Especial

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Não comemoramos o Natal.

Minha mãe sempre me dizia isso, o evento do natal era apenas uma visita a um orfanato, entregas de presente e voltar para o castelo. Algo social, somente para não levantar fofocas. O rei, em vez de comemorar o Natal, se enfiava em um luto profundo por sua falecida esposa.

Ano novo e o Natal eram comemorações tristes, eu não ganhava presentes, não observava os fogos e apenas ia para cama mais cedo como um dia qualquer em um ano qualquer. Sozinha.

Esse Natal não era diferente. Eu tinha 15 anos, estava na varanda do quarto sentada enquanto lia um livro. De longe, era possível ver as luzes brilhantes de Natal, risadas e pessoas correndo com neve na mão. Nunca pensei em ser merecedora daquilo, mas como seria viver isso em família?

Um suspiro escapou dos meus lábios com a fumaça surgindo devido ao frio, eu sentia frio, mas com aquela coberta poderia fingir que era um abraço.

- Soul?

A voz familiar soa da porta, me viro em direção à voz e a pouca iluminação me deixa ver joohyun com uma bandeja em mãos, com uma coberta parecida com a minha em seus ombros.

- O que você tá fazendo?

- É uma noite fria, não é?

- Final de ano sempre acaba sendo frio demais. - respondo, dando as costas para ela.

- É por isso que existe o Natal, para as famílias se esquentarem em um jantar em uma noite fria.

- Tenho certeza que o Natal não é isso.

- De qualquer forma - Joohyun possuía 13 anos na época, ainda acreditava em bobagens que seus colegas de escola diziam -, trouxe chocolate quente para comemorarmos o nosso Natal.

Olho para ela sem expressão alguma, não éramos tão próximas como antes, mas aquilo seria o máximo de contato que chegaríamos. A melancólia talvez tenha me feito aceitar a situação de bom grado, bebendo o chocolate quente enquanto ríamos sobre alguns livros de contos de fadas que compartilhávamos.

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E

ssa era uma das poucas lembranças que eu compartilhava com Joohyun, as risadas genuínas, enquanto sozinhas, dividimos um momento que deveria ser passado com o calor da família.

Suas mãos estavam geladas nas minhas, sua respiração era lenta, aos poucos ia parando. Não havia mais lágrimas que eu pudesse chorar enquanto ela estava naquele sofá, inerte, vulnerável e eu imponente.

- Me desculpe... - sussurro baixinho, com suas mãos tocando em meus lábios - se eu fosse um pouco menos covarde, talvez nada disso tivesse acontecido.

Esperei que ela levantasse e concordasse comigo, gritasse comigo, me prendesse em um calabouço escuro e declarasse publicamente meus crimes. Mas a única coisa que escuto é sua respiração lenta e seu corpo perdendo a cor aos poucos.

- Você por anos fez parte dos meus pensamentos mais hostis. Não queria olhar para você e pensar que isso mudou, mas mudou. Na verdade, penso que... Talvez, esses sentimentos sempre estiveram aqui, aquele sentimento de amor, mascarado pela hostilidade que fui forçada a sentir.

Me levanto, ficando de joelhos ao seu lado. As mãos, delineando seu rosto até que meus lábios tocam sua testa.

- Com toda minha alma, meu corpo e essa coisa nojenta que chamo de coração. Eu sinto muito, Joohyun. Você sempre foi a pessoa mais especial para mim.

Mesmo que as lágrimas me impedissem de enxergar com clareza seu rosto, arrumo seu cabelo para que não ficasse bagunçado, tirando um pente ainda preso atrás de sua cabeça. Não existia esperanças, somente esperar para que o pior aconteça.

Caminho até a varanda onde os outros estavam, mesmo com meu surto, continuavam ali. Estavam ali por Joohyun. Quando abro a porta, sou acolhida por um abraço apertado de Christian, ele não fala nada, apenas deixa que eu chore e sinta todas as dores da culpa, do arrependimento, da dor, do amor...

- Soul?

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