto tempo o mais alto guardava aquela sensação, mas sabia que tinha sido a muito tempo e que, pelo que parecia, ele confiava sim em Reo, a ponto de chorar para si, mesmo sem se sentir bem para contar o motivo. Algumas vezes, apenas chorar já ajuda a pessoa a se sentir bem. Pelo menos, com Nagi foi assim.

— Shh.. Eu tô aqui.

𝐌𝐄𝐔𝐒 𝐏𝐄𝐒𝐀𝐃𝐄𝐋𝐎𝐒  , reonagi [cancelada]Onde histórias criam vida. Descubra agora