Primeira morte

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Acordar com o peso de uma perna no seu quadril e cabelos preso na sua boca, não seria o tipo de coisa que eu idealizaram em uma manhã, quer dizer, isso alguns meses atrás, isso bem antes de eu descobrir que o cheiro de Joohyun se qualificaria como minha coisa predileta.

Infelizmente, meus sonhos não poderiam durar menos. Após uma longa conversa com Joohyun sobre fugir e no meio da noite eu comunicar essa decisão para Christian, eu precisava encontrar-me com minha mãe. Não era uma tarefa fácil e tampouco queria cumpri-la.

Deixei um beijo na testa de Joohyun antes de sair e ameacei firmemente Christian sobre o que Joohyun poderia ou não fazer, não poderia arriscar que ela encontrasse um brinquedo novo de mamãe e correr riscos de vida.

Ao chegar nos portões do castelo, logo fui recebida pelo guarda pessoal da minha mãe, que me levou diretamente em seu encontro. Devo admitir que às vezes não queria ser eu, me idealizar sendo outra pessoa me parecia ser melhor do que lidar com o fardo de ser eu. É melancólico? Muito provável, mas quando penso em outros vivendo, para eles parece tão simples e fácil, é claro, todos possuem suas batalhas, mas porque só eu me sinto como uma perdedora?

Gostaria de conseguir uma persona para torná-la minha, como uma roupa que vestimos e definimos nosso estilo, assim, eu poderia ser corajosa, mas neste momento, eu só queria enfiar minha cabeça em um viaduto em movimento.

— Onde estava?

Minha mãe era direta, sempre foi. Com ela, não existia devaneios, constrangimento — me refiro aos piores assuntos que uma mãe poderia perguntar para uma filha — ou qualquer filtro para falar.

— Eu perdi a hora e...

— Eu perguntei onde estava.

— Na casa do Christian.

Ela me olha por um momento, então, silenciosamente e com uma graciosidade mórbida, vem até mim e levanta meu queixo com a ponta dos dedos.

— Desde quando você se tornou uma ótima mentirosa?

— Eu não estou mentindo.

— Mentirosa. Mandei alguns guardas na casa dele e nenhum dos dois estavam, para onde foi, Kang Seulgi?

— Isso realmente importa agora? eu estava com ele de qualquer forma. Não estou mentindo.

Ela esfrega as mãos na testa, mas não insiste no assunto. Ela vai até o armário tirando vários papéis de uma gaveta e me entrega.

— Não, não importa. Marcamos a data do casamento e será hoje a noite. — ela suspirou, voltando-se para seu espelho e eu olho aquele papel em minhas mãos com nojo — discrição somente para registrar e logo faremos uma cerimônia... Terei que deixar o rei vivo por um tempo...

— Eu não vou casar com ele — eu a interrompo.

— O que disse?

— Eu não quero casar com o rei, mãe. E eu não vou me casar com ele.

Ela me olha sem expressão alguma, os lábios cerrados, mãos paradas diante de sua cadeira do seu espelho enfeitiçado. Mas aquele brilho no olhar, eu sabia, eu sabia que era de cólera por minhas palavras e minha impertinência.

— Por qual razão você acha que isso irá acontecer?

Com uma coragem admirável, ou covardia disfarçada, respiro fundo para buscar forças para continuar com minha decisão e não fracassar diante da minha mãe.

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