Venda nos Olhos

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A lua opaca e pálida se destaca no céu escuro e vazio, e em terra, rastejando pelas sombras e se escondendo nela está Noro.

Observando um acampamento, tem pessoas nele, em torno de 12 pelo que ele pode contar.

'Um ninho de vermes'

Noro pensa enquanto observa sentado de cima de uma árvore.

Quanto mais ao norte, mais pessoas ele encontra, o que significa que ele deve estar próximo da base principal deles.

Noro não matou ninguém, apenas observou e se escondeu pelas sombras, sua rosa negra está em sua mão enquanto ele segura ela entre os dedos.

'Eu não preciso me envolver com eles... no final das contas eu só tenho que descobrir o que me chamou para cá... se é que alguém mesmo'

As pessoas estão em volta de uma fogueira no acampamento comendo carne de uma criatura.

A barriga de Noro ronca um pouco.

'Vamos lá'

Noro pula da árvore rastejando furtivamente, ele chega atrás da barraca e próximo a um pedaço de carne atrás do grupo.

Ele arremessa sua corrente com a adaga ligada a ponta.

'Na mosca!'

A adaga encrava na carne e Noro a puxa com a corrente, ele pega a carne e some na escuridão.

Lá está ele sentado na árvore comendo enquanto observa.

'Isso está divino'

Ele se delicia com o sabor da carne se perdendo em seus pensamentos.

No final das contas, Noro nunca viveu melhor, por incrível que pareça, ele nunca está melhor, e às vezes ele até questiona se deveria voltar mesmo para o mundo real.

'Aqui não tinha ninguém para encher meu saco... até esses caras chegarem'

Noro pensa um pouco irritado.

'Eu queria que eles sumissem'

Noro sorri de canto de boca enquanto acaba de comer a suculenta carne e lamber seus dedos para aproveitar o restante do sabor.

Noro invoca a flauta de madeira e a coloca nos lábios.

Um som, da flauta desajeitada e ruim, até por que ele não sabe tocar, começa a ecoar por toda a floresta morta. O som não é nada harmônico e nada afinado, o grupo no acampamento começa a levantar em choque.

Mas... não são só eles que escutam o som.

Grunhidos e barulhos de rugidos ecoam pela floresta, barulhos de árvores balançando e o chão tremendo, diversas criaturas começam a se aproximar do local.

'Que pena, parece que um acidente vai acontecer aqui'

Noro sorri para o grupo de longe.

'Boa sorte seus fudidos'

Ele some nas sombras enquanto o massacre e o banho de sangue se inicia.

Noro se move para o oeste com velocidade.

Mas ele escuta algo diferente, um grito humano, ele para e a curiosidade fala mais alto, ele se move pelas árvores e chega até o local onde ouviu.

Uma criatura alta e esguia, com tentáculos pelo seu corpo, ela é completamente escura e nem mesmo seria possível ver ela na noite se não fosse pelo olho de Noro.

Ela é humanoide, tem pernas longas e finas além de que no lugar dos braços ela tem 3 tentáculos.

Em posição fetal, Noro vê um garoto, ele tem cabelos castanhos bagunçados e sujos, ele tem uma camisa marrom rasgada e imunda, tem vários machucados pelo corpo além de uma venda negra tampando seus olhos.

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